Ponte Jornalismo analisa novos dados do governo paulista. Dos 338 mortos, em apenas um ano, 75% são pretos e pardos; 99%, homens; quase todos pereceram nas periferias

Kaique Dalapola, na Ponte – Outras Palavras
Boletins de ocorrências divulgados pelo Portal da Transparência da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo apontam que 73% dos mortos em decorrência de suposta oposição à intervenção policial no município de São Paulo, entre 1º de junho de 2015 e 31 de maio de 2016, são pardos ou pretos. Nos 326 boletins registrados, ainda constam a idade de 247 pessoas mortas. Conforme os BOs, 45% das vítimas na capital paulista têm entre 18 e 24 anos. Dos 338 mortos, 336 eram homens.
Ainda de acordo com os dados, tais ocorrem, em sua imensa maioria, nas periferias da cidade. Os seis bairros que atingiram ou ultrapassaram o número de 10 óbitos do tipo nesse período de um ano são todos periféricos. Itaim Paulista está em primeiro, com 15 mortes; em segundo, Itaquera, com 14; seguido por Cachoeirinha, com 13; e Brasilândia, Jardim Angela e Sapopemba, com 10 mortes em cada bairro.

A alteração dos termos ocorreu por pressão de familiares de vítimas e coletivos de direitos humanos, que denunciavam que estes eram utilizados para ocultar execuções sumárias realizadas por policiais e, consequentemente, impedir sua punição.
Mesmo com a mudança, especialistas e grupos de defesa dos direitos humanos acreditam que não houve alteração na mentalidade do Estado em tratar cidadãos como inimigo, sobretudo quando são negros e de regiões periféricas, mantendo, assim, o acobertamento de práticas de execuções.
O portal da Transparência da SSP foi lançado pelo Governo do Estado de São Paulo em 9 de maio deste ano, com boletins de ocorrências desde janeiro de 2013, atualizado até o mês de maio de 2016.
Nos boletins, são fornecidas informações pessoais dos mortos, além de data e local da ocorrência. No entanto, os históricos dos B.Os devem ser solicitados separadamente, via SIC (Serviço de Informação ao Cidadão).
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