David Dinis, Director
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A Rússia vetou uma condenação do ataque químico na Síria. É a oitava vez em que Moscovo bloqueia uma resolução sobre a Síria no Conselho de Segurança da ONU, desde o início da guerra. Em Moscovo, a visita do secretário de Estado americano não ajudou a desbloquear a tensão: tudo acabou de cara fechada e punhos cerrados, como nos explica o Alexandre Martins.
Donald Trump fez duplo flip-flop: à China, prometeu ceder na ameaça de uma guerra monetária, em troca de ajuda para lidar com a Coreia do Norte. Já ao secretário-geral da NATO, disse que já não vê a organização como "obsoleta", mas insistiu no apelo ao reforço das contribuições dos outros países.
Foi um duplo choque em Dortmund. O ataque terrorista não fez vítimas, mas deixou o mundo do futebol em choque, levando a polícia a identificar dois suspeitos e a deter um deles. No campo, houve três golos para o Mónaco - e muitas queixas do treinador do Dortmund: "Estamos num misto de sentimentos. Há jogadores que lidam mais facilmente com isto, outros que se preocupam. Queríamos mais tempo para lidar com o aconteceu, mas alguém na Suíça decidiu que tínhamos de jogar. Não é justo." A síntese está aqui, do que aconteceu dentro e fora do campo (e já lá volto, mais à frente).
Chamem-lhe CR100. Noutro jogo da Liga dos Campeões, Ronaldo fez o seu centésimo golo em competições europeias, marcando dois golos na reviravolta do Real em Munique.
As notícias do dia
Na nossa manchete há boas novas para os precários do Estado: o Governo alargou a regularização extra a mais trabalhadores, não só aumentando as carreiras abrangidas, como dando poder aos dirigentes para propor a integração de quem não se tenha candidatado. A Raquel Martins fez o texto a explicar, acrescentando um guia prático já com detalhes da portaria: afinal, como irá funcionar a regularização dos precários no Estado? E ainda nos mostra o documento que os precários vão ter de preencher.
Fora deste programa ficam apenas os professores, que estão agora a fechar o concurso extraordinário de colocações. A Clara Viana dá conta da promessa do Ministério de que todos os lugares serão preenchidos. Também fez um Perguntas & Repostas para quem queira perceber melhor o processo. E conta o testemunho de um professor que depois de 21 anos, vai entrar "finalmente" no quadro.
O Governo mostra hoje a dua estratégia para quatro anos. E os dados que já conhecemos permitem-nos uma conclusão: a folga da economia vai para a redução do défice. Sabendo que isto criará uma certa apreensão à esquerda, o ministro Pedro Marques deixa um alerta aos parceiros, na entrevista ao PÚBLICO e Renascença de hoje: “Abrandar a consolidação poderia pôr em perigo o país”. Ontem, no Parlamento, Costa e Catarina Martins fizeram uma negociação em directo - concluindo nós que as soluções para o IRS e reformados virão outra vez em modo gradual.
Mais imaginativa é a solução da CGD para o encerramento de balcões: Paulo Macedo, que agora tem a Justiça a analisar os créditos do banco ao BES (segundo o Jornal Económico), vai pôr uma carrinha a correr as zonas rurais. As rescisões, essas, começam este mês. Já António Domingues seguiu o guião: mandou documentos para a nova comissão de inquérito, mas não enviou os SMS.
Do Novo Banco veio um guião surpreendente. António Ramalho acusa o Banco de Portugal de prejudicar as contas de 2016. Já sobre a venda, as respostas do dia vieram de Mário Centeno (aqui descritas em pontos pela Liliana Valente).
Centeno desistiu de lutar contra o Santander. E fez um acordo com o banco no caso dos swap, que eleva as perdas potenciais para 1300 milhões de euros. Em troca, lá virá uma compra de dívida pública a juro baixo (o mesmo guião, lá está, que vimos no Banif). O PSD desconfia, diz o Observador. Pelo caminho, o Negócios já conseguiu quantificar a nova ajuda à banca (de que lhe falei aqui na terça-feira): 9 mil milhões em 15 anos. E, a propósito, quem é o ministro mais popular deste Governo? Isso, Mário Centeno.
Fora da caixa é esta ideia do Ministério da Agricultura. O novo Banco de Terras do Estado dará preferência a refugiados.
Outra boa ideia, a fazer caminho: a app para emergências no estrangeiro já foi usada por mais de 7600 portugueses. Nesta tentativa de nos dar mais segurança, o DN diz hoje que Portugal vai partilhar 250 mil impressões digitais com países da UE, todas de arguidos.
Para ler e digerir
1. O dia em que a ameaça islamista se voltou para o futebol europeu. Isso, voltamos ao tema que nos assusta - e é preciso ler o texto do Ruela Ribeiro. Começa assim: "Nas imediações do estádio Signal Iduna Park, o ambiente esta quarta-feira era singular. Ao lado de polícias fortemente armados, viam-se adeptos do Borussia Dortmund e do Mónaco de braço dado, num ambiente de confraternização pouco habitual em estádios de futebol. Mas, mais de 24 horas depois das três explosões que atingiram o autocarro que transportava a equipa do Borussia Dortmund para o seu estádio, eram sobretudo as interrogações, mais do que as certezas, que dominavam." Eis, portanto, as pistas que temos, de uma nova fase de quatro anos de terror na Europa.
Mas falta falar do ambiente. Primeiro entre os adeptos, porque em Dortmund o fair-play criou amizades. A sério: “Quando for a Paris vou contactá-los”. Mas também é preciso falar sobre o ambiente dentro de campo. Como será o treinador no papel de psicólogo de crises? E no estádio, como é que todos reagiram? Sim, o desporto tem o seu lado escuro - mas a verdade é que quando o desporto se torna o alvo, os adversários transformam-se em aliados.
2. Há 30 anos, Portugal surpreendeu a China nas negociações de Macau. "Tudo podia correr mal. Era essa a convicção do lado português quando, a 30 de Junho de 1986, começaram as negociações com a China para discutir a transferência de poderes de Macau". E, porém, conta a Bárbara Reis, tudo foi ao contrário do que se previa.
3. Os segredos das cartas inéditas de Sylvia Plath. Cartas até aqui inéditas de Plath para a sua psiquiatra e amiga mostram-nos novos pormenores sobre a sua atormentada relação com o também poeta Ted Hughes. Este disse-lhe que queria que ela morresse, ela suicidou-se. A culpa acompanhou-o até ao fim. Segue-se uma batalha legal. A Lucinda Canelas escreveu um texto especial, sobre uma relevação sensível.
Hoje na agenda
- O Conselho de Ministros aprova o Programa de Estabilidade e Programa Nacional de Reformas.
- Se vai viajar de avião, lembre-se disto: começa hoje uma greve parcial de vigilantes e seguranças privados que trabalham nos aeroportos portugueses.
- Reabre o troço de 700 metros dos Passadiços do Paiva, que estiveram fechados nos últimos meses.
- É conhecida a seleção oficial do 70.º Festival de Cannes.
- E há bola, melhor dizendo, Liga Europa, onde José Mourinho vai à Bélgica para um teste importante (contra o Anderlecht).
Só mais um minuto
Para lhe dar mais umas ideias para o fim-de-semana prolongado: que tal Diogo Infante e Alexandra Lencastre em queda livre (na peça revista pelo Gonçalo Frota)? E descobrir, de boca aberta de espanto, um cantautor e explorador (ele é Ryley Walker, descrito aqui pelo Gonçalo Frota)? E se for, antes, um roteiro pelo Atlantic Music Expo, onde o Gonçalo Frota procura os novos caminhos da música lusófona.
Se não o convenci até aqui, não se preocupe: o nosso Guia do Lazer tem mais ideias para si; Ípsilon vai dar-lhe outras ideias, entre hoje e amanhã; a Fugas também, até sábado, para preencher estes três belos dias de Páscoa.
O que lhe desejo é uma época feliz, na companhia dos seus. E na nossa também, para se manter informado (e nos sentirmos acompanhados).
Até já!
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