segunda-feira, 28 de novembro de 2016

A CGD arrisca um vazio de poder (& o mundo às voltas em França, Itália e Cuba)

Enquanto dormia
 
David Dinis, Director do Público

Bom dia!
Em França, a direita escolheu Fillon, testando uma linha dura como antídoto para Le Pen nas presidenciais. A Frente Nacional diz que resultado das directas de ontem é "uma boa notícia". Precisamente porque está aberta a caça a Marine (eis o Editorial), o João Ruela Ribeiro traça-lhe o perfil de Fillon em seis pontos. Já a Teresa de Sousa escreve sobre o quadro geral desta pré-campanha.
Trump queixa-se de "milhões de votos ilegais". Com a equipa de Hillary a tentar algumas recontagens de votos, o Presidente eleito dos EUA diz que ganhou também no voto popular - e que só os votos "ilegais" lhe tiraram essa vitória.
As acusações de pedofilia no futebol britânico tornaram-se numa avalanche. Desde a primeira denúncia, há 11 dias, multiplicam-se as queixas relativas a casos que envolvem vários clubes, alguns da Premier League. Além das investigações policiais, a Associação de Futebol do Reino Unido já abriu um inquérito interno.
O Benfica teve um bálsamo caseiro, depois do trauma europeu. O Moreirense deu fraca resistência ao campeão nacional, que teve direito a uma festa de Pizzi. No balanço da jornada, só o Porto e o Guimarães ficaram para trás. Em Espanha, foi o Barcelona que tropeçou.

Domingues fora da Caixa

O presidente da CGD demitiu-se, uma notícia que aqui lhe contámos em primeira mão, - mas que já vem de quinta-feira, quando a direita e o BE votaram na AR a lei que fechou o cerco, impondo declarações de rendimento e retirando indemnizações a quem saísse a partir de 1 de Janeiro.
Domingues sai a 31 de Dezembro - e a Caixa arrisca-se a ficar num vazio de poder, caso o Governo não encontre um sucessor muito rapidamente. Isto porque o BCE costuma demorar na avaliação dos escolhidos - e ainda nem sabemos se os restantes administradores aceitam ficar (quatro podem estar de saída, diz o Correio da Manhã), muito menos se 'seguram as pontas' para lá de Dezembro.
Nas reacções, o BE e o PCP protegeram Centeno - e mostraram contentamento com a demissãoMarcelo é que parece que já sabia, quando falou  com os jornalistas. Quanto ao PSD, falará hoje, já depois de fazer mais umas perguntas sobre Domingues
Esta manhã, JN e DN publicam uma sondagem com perguntas sobre a polémica, resultando daí que os portugueses culpam António Domingues pela polémica (36%) - e muito menos Centeno (16%) ou António Costa (15%). 
Hoje, como imagina, mal se falará de outra coisa.

Outras notícias, em síntese

Há funerárias sob suspeita, por pagarem comissões a polícias. Seria a nossa manchete de hoje, não fosse a demissão de Domingues. O Ministério Público está já a investigar um caso que envolverá agentes da PSP da Margem Sul de Lisboa que se deslocam a casa das famílias quando alguém morre. Já várias testemunhas foram ouvidas, como nos explica a Ana Henriques.
Houve militares doentes que foram aceites nos comandos. A notícia é da Rádio Renascença.
Voltando à política, passe os olhos pela entrevista de Fernando Medina ao PÚBLICO. O autarca de Lisboa diz que os laços entre PS, PCP e BE "têm de ser reforçados no futuro" - acrescentando que tem sentido "convergência" na capital. E quanto às obras? "As principais estão a aproximar-se do fim", garante Medina. Ah! E vem aí uma nova etapa, porque a Câmara não desistiu de investir na extensão da linha vermelha do Metro.
A propósito de investimento. Metade dos fundos europeus já estão a concurso. Os dados da Luísa Pinto apontam para mais de 12 mil milhões lançados, mais de 1500 projectos em aceleração e 127 rasgados.
E a propósito de política, a sondagem da Católica mostra que Rui Rio é mais popular que Passos Coelho. A maioria dos inquiridos diz que o PSD ficaria a ganhar com a sua entrada na liderança.

Hoje acontece

Felipe e Letizia “reinam” em Portugal e a “festa” começa no Porto. A vinda do Felipe bom começa hoje, dura três dias, e a Margarida Gomes traça-lhe os roteiros onde o trânsito vai parar
A OCDE mostra as suas estimativas para o mundo, Portugal incluído, já esta manhã. E deve dar-nos um primeiro olhar sobre o mundo  na era Trump.
Mario Draghi vai ao Parlamento Europeu - e o novo cenário mundial estará também na agenda.

Boas leituras

Quem escreveu sobre o mundo na era Trump foi Catarina Martins. O artigo da líder do Bloco foi manchete ontem no PÚBLICO e tem uma pergunta desafiadora no título: "No centro é que está a virtude?".
E agora, Cuba? As incertezas sobre o futuro só aumentam com a eleição de Donald Trump em Washington. Raúl Castro tem um pequeno exército de bloggers dissidentes dispostos a enfrentá-lo. O texto no day after da morte de Fidel é da Sofia Lorena. Mas também vale a pena ler a Cuba pós-Raúl, as crises e sucessos dos governos de esquerda latino-americanos, a crónica do Rui Tavares ("Um ditador dos bons, ou dos nossos?"), a de Francisco Assis (sobre uma figura marcante, mas não boa) ou a do Jorge Almeida Fernandes ("A história o absolverá?").
E tu, Itália? O Jorge Almeida Fernandes escreveu também sobre o que aí vem, no próximo domingo, "de olhos postos em Roma e Viena" (porque também há perigo à espreita na Áustria). O referendo Renzi tem contexto aqui, com a bomba-relógio económica a contar há muito.
Só há seis maneiras de escrever uma história? Cientistas da área computacional e matemática analisaram 1327 obras de ficção em inglês e concluíram que tudo se resume a estas.

Só mais um minuto, para respirar fundo

Lisboa com legendas – reclames que não são de deitar fora.  São décadas de néon, publicidade e fachadas, retrato da Lisboa do século XX. A mais nova exposição do Mude mostra-nos o Rossio quando tinha néons nos telhados a toda a volta; a livraria do Diário de Notícias e o seu tipo de letra gótico inconfundível na esquina; o Rei das Fardas de coroa amarela acesa. A Joana Amaral Cardoso parece-me fascinada - e deixou-me a água na boca.
O quê? O meu avô era fotógrafo? Continuamos em Lisboa, com um fantasma que pairava há décadas pelo Arquivo Municipal Fotográfico da cidade. A autoria do seu espólio fundador ficou escondida até agora. Uma exposição revela finalmente quem andou a fotografar a cidade durante dez anos na viragem do século passado. E com várias surpresas, conta-nos o Sérgio B. Gomes.
O descendente 'matou' os Sex Pistols. Aqui não sobra memória: o filho do agente dos Sex Pistols tinha dito que incendiaria milhões de dólares em recordações do grupo punk, em protesto contra o domínio do mercado de massas. "O punk está morto’” disse ele, 40 anos depois do lançamento de Anarchy in the UK. Este fim-de-semana realizou-se o seu funeral.
O punk, os Castro, a Caixa. Num dia de memórias, em que se procuram os sucessores, o PÚBLICO aqui estará, muito atento ao que se está a passar. Passe por cá, tenha um dia produtivo e feliz - com um bom vinho à mão para logo à noite (com os cumprimentos da Fugas, claro).
Até já!
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