A utilização de drones por parte da população em geral levanta questões sobre eventuais violações de privacidade e segurança no solo, uma vez que os aparelhos podem cair e causar danos em pessoas ou bens. Além disso, estes aparelhos telecomandados podem representar perigo para a própria aviação.
“São os drones de lazer que têm vindo a provocar os incidentes. As pessoas saberão que há regras da União Europeia, mas prevaricam”, afirma o director do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves.
Álvaro Neves destaca os principais cuidados a ter quando se manipula um drone.
Antes de tudo, “ir à página da ANAC [Autoridade Nacional de Aviação Civil] ou da EASA [Agência Europeia para a Segurança na Aviação] e fazer o download do documento que lá está sobre regras básicas – entre elas, não sobrevoar aglomerados de pessoas, não entrar nos perímetros de aeroportos, não operar sobre pistas, não operar com a aeronave acima do obstáculo mais alto, à sua vista e onde o drone está. Assim, não irá pôr em risco bens, pessoas nem aviões que circulam a baixa altitude”.
O aeroporto de Lisboa viveu, no domingo, dia 11, o incidente que Álvaro Nevesa considera “mais significativo” até agora.
“A partir das 14h00, foi avistado um drone dentro do perímetro – isto é, à vertical da plataforma de estacionamento das aeronaves – a filmar as aeronaves. Num momento, move-se para os ‘taxiways’ e depois foi avistado um segundo drone. Andaram, portanto, dois drones dentro do perímetro, a filmar as aeronaves estacionadas, bem como pistas”, conta.
Isto “obrigou o aeroporto a tomar medidas: esteve cerca de 20 minutos com os aviões a descolar parados e com problemas nas aproximações, até que os dois equipamentos fossem avistados a deixar a zona e o perímetro”
O caso é classificado por este responsável como “extremamente grave e preocupante”.
Nova legislação vem preencher vazio legal
É apresentado esta quarta-feira, às 15h00, o primeiro regulamento em Portugal sobre drones.
A proposta tem estado em consulta pública nos últimos meses, por iniciativa da Autoridade Nacional de Aviação Civil, numa altura em que a utilização de drones p ara as mais variadas finalidades tem vindo a crescer, a par das notícias sobre incidentes a envolver estes aparelhos que servem, na sua maioria, para captar imagens aéreas.
O Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves aguarda agora uma solução que dê também resposta à falta de meios do organismo.
“O gabinete não tem capacidade e estamos neste momento com imensos processos de acidentes e incidentes que já aconteceram. São mais de 100”, anuncia Álvaro Neves.
“Sem esses meios não temos a possibilidade de alocar ninguém para poder trabalhar este novo fenómeno, com o qual temos de perceber que temos de conviver, porque a indústria dos drones vai crescer exponencialmente e este tipo equipamentos vai, com toda a certeza, conviver com a aviação tripulada”, defende o director daquele gabinete.
Álvaro Neves diz que já alertou o Governo para a situação e aguarda “uma resposta para uma solução de futuro para o organismo”.
com rr.sapo.pt
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