A barafunda é enorme relativamente à Caixa Geral de Depósitos e o responsável é o governo PS, leia-se António Costa. Competia-lhe não permitir que metessem os pés pelas mãos e as mãos no traseiro das desculpas de que não tem culpa da barafunda causada. Como alguém disse: “Até parece que estão a fazer de propósito para destruir e privatizar a CGD”. E é verdade. Realmente até parece que sim.
Se Costa assumisse realmente os acordos que fez com os partidos que lhe dão apoio parlamentar à esquerda nunca lhe passaria pela cabeça querer aumentar sobremaneira os gestores que quer lá meter. Muito menos alterar a lei de modo a produzi-la à medida daquilo que teimosamente quer. É evidente que nem Bloco nem PCP se atrevem a apoiar o governo de Costa nas suas pretenções. E disso fizeram declarações que vão nesse sentido. Bloco e PCP estão cansados de engolir elefantes para aguentar o governo PS porque o objetivo é evitar o mal maior: o regresso dos neoliberais-fascistas que por quatro anos miserabilizaram Portugal e os portugueses, vendendo ao desbarato e roubando descaradamente os que trabalham no duro para depois darem de caras com a fome e as carências a todos os níveis, a perda de empregos, a perda de casas, a destruição de famílias inteiras…
Costa teve e tem o apoio parlamentar à esquerda para governar efetivamente à esquerda… e nada de golpadas neoliberais. Compreende-se que tente fazer isso por tal fazer parte do ADN do PS mas os partidos que apoiam parlamentarmente o governo é que não devem consentir isso. Dispensar alguma tolerância está muito bem, apoiar políticas igualmente neoliberais e de vícios à PS é que não pode ser. Então para isso Passos e a sua trupe podem voltar se acaso os portugueses insistirem em ser trouxas e bandos de asnos desprovidos de cérebros.
Já está a ser intolerável que Costa não ponha cobra aos milhões e milhões que certos e incertos gestores recebem anualmente e que em vez disso ainda queira fazer com que recebam mais milhões, enquanto que para a vasta maioria dos portugueses considera que mais 20 ou 30 euros que recebam de aumento por mês é o esforço possível e que mesmo assim já é muito bonzinho… Bonzinho é reduzir o fosso abismal que existe nas desigualdades entre os que comem tudo e não deixam nada para a maioria dos portugueses. Ou melhor, deixam carências, fome, miséria. Essa foi a política de Passos-Portas-Cavaco que urge revertê-la completamente sem sofismas. É que a paciência esgota-se.
António Costa e o seu governo tem pelo menos três soluções à vista: Demite-se e vamos novamente a eleições. Denuncia o acordo com a esquerda parlamentar e abraça o PSD. Ou cumpre os acordos e governa o mais possível e impossível à esquerda.
Os portugueses não querem sustentar mais bandidos, mais corruptos, mais “gulosos”, mais chulos, como tem acontecido durante décadas. Sabendo-se que muitos desses chulos, a maior parte desse bando de malfeitores, fazem parte das famílias dos partidos do célebre e nefasto Arco da (des)Governação. Nem Bloco nem PCP devem temer exigir ao governo de Costa que se contenha na deriva neoliberal-fascista que a UE quer impor. É que se o fizer será indiferente governar Costa ou Passos. Só não será indiferente aos portugueses porque esses estão a ver que o governo de Costa não ata nem desata a descolar das políticas neoliberais-fascistas. A UE não serve mais de desculpa.
PCP e Bloco têm o dever (para com os seus militantes e seus eleitores) de confrontarem o governo quando se verifica que as políticas de Costa estão a ser semelhantes às de Passos e seus mafiosos nas ilhargas.
Basta de engolir elefantes. Basta de ilusionismos. Ou sim, ou sopas!
Por isso mesmo, como diz a notícia de ontem, é público que Bloco e PCP dizem não às barafundas da Caixa Geral de Depósitos. Um não àquela “coisa” da caixa que não deve constituir surpresa para o PS. Basta de governações à direita e a desbravar caminhos para que os gestores salafrários acumulem cargos e vencimentos dourados enquanto a maioria dos portugueses continua a ver cavarem o fosso enorme das desigualdades. Basta.
Já agora, para terminar e passarem à notícia que se segue, quando é que se começa e equacionar e debater a saída de Portugal do Euro?
Mário Motta / PG
Bloco e PCP não aceitam mudança na lei por causa da CGD
Catarina Martins está contra qualquer alteração que beneficie determinadas pessoas. Jerónimo de Sousa diz que "não resulta" fazer um "remendo" legislativo.
Em declarações aos jornalistas à margem da Feira de Artesanato, Turismo, Agricultura, Comércio e Indústria de Lagoa (FATACIL), que decorre no Algarve, a coordenadora do Bloco de Esquerda (BE) criticou as alterações legislativas feitas à medida e considerou que não correspondem às exigências do atual quadro político.
"Mudar de lei para servir alguns nomes em cima da hora não é algo que se deve fazer", destacou Catarina Martins, acrescentando que tais alterações "não correspondem às atuais exigências políticas".
A líder do BE considerou ainda que a CGD "não deve ser notícia" por causa do seu conselho de administração e afirmou que o Governo e o Banco Central Europeia têm "culpas repartidas" na gestão deste processo.
Em causa estão os planos do Governo para alterar o Regime Geral das Instituições de Crédito e Sociedades Financeiras (RGICSF) e conseguir recuperar alguns dos nomes que ficaram de fora da administração da Caixa Geral de Depósitos (CGD), depois de o Banco Central Europeu (BCE) ter aprovado 11 nomes propostos pelo Governo, mas rejeitado outros oito por excederem o limite de cargos em órgãos sociais de outras sociedades, confirmou na quarta-feira o Ministério das Finanças.
Também este sábado, o secretário-geral do PCP disse que "não resulta" fazer um "remendo" legislativo para contornar a recusa dos administradores não executivos da Caixa Geral de Depósitos pelo BCE, apontando que os comunistas não vão apoiar o PS nessa medida.
"Consideramos que qualquer remendo em relação à adaptação das regras e normas não resulta. O problema de fundo é outro. Nós queremos readquirir a nossa soberania para poder determinar o futuro desta instituição bancária pública", referiu Jerónimo de Sousa, que falava aos jornalistas em Gondomar, distrito do Porto.
"O problema não está nos conteúdos e nas propostas do BCE. O problema está no mandonismo, a imposição, é ser o BCE a determinar o que nós temos de fazer. Isto demonstra que a nossa soberania está a ser alienada. Devia ser o Governo, as instituições nacionais a determinar o futuro da administração da CGD", acrescentou.
O líder dos comunistas confirmou que o PCP não vai acompanhar o PS numa eventual alteração à lei, porque, vincou, "isso não resolve".
Do seu ponto de vista, "o problema está na união bancária" e "quem votou a favor, designadamente PS, PSD e CDS, tem de responder como foi possível aderir a um processo que levou a esta alienação".
"Agora não se queixem. Não se teve em conta a importância que é para o país podermos ter decisões soberanas na área financeira", disse, sublinhando que "o PCP foi o único partido, quando foi decidida a união bancária, que alertou para o perigo real de perda de soberania".
"Inevitavelmente o Banco de Portugal acabaria por ser uma espécie de filial do BCE", lamentou.
Questionado sobre se não teme que este tema enfraqueça a relação entre os partidos de esquerda, Jerónimo de Sousa rejeitou e referiu que o PCP tem sobre a matéria uma posição "autónoma" e "manterá a palavra dada" em relação às matérias nas quais "convergiu".
TSF com Lusa
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