Expresso Curto servido por Henrique Monteiro. Vindo de umas boas semanas de férias regressou com a pica quase toda. Que bom. Claro que abre com os Jogos Olímpicos, essa distração, alienação, competição, que envolve in loco uns largos milhares a assistirem mas fora dos estádios e demais palcos olímpicos mantém mais de duas centenas de milhões de brasileiros reféns dos golpistas que tomaram os poderes político-judiciais, entre outros. António Mourão cantava nos tempos salazaristas-fascistas em Portugal “Oh Tempo Volta P’ra Trás” (correspondente no Brasil ignoramos) mas sem a saberem cantar Temer e capangas é isso mesmo que estão fazendo. A ditadura pseudo-branda está em marcha. Tudo cozinhado e alinhado pelos sábios ciosos dos EUA que estão a fomentar na América Latina o golpismo e retomar com a força de antes os privilégios no seu quintal das traseiras, assassinando, reprimindo e explorando os latino-americanos. As Pátrias dos heróis resistentes estão a ser ocupadas por regimes que servem os EUA e o tal neoliberalismo-fascista a que agora chamam democracia. Claro que no Curto Henrique Monteiro não escreve com esta clareza e objetividade. Nem pode, apesar de não ser novidade. O tio Balsemão e o Tio Sam são unha com carne. O Bilderberg é mais que o sabugo entre as ditas unhas e a carne. Fazem tudo e todos parte da mesma “geringonça criminosa” que trama os povos pelo mundo inteiro, ou quase todos.
Empresários salafrários
Completo no Jornal de Notícias está o título “Patrões obrigam estagiários a devolver salários”. Completo só poderá ler se pagar, comprando o JN impresso. Podemos adiantar que estes patrões estão a tramar estagiários formados em direito ou que para lá caminham, e nas mesmas condições estagiários de psicologia, de arquitetura, pequeno comércio e… por aí a fora. A sacanagem patronal de colarinho branco é impune. Estamos a pagar para aqueles javardos explorarem quem está a começar as suas profissões. Os futuros “doutores” ou não estão a comer o pão que o diabo amassa servindo salafrários da profissão que escolheram e que não param de roubar pelo simples motivo de beneficiarem de impunidade sistemática. Porque ainda não lemos tudo de fio a pavio não nos queremos espalhar e escrever o que não corresponde ao golpe dos porcos de colarinho branco, dos tais “doutores”. Mas lá iremos e faremos as devidas referências apuradas aqui no PG. Ressaltemos que o IEFP não sabe de nada, a CGTP alertou o governo mas nada aconteceu, a suposta Autoridade para as Condições de Trabalho... nada fez, nem faz. Nenhum dos jovens estagiários apresentou queixa… quem sabe é o Conselho da Juventude. A vigarice é enorme. Querem uma aposta que os sacanórios daqueles empresários “doutores” ou não vão ficar impunes? Ah pois é! E a seguir lá partem para outra golpada, os salafrários. São olímpicos e descarados golpistas.
Inicio de semana. Desfrute o melhor possível das poucas coisas agradáveis que se lhe depararem. Aproveite para pensar na trampa de sociedade em que andamos a chafurdar. Bom banho de lama… e caca - que é o que mais contém esta fossa em que tanto lutamos para sobreviver. A exploração é inaudita. Basta!
Bom dia, se mesmo assim conseguir. Acompanhe a prosa de Henrique Monteiro, fresco das férias.
Mário Motta / PG
Bom dia, este é o seu Expresso Curto
Henrique Monteiro – Expresso
Foi bonita a festa, pá… voltemos à dura realidade
Estes Jogos Olímpicos, que foram uma vitória para o Brasil pelo modo pacífico e bastante organizado como decorreram, deixam dois nomes inesquecíveis. O primeiro é Usain Bolt (completou 30 anos ontem) nos 100 e 200 metros no Atletismo (também na estafeta 4x100 com a Jamaica) que em três Olimpíadas conseguiu nove medalhas de ouro na velocidade, ou seja todas as que podia ganhar, além de ser detentor dos respetivos recordes mundiais. O segundo é Michael Phelps, norte-americano conhecido como torpedo de Baltimore, na Natação, que tem 23 medalhas de ouro ao longo de quatro Olimpíadas e todos os recordes que um atleta pode conseguir. Só em Pequim 2008 conseguiu oito medalhas de ouro, batendo uma antiga marca de Mike Spitz, também ele dos EUA e nadador, que durava desde 1972. Este ano, no Rio, além de ser o nadador mais velho (31 anos e 40 dias) a ganhar uma medalha de ouro, conseguiu mais quatro medalhas de primeiro lugar e uma de prata. Ambos se retiram, sem um sucessor à altura. Embora, para o futuro fique uma menina de 19 anos, Simone Biles, também norte-americana, que deslumbrou o mundo na Ginástica com quatro medalhas de ouro e uma de bronze.
De resto, 19 dias de competição, 10 500 atletas e 28 modalidades depois, os EUA, como tem sido habitual, foram o país que mais medalhas arrecadaram (121, das quais 46 de ouro), seguidos de uma surpreendente Grã Bretanha (67 medalhas, 27 de ouro) e só depois a China (70 medalhas, mas apenas 26 de ouro). A Rússia ficou-se pelo quarto lugar e a Alemanha pelo quinto (ver aqui a tabela).
Portugal, na sua modestíssima 78º posição, como se pode ver nesta infografia do ‘Público’, teve das piores participações de sempre e a pior desde 1992, em Barcelona, ficando apenas com uma medalha de bronze conquistada por Telma Monteiro. No entanto, a participação global foi bastante melhor do que o medalheiro dá a entender (o chefe da delegação, José Garcia, diz mesmo que foi a melhor se contarmos as vezes que ficámos nos seis primeiros lugares). De facto, não se pode esquecer a boa prestação dos ciclistas, do nosso representante no Triatlo, ou das provas de ténis de mesa, de canoagem e de saltos em hipismo. Para não falar em Nelson Évorae Patrícia Mamona que deram o seu melhor. Ainda assim, o 'Correio da Manhã' de hoje titula garrafalmente que "Portugal pagou 17 milhões pela medalha de bronze"
Depois da festa de encerramento, que tal como a de abertura foi sentida e desta vez um pouco mais carnavalesca (teve Pixinguinha, Noel Rosa, Braguinha, tudo interpretado por Martinho da Vila), embora não tão sincronizada como em Pequim 2008 ou tão tecnológica como em Londres 2012, o Brasil voltará à dura realidade. Os escândalos que ficaram um pouco esquecidos, o 'impeachment' da presidente Dilma cujo processo vai continuar... Numa palavra, o interregno de paz (e assim era na antiguidade) acaba. E, por cá, o mesmo. Passado o efeito do Europeu de Futebol e passadas as esperanças olímpicas as atenções viram-se para o fraquíssimo desempenho da Economia, para as pequenas guerras dentro da geringonça e no seio da caranguejola. Tudo como dantes... Quartel-General em Abrantes! Como dizia um velho provérbio.
OUTRAS NOTÍCIAS
Os líderes europeus da Alemanha, França e Itália Merkel,Hollande e Renzi - reúnem-se esta tarde em Ventotene, uma pequena ilha na Itália, para discutir o futuro da Europa depois do 'Brexit'. Ao mesmo tempo, os três dirigentes visam preparar acimeira de líderes em Bratislava, a 16 de setembro.
Será verdade o que Yascha Mounk, doutor em Teoria Política, leitor em Harvard e a fazer o pós-doutoramento em relações EUA-Europa no programa do German Marshall Fund, escreve na revista ‘Slate’: Terá havido uma semana em que a democracia faleceu? Este é mesmo o título do artigo (em inglês). E a semana não é longínqua; foi a que começou na segunda-feira, 11 de Julho. O que se passou? Quase tudo: Depois do ‘Brexit’, Cameron demitiu-se e Theresa May foi para o Governo inglês, levando eurocéticos como Boris Johnson; o ataque terrorista em Nice, quinta-feira, 14, iniciou uma longa discussão em França sobre a imigração; no dia seguinte, sexta-feira, dia 15, o célebre e ainda por explicar golpe na Turquia que redundou na perseguição de todos os opositores de Erdogan. E, como cereja em cima do bolo, Trump apoiou o Brexit, aproveitou Nice para a sua campanha anti-islâmica e culpou Obama e a sua política pelo golpe turco. Ou seja, em meros sete dias, os populistas, como Boris em Londres, Le Pen em França, Erdogan na Turquia e Trump nos EUA conseguiram abalar os fundamentos democráticos do Ocidente.
O bombista suicida que matou, pelo menos, 50 pessoas numa festa de casamento entre curdos, na Turquia, teria entre 12 e 14 anos, disse o presidente Erdogan, que acusou o autodenominado Estado Islâmico, ou Daesh, pelo ataque.
Há ainda a questão dos filhos do embaixador iraquiano em Lisboa que deixaram em estado muito grave um rapaz de 15 anos, depois de uma querela entre aqueles (gémeos de 17 anos) e o adolescente português Ruben Cavaco. Além do problema da imunidade diplomática, a polícia pensa que eles podem já estar fora do país. Entretanto, Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros diz que Portugal fará tudo para apurar a verdade dos factos.
No sábado o Expresso revelava as contas mais secretas do Grupo Espírito Santo, ainda na sequência das investigações aosPanamá Papers. O esquema é tão complexo que só mesmo um desenho o consegue explicar. Para quem for assinante, aqui está o essencial.
Entretanto, noutro imbróglio diferente, mas que não deixa de ser embaraçoso, vem a saber-se, via SIC Notícias, que o Presidente Marcelo não concorda com a alteração da lei que o Governo quer fazer para encaixar na administração da Caixa Geral de Depósitos os nomes que foram apontados. Já houve quem dissesse (Editorial do ‘Público’ de dia 19) que a CGD devia ser o Waterloo de Mário Centeno. Porém, Napoleão à parte, tudo aquilo – desde o modo como foi conduzido o processo, às recomendações do BCE - cheira a vergonha por todo o lado. Não é sem razão que Nicolau Santos lhe chama “a enorme e lamentável trapalhada” e Pedro Santos Guerreiro descreveu os diversos “embaraços” do processo e salienta que a forma como foi dirigido “prejudicou a nossa imagem e a da Caixa”.
Estas e outras (entre as quais a manchete do 'Público' onde se afirma que os 120 dirigentes do IEFP afastados exigem que a exoneração seja anulada, provocando dez queixas em tribunal) levaram Marques Mendes a dizer que Agosto foi o pior mês para o Governo. Já o 'Jornal de Negócios' tem uma notícia inesperada: O imposto sobre heranças fica na gaveta.
O Bloco de Esquerda quer saber se pessoas deficientes institucionalizadas podem desempenhar tarefas sem remuneração. Tudo isto porque no Instituto Monsenhor Airosaumas senhoras deficientes gastam duas horas por dia a ajudar a fazer hóstias. Mas o Bloco nunca ouviu que tudo isto é para a remissão dos pecados e AMDG (Ad Maiorem Dei Gloria) ou seja, para a maior Glória de Deus (lema dos Jesuítas)? É importante que se esclareça tudo! Só o ‘Público’ deu, no domingo, duas páginas ao assunto… Depois do Orçamento do Estado não vejo coisa com mais relevância.
O futebol nacional aí está de volta. Os suspeitos do costume tiveram resultados diversos: o Porto ganhou 1-0 ao Estoril, no Dragão, com um golo tardio (84 minutos) da sua nova estrela que veio da formação, André Silva (assinou contrato até 2021 com cláusula de rescisão de 60 milhões). O Sporting também por 1-0, mas no campo do Paços de Ferreira, com um golo de Adrien ao fechar a primeira parte (ambos os jogos no sábado). E o Benfica, ontem à noite, escorregou na Luz com o Setúbal, com um empate a uma bola. O Vitória marcou primeiro e os campeões nacionais empataram de penalti já perto do fim. O Braga, que já é o quarto grande só joga hoje contra o Rio Ave e pode apanhar Porto e Sporting na frente. Pode ler tudo isto e muito mais na Tribuna Expresso, um site diferente de desporto que o Expresso e a SIC agora disponibilizam.
FRASES
Será verdade o que Yascha Mounk, doutor em Teoria Política, leitor em Harvard e a fazer o pós-doutoramento em relações EUA-Europa no programa do German Marshall Fund, escreve na revista ‘Slate’: Terá havido uma semana em que a democracia faleceu? Este é mesmo o título do artigo (em inglês). E a semana não é longínqua; foi a que começou na segunda-feira, 11 de Julho. O que se passou? Quase tudo: Depois do ‘Brexit’, Cameron demitiu-se e Theresa May foi para o Governo inglês, levando eurocéticos como Boris Johnson; o ataque terrorista em Nice, quinta-feira, 14, iniciou uma longa discussão em França sobre a imigração; no dia seguinte, sexta-feira, dia 15, o célebre e ainda por explicar golpe na Turquia que redundou na perseguição de todos os opositores de Erdogan. E, como cereja em cima do bolo, Trump apoiou o Brexit, aproveitou Nice para a sua campanha anti-islâmica e culpou Obama e a sua política pelo golpe turco. Ou seja, em meros sete dias, os populistas, como Boris em Londres, Le Pen em França, Erdogan na Turquia e Trump nos EUA conseguiram abalar os fundamentos democráticos do Ocidente.
O bombista suicida que matou, pelo menos, 50 pessoas numa festa de casamento entre curdos, na Turquia, teria entre 12 e 14 anos, disse o presidente Erdogan, que acusou o autodenominado Estado Islâmico, ou Daesh, pelo ataque.
Há ainda a questão dos filhos do embaixador iraquiano em Lisboa que deixaram em estado muito grave um rapaz de 15 anos, depois de uma querela entre aqueles (gémeos de 17 anos) e o adolescente português Ruben Cavaco. Além do problema da imunidade diplomática, a polícia pensa que eles podem já estar fora do país. Entretanto, Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros diz que Portugal fará tudo para apurar a verdade dos factos.
No sábado o Expresso revelava as contas mais secretas do Grupo Espírito Santo, ainda na sequência das investigações aosPanamá Papers. O esquema é tão complexo que só mesmo um desenho o consegue explicar. Para quem for assinante, aqui está o essencial.
Entretanto, noutro imbróglio diferente, mas que não deixa de ser embaraçoso, vem a saber-se, via SIC Notícias, que o Presidente Marcelo não concorda com a alteração da lei que o Governo quer fazer para encaixar na administração da Caixa Geral de Depósitos os nomes que foram apontados. Já houve quem dissesse (Editorial do ‘Público’ de dia 19) que a CGD devia ser o Waterloo de Mário Centeno. Porém, Napoleão à parte, tudo aquilo – desde o modo como foi conduzido o processo, às recomendações do BCE - cheira a vergonha por todo o lado. Não é sem razão que Nicolau Santos lhe chama “a enorme e lamentável trapalhada” e Pedro Santos Guerreiro descreveu os diversos “embaraços” do processo e salienta que a forma como foi dirigido “prejudicou a nossa imagem e a da Caixa”.
Estas e outras (entre as quais a manchete do 'Público' onde se afirma que os 120 dirigentes do IEFP afastados exigem que a exoneração seja anulada, provocando dez queixas em tribunal) levaram Marques Mendes a dizer que Agosto foi o pior mês para o Governo. Já o 'Jornal de Negócios' tem uma notícia inesperada: O imposto sobre heranças fica na gaveta.
O Bloco de Esquerda quer saber se pessoas deficientes institucionalizadas podem desempenhar tarefas sem remuneração. Tudo isto porque no Instituto Monsenhor Airosaumas senhoras deficientes gastam duas horas por dia a ajudar a fazer hóstias. Mas o Bloco nunca ouviu que tudo isto é para a remissão dos pecados e AMDG (Ad Maiorem Dei Gloria) ou seja, para a maior Glória de Deus (lema dos Jesuítas)? É importante que se esclareça tudo! Só o ‘Público’ deu, no domingo, duas páginas ao assunto… Depois do Orçamento do Estado não vejo coisa com mais relevância.
O futebol nacional aí está de volta. Os suspeitos do costume tiveram resultados diversos: o Porto ganhou 1-0 ao Estoril, no Dragão, com um golo tardio (84 minutos) da sua nova estrela que veio da formação, André Silva (assinou contrato até 2021 com cláusula de rescisão de 60 milhões). O Sporting também por 1-0, mas no campo do Paços de Ferreira, com um golo de Adrien ao fechar a primeira parte (ambos os jogos no sábado). E o Benfica, ontem à noite, escorregou na Luz com o Setúbal, com um empate a uma bola. O Vitória marcou primeiro e os campeões nacionais empataram de penalti já perto do fim. O Braga, que já é o quarto grande só joga hoje contra o Rio Ave e pode apanhar Porto e Sporting na frente. Pode ler tudo isto e muito mais na Tribuna Expresso, um site diferente de desporto que o Expresso e a SIC agora disponibilizam.
FRASES
“Todos os dias me arrependo da geringonça”, Catarina Martinslíder do Bloco de Esquerda, numa entrevista ontem ao ‘Público’ (a frase é mais bombástica do que o conteúdo da entrevista).
“Clinton não é uma candidata popular nos Democratas. Tem uma série de aspetos pessoais negativos. Muitas notícias se poderiam fazer acerca dela. Mas tudo foi engolido pelo candidato buraco negro que é Donald Trump”, Rick Tyler, Republicano e adjunto do Governador do Texas, Ted Cruz, ex-rival de Trump na nomeação doGrand Old Party (Republicanos).
“O tradicional sistema bipartidário está a desintegrar-se através da Europa, mas é o centro-esquerda, e não o centro-direita, que tem sofrido os maiores abanões e mais razões tem para estar ansioso sobre o futuro”. Tony Barber, num texto sobre o populismo político, publicado no ‘Financial Times’
“A imunidade diplomática cobre a liberdade de circulação das pessoas. Portugal não pode determinar qualquer limitação ao raio de circulação do embaixador ou das pessoas das suas relações ou da sua missão que gozem também da imunidade”, Augusto Santos Silva no ‘Público’ a propósito da alegada agressão dos filhos do embaixador do Iraque a um jovem português, em Ponte de Sor.
"“Dos Santos amigo, o povo está contigo”, “Dos Santos amigo, o povo está contigo”. Quem diria. Tão antiga, mas tão atual e arrepiante". Manchete do 'Jornal de Angola', sem recordar que Dos Santosestá no poder desde 1979, ou seja há 37 anos e foi reeleito para mais um mandato no partido do poder, o MPLA, com a sensacional marca de 99,6%,
O QUE EU ANDO A LER
Raimundo Lúlio é um nome que pouca gente conhecerá. Ramon Llull, seu verdadeiro nome, menos ainda. Podemos, pois, perguntar-nos como foi Luísa Costa Gomes lembrar-se de tal personagem histórica para um romance que é uma espécie de biografia em que os espaços desconhecidos se preenchem (bem, hábil, elegantemente) com a imaginação da autora? Não faço ideia, nem isso será o mais importante. ‘Vida de Ramon’ foi escrito originariamente em 1991 e agora reescrito e revisto e aumentado em 2016 numa edição D. Quixote.
Mas afinal quem é este Ramon? É um filósofo medieval, ligado aos franciscanos, que defende que não tem de haver contradição entre razão e fé ou entre filosofia e teologia. Terá nascido em 1232 ou em 1235 na cidade que se chama hoje Palma de Maiorca (Baleares), centro de disputas entre muçulmanos, judeus e cristãos. No seu tempo ainda a cruzada contra os Cátaros (albigenses) estava a terminar com o cerco de Monségur, ainda o reino de Aragão, de que as Baleares passam a fazer parte, era independente de Castela, tendo Ramon convivido com todos. Quando se converte definitivamente ao cristianismo em 1263, publica 10 anos depois ‘O livro dos gentios e dos três sábios’, dedicando-se a tentar converter muçulmanos. Conhecido por ‘árabe cristão’ ou ainda por ‘doutor inspirado’ ou ‘doutor iluminado’ é das figuras mais enigmáticas e maravilhosas da Idade Média no que toca ao pensamento e à forma de escrita (é o primeiro a usar uma língua neolatina, a que é hoje o catalão, nos seus textos, cerca de 280, segundo Umberto Eco, alguns também escritos em árabe). O opúsculo ‘Vida Coetânea’ é praticamente a fonte original da sua vida. Sendo de autor anónimo é publicado como apêndice desta edição de 2016 de Luísa Costa Gomes, que assim presta um verdadeiro serviço à cultura e ao entendimento da nossa ancestralidade.
E, por hoje, é tudo. Despeço-me com amizade, como há 50 anos terminava os seus programas o engº Sousa Veloso, figura mítica da TV Rural, na RTP, e recordo-vos que às 18 horas tendes o Expresso Diário e pela fresca de amanhã novo Expresso Curto.
Boa semana de trabalho, ou de férias para os assisados que ainda as gozam ou começam agora a gozá-las.
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