terça-feira, 13 de setembro de 2016

Monges fazem a melhor cerveja do mundo, como na Idade Média


Luis Dufaur (*)
 
 


Os monges trapistas da abadia de São Sixto de Westvleteren, na fronteira da Bélgica com a França, prosseguem imperturbáveis a tradição de fabrico de cerveja artesanal da mais alta qualidade. E essa cerveja continua sendo votada como a melhor do mundo.
Os monges não querem aumentar a produção para não por em perigo o recolhimento de sua vida monástica. Continuam fazendo a melhor cerveja do mundo sem finalidade de lucro, para garantir sua sobrevivência, sem procurar notoriedade ou fama.
Tampouco produzem o ano todo, e só vendem num período limitado deste. Quando a data se aproxima, a notícia se espalha como mancha de óleo, sem publicidade. Com formato delicado e elegante, a garrafa não tem etiqueta alguma: todas as informações estão na tampinha.
O Padre Joris, responsável pela produção, explicou por que não vão aumentar a quantia elaborada: “Não somos produtores de cerveja. Somos monges. Produzir cerveja nos permite ser monges. Não há motivo para ganhar dinheiro. Se aumentássemos a produção e abríssemos franquias, esta atividade deixaria de ser parte integrante da nossa existência. Portanto, a produção ficará em 4.500 hectolitros por ano, com uma venda ao público limitada num período de 70 a 75 dias”.
No dia em que começa a venda ao público, a região é invadida, tendo sido registradas filas de carros de três quilômetros. A polícia é mobilizada para garantir a ordem.
Os monges recomendam a seus clientes de não revenderem a cerveja com finalidades lucrativas, sobretudo evitarem a sua comercialização a preços injustos, pois a garrafinha chega a ser oferecida na Internet por 450 dólares.
Recentemente, os monges tiveram de reformar o mosteiro, danificado por obra dos anos. Para reunir os fundos necessários, criaram uma bela caixinha com os dizeres “Uma cerveja por um tijolo”, também em número limitado, solicitando ajuda para a ampliação do mosteiro e a restauração do claustro da Abadia.
Como na Idade Média, na fidelidade estrita ao “Ora et labora” do grande São Bento, fundador da família beneditina há XVI séculos!

          ( * ) Luis Dufaur é escritor, jornalista, conferencista de política internacional e colaborador da ABIM
 

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