Escolhem
Portugal para "fugir" de países como a Tunísia e a
Bulgária, para onde se mudaram muitos cidadãos italianos nos
últimos anos.
Depois
dos britânicos, nórdicos e franceses, regista-se agora uma vaga de
turistas italianos que estão a instalar-se no Algarve para viver
parte do ano, sobretudo em Olhão, atraídos pelos benefícios
fiscais, proximidade cultural e segurança.
“Está
a ver esta praça? Já não é a Praça da Restauração, agora é a
praça dos italianos”, graceja Marina Nagy, italiana que se mudou
para o Algarve há 14 meses, aludindo à quantidade de conterrâneos
que por ali circulam diariamente, entrando e saindo de uma agência
especializada no mercado italiano que abriu há dois anos, em Olhão.
Este
é um dos locais mais procurados pelos italianos no Algarve – a par
de Tavira, Vilamoura, Vila Real de Santo António, Lagos e Faro -,
sobretudo reformados que querem mudar-se para a região e passar a
receber o valor bruto das suas reformas, escapando aos pesados
impostos em Itália, durante dez anos, tendo, para isso, de cumprir
determinados requisitos. A possibilidade de viver uma reforma
“dourada” foi um dos fatores que atraiu ao Algarve Catello
Deiudecibus, de 69 anos, residente em Olhão desde março e que
admitiu à Lusa receber, em Portugal, o dobro do valor que receberia
em Itália pela sua reforma como gerente de uma empresa de
telecomunicações. “Portugal tem a vantagem de fazer parte da
União Europeia, não há problemas relacionados com a alfândega, é
um país tranquilo e cheio de pessoas muito educadas e respeitosas”,
contou à Lusa num português quase perfeito, fruto dos anos que
trabalhou no Brasil. Atento à “descoberta” de Portugal por parte
dos italianos, Rosario Fazio, natural da Sicília, abriu há dois
anos no centro de Olhão uma agência que presta assistência e
informação aos cidadãos que queiram transferir-se para o país.
Segundo o empresário, alguns dos seus clientes estão a escolher
Portugal para “fugir” de países como a Tunísia e a Bulgária,
para onde se mudaram muitos cidadãos italianos nos últimos anos,
embora a grande maioria esteja a chegar diretamente de Itália, a um
ritmo diário. Natural de Piacenza, Marina Nagy é uma das clientes
que, antes de viver no Algarve, esteve durante um ano na Tunísia,
com o marido, mas acabou por desistir da experiência, devido à
crise política e aos atentados terroristas. “Portugal é uma
surpresa para mim, porque ninguém conhece Portugal em Itália!”,
exclamou a tradutora, estimando que, atualmente, estejam a residir no
concelho de Olhão aproximadamente 200 famílias italianas. Segundo
Rosario Fazio, a maioria está mais interessada em arrendar casa,
mas, no último ano, pelo menos vinte dos seus clientes compraram
casa no Algarve, preferencialmente apartamentos, já equipados, numa
lógica de “chave na mão”. A tendência, que se intensificou no
último ano, é comprovada pela abertura de várias agências no
Algarve que prestam informação e assistência aos cidadãos
italianos e cujos responsáveis dizem já não ter mãos a medir
perante as solicitações. “Antes deste fenómeno, que começou há
cerca de um ano, havia entre 400 a 600 italianos a residirem no
Algarve. Agora deverão ser milhares”, estimou à Lusa Michela
Meola, que diariamente recebe pedidos de informação, não só de
reformados, mas também de pequenos empreendedores. Gerente de uma
empresa que presta assistência aos italianos que queiram
transferir-se para Portugal, a empresária, natural de Veneza, a
viver no Algarve há cinco anos, explicou que algumas pessoas estão
a optar por Lisboa, não só pela dimensão da cidade, como pelo
facto de não haver voos diretos para Itália a partir de Faro.
Atento a este fenómeno, o presidente da Câmara de Olhão, António
Pina, disse à agência Lusa que a autarquia está a preparar a
criação de um Gabinete de Turismo, que deverá ser uma realidade já
em 2017. “Com o crescimento do turismo em Olhão, a Câmara sentiu
necessidade de proporcionar aos visitantes, de passagem ou futuros
proprietários, um gabinete de apoio, bem como iniciar uma estratégia
de divulgação da cidade e apostando em parcerias com os empresários
do concelho”, concluiu.
Fonte:
Dinheiro Vivo/ Lusa
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