segunda-feira, 17 de outubro de 2016

A ESTRELA MAIS PRÓXIMA DE NÓS PODE SER MAIS PARECIDA COM O SOL DO QUE SE PENSAVA


 
M. Weiss / CXC / NASA
 Impressão de artista que mostra o interior de uma estrela de baixa massa. Estas estrelas têm estruturas interiores diferentes do nosso Sol, de modo que não se esperava que tivessem ciclos de atividade magnética. No entanto, os astrónomos descobriram que a estrela vizinha Proxima Centauri desafia essa expetativa e mostra sinais de um ciclo de atividade com a duração de 7 anos.
Impressão de artista que mostra o interior de uma estrela de baixa massa. Estas estrelas têm estruturas interiores diferentes do nosso Sol, de modo que não se esperava que tivessem ciclos de atividade magnética. No entanto, os astrónomos descobriram que a estrela vizinha Proxima Centauri desafia essa expetativa e mostra sinais de um ciclo de atividade com a duração de 7 anos.
Uma nova investigação mostra que a nossa vizinha Proxima Centauri é parecida com o Sol de uma forma surpreendente: tem um ciclo regular de manchas estelares.
Em agosto os astrónomos anunciaram que Proxima Centauri tem um planeta do tamanho da Terra, de nome Proxima b, na sua zona habitável. À primeira vista, Proxima Centauri não se parece nada com o nosso Sol. É uma pequena e fria anã vermelha com apenas um décimo da massa e um milésimo do brilho do Sol.
No entanto, uma nova investigação mostra que Proxima Centauri é parecida com o Sol de uma forma surpreendente: tem um ciclo regular de manchas estelares.
As manchas estelares (como as manchas solares) são zonas escuras à superfície de uma estrela onde a temperatura é um pouco inferior à da área circundante. São alimentadas por campos magnéticos.
Uma estrela é constituída por gases ionizados a que chamamos plasma. Os campos magnéticos podem restringir o fluxo de plasma e criar manchas. As alterações ao campo magnético de uma estrela podem afetar o número e a distribuição das manchas estelares.
O nosso Sol tem um ciclo de atividade de 11 anos. Durante o mínimo solar, o Sol não tem quase manchas nenhumas. Durante o máximo solar, normalmente mais de 100 manchas solares cobrem, em média, menos de 1% da superfície do Sol.
O novo estudo descobriu que Proxima Centauri é submetida a um ciclo semelhante com a duração de sete anos de pico a pico.
No entanto, o seu ciclo é muito mais dramático. Pelo menos um-quinto da superfície da estrela fica coberta por manchas de uma só vez.
Além disso, algumas destas manchas são muito maiores em relação ao tamanho da estrela do que as manchas do nosso Sol.
“Se houvesse vida inteligente em Proxima b, teriam uma vista muito dramática,” afirma o autor principal  do estudo, Brad Wargelin, investigadordo Centro Harvard-Smithsonian para Astrofísica.
Os astrónomos ficaram surpreendidos ao detetar o ciclo de atividade estelar em Proxima Centauriporque o seu interior deverá ser muito diferente do interior do Sol.
O terço exterior do Sol sofre um movimento chamado convecção, parecido com a água a ferver numa panela, enquanto o interior do Sol permanece relativamente imóvel. Há uma diferença na velocidade de rotação entre estas duas regiões.
Muitos astrónomos acham que esta diferenciação é responsável pela produção do ciclo de atividade magnética do Sol.
Em contraste, o interior de uma pequena anã vermelha como Proxima Centauri deve ser totalmente convectivo até ao núcleo. Como resultado, não deveria ter um ciclo regular de atividade.
“A existência de um ciclo em Proxima Centauri mostra que nós não entendemos a produção dos campos magnéticos estelares tão bem quanto pensávamos,” afirma o coautor do estudo Jeremy Drake, do Smithsonian.
O estudo não aborda se o ciclo de atividade de Proxima Centauri afetaria a potencial habitabilidade do planeta Proxima b. A teoria sugere que as proeminências ou o vento estelar, ambos alimentados por campos magnéticos, podem colidir com o planeta e expulsar qualquer atmosfera.
Nesse caso, Proxima b seria mais como a Lua da Terra – localizado na zona habitável, mas nada amigável à vida.
“As observações diretas de Proxima b não vão acontecer durante muito tempo. Até lá, a nossa melhor aposta é estudar a estrela e, em seguida, ligar essa informação com as teorias sobre as interações estrela-planeta,” afirma Steve Saar, tabém o coautor do estudo.
A equipa detetou o ciclo de atividade usando observações terrestres do ASAS (All Sky Automated Survey), combinadas com medições espaciais obtidas por várias missões, incluindo o Swift, Chandra e XMM-Newton.
Os seus resultados foram aceites para publicação na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society e estão disponíveis online.

Nenhum comentário:

Postar um comentário