Seis pessoas foram mortas a tiro e depois queimadas em Cheringoma, província de Sofala, centro de Moçambique, numa ação que a polícia atribui a homens armados da Renamo e testemunhas citadas pelo jornal O País imputam às forças governamentais.
Em declarações à Lusa, o porta-voz do Comando da Polícia da República de Moçambique (PRM) na província de Sofala, Daniel Macuácua, acusou homens armados da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) de estarem por detrás dos homicídios, uma versão contrariada por duas testemunhas ouvidas pelo principal diário privado.
O ataque aconteceu na sexta-feira, quando uma viatura ligeira em que seguiam as vítimas foi interpelada por homens armados descritos por dois sobreviventes, citadas pelo jornal O País, como agentes da PRM e membros das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM).
"Os homens da PRM ordenaram-nos a subir num carro e percorremos uma longa distância. Parámos num ponto e fuzilaram um por um, consegui escapar e fugi, mas atiraram, atingindo-me com uma bala e caí numa mata", afirmou um dos sobreviventes, falando sob anonimato.
Um cidadão do Bangladesh que fazia parte do grupo de passageiros da viatura interpelada pelos homens armados e que conseguiu escapar também acusou militares e agentes da PRM de estarem por detrás da ação.
"Levaram-nos ao mato, mandaram os moçambicanos fazer uma fila e fuzilaram um por um. Daí, os militares e agentes da PRM vieram ter connosco [bengalis], mas eu consegui escapar e fugir", contou.
Apesar destes testemunhos, a polícia mantém a sua versão de que o ataque foi dirigido por homens armados da oposição, à semelhança de outros incidentes ocorridos na região.
"Reiteramos que aquela ação foi cometida por homens armados da Renamo, estamos em diligência para apurar mais elementos sobre esse ato macabro", afirmou o porta-voz da PRM em Sofala.
A região centro de Moçambique tem sido a mais atingida por episódios de confrontos entre o braço armado da Renamo e as Forças de Defesa e Segurança, existindo denúncias mútuas de raptos e assassínios de dirigentes políticos das duas partes.
As autoridades moçambicanas acusam a Renamo de uma série de emboscadas nas estradas e ataques nas últimas semanas, em localidades do centro e norte de Moçambique, atingindo postos policiais e também assaltos a instalações civis, como centros de saúde ou alvos económicos, como comboios da mineira brasileira Vale.
Na sexta-feira, as autoridades revelaram um ataque de homens armados da Renamo, na vila sede do distrito de Morrumbala, na Zambézia, centro de Moçambique, que se seguiu a outras investidas denunciadas em Mopeia, na mesma província, e também a localidades em Niassa, no norte do país.
Apesar da frequência de casos de violência política, as duas partes voltaram ao diálogo em Maputo, com a presença de mediadores internacionais, mas ainda não são conhecidos avanços.
PMA (AYAC/HB) // CSJ - Lusa
Nenhum comentário:
Postar um comentário