As autoridades alemãs estão a aumentar as suas reservas de Iodo, como medida preventiva, para diminuir o impacto da radiação caso ocorra uma fuga nuclear em alguma das centrais nucleares da sua vizinha Bélgica.
As autoridades de saúde do estado da Renânia-Vestfalia, no oeste da Alemanha, estão preocupadas com a falta de segurança das centrais nucleares belgas, motivo pelo qual terão decidido criar reservas de medicamentos contra os efeitos da radiação nuclear.
Segundo a agência Deutsche Welle, o estado adquiriu para já um primeiro lote de cápsulas de iodo, mas planeia adquirir no outono milhões de unidades adicionais, para garantir a segurança dos cidadãos em caso de acidente nuclear nas proximidades.
As centrais belgas de Tihange 2 e Doel 3 não se encontram muito longe da fronteira com a Alemanha. Tihange 2 está a apenas 60 quilómetros de Aachen, cidade renana com cerca de 240 mil habitantes.
Estas duas centrais deveriam ter encerrado em 2015, mas as autoridades belgas prolongaram o seu período de exploração por mais 10 anos, até 2025, para manter os postos de trabalho – decisão que despertou fortes críticas na Alemanha.
A tensão entre os dois países aumentou após a divulgação de relatórios segundo os quais alguns componentes de ambas as centrais começaram a dar sinais de fadiga dos metais, fenómeno de ruptura progressiva de materiais sujeitos a ciclos repetidos de tensão ou deformação.
Peritos alemães citados pela Deutsche Welle consideram que esta decisão “pode causar um desastre nuclear, motivado pelo desgaste dos materiais e metais usados na construção das duas centrais”.
E um desastre nuclear pode provocar uma fuga radioactiva.
As preocupações alemãs são ainda agravadas pelos recentes atentados terroristas em Bruxelas, havendo receios de que os terroristas possam em qualquer altura desviar as suas atenções para as centrais nucleares belgas.
Mais ainda depois de as autoridades belgas terem considerado, em dezembro de 2014, que a causa da paragem do reactor Doel 4, numa central nuclear no norte do país, e que obrigou ao seu encerramento, foi um acto terrorista de sabotagem.
No mesmo mês, um incêndio obrigou à paragem do reactor da central de Tihange 3, elevando para quatro o número de reactores nucleares então encerrados por motivos de segurança na Bélgica.
Bruxelas rejeita no entanto os argumentos alemães, garantindo que as duas centrais “cumprem os mais estritos requisitos de segurança”.
As garantias belgas parecem não ter convencido as autoridades da vizinha Renânia-Vestfalia, que, demasiado longe do mar, demasiado perto das centrais, decidiram abastecer as suas reservas de iodo.
O uso do iodo – mais concretamente, de iodeto de potássio, KI – contra a radioactividade é umaestratégia utilizada para evitar as lesões causadas pela radiação nuclear.
O iodeto de potássio administrado preventivamente protege a tiróide da forma radioactiva de iodolibertada por acidentes nucleares.
Os lotes de iodo já adquiridos destinam-se a mulheres grávidas ou lactantes, crianças até 14 anos ou adultos maiores de 45 anos que residam na Renânia-Vestfalia.
Estes grupos populacionais deverão tomar o medicamento como medida preventiva, antes de um hipotético acidente nuclear.
Se o impensável acontecer mesmo, o procedimento será estendido a toda a população, em todo o território alemão.
Por cá, neste jardim à beira-mar plantado, resta esperar que as nuvens radioactivas nunca cheguem – e se tal acontecer, que o iodo que absorvemos nas nossas santas praias seja suficiente.
AJB, ZAP
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