quinta-feira, 13 de abril de 2017

Eu, Psicóloga | Mitos em relação ao suicídio



Segundo estudos da Organização Mundial de Saúde (OMS), 800 mil pessoas cometem suicídios todos os anos. Isso representa que, a cada 40 segundos, uma pessoa no mundo comete suicídio.
Estudos indicam que 9 em cada 10 suicídios poderiam ser prevenidos, ressaltando a importância da conscientização deste problema de saúde pública, que vem crescendo ao longo das décadas, principalmente entre jovens e idosos.


O suicídio é um comportamento humano extremamente complexo, sendo uma combinação onde existe a interação entre fatores ambientais, sociais, culturais, fisiológicos, genéticos, psicológicos e biológicos. O grau de intenção suicida deve ser considerado como um ponto contínuo: de um lado está a certeza absoluta de matar-se e, no outro extremo, a intenção de seguir vivendo, sendo cometido como uma tentativa desesperada de cessar com seu sofrimento intenso e existindo dentro de si este enorme sentimento de ambivalência.

O suicídio e suas faces

O que pode aumentar, facilitar ou ser um alerta de que o suicídio venha ocorrer são:

acesso aos meios e métodos do suicídio,
transtornos mentais,
ansiedade elevada,
doenças físicas,
isolamento social,
desesperança e insatisfação em relação a própria vida.

O suicídio possui diversas faces. Em todas elas a pessoa oferece risco real para si e deve ser valorizada no conteúdo em que está expressando, para prevenção da evolução de seu sofrimento e pensamentos, evitando a realização do ato concreto, onde fatalmente sua vida pode ser interrompida.


Se eu perguntar sobre suicídio, poderei induzir uma pessoa a isso.


Questionar sobre ideias de suicídio, fazendo-o de modo sensato e franco, fortalece o vínculo com uma pessoa, que se sente acolhida e respeitada por alguém que se interessa pela extensão de seu sofrimento.

Ele está ameaçando o suicídio apenas para manipular... 

Muitas pessoas que se matam dão previamente sinais verbais ou não verbais de sua intenção para amigos, familiares ou médicos. Ainda que em alguns casos possa haver um componente manipulativo, não se pode deixar de considerar a existência do risco de suicídio.

Quem quer se matar, se mata mesmo 

Essa ideia pode conduzir ao imobilismo. Ao contrário dessa ideia, as pessoas que pensam em suicídio frequentemente estão ambivalentes entre viver ou morrer. Quando falamos em prevenção, não se trata de evitar todos os suicídios, mas sim os que podem ser evitados.

Veja se da próxima vez você se mata mesmo! 

O comportamento suicida exerce um impacto emocional sobre nós, desencadeia sentimentos de franca hostilidade e rejeição. Isso nos impede de tomar a tentativa de suicídio como um marco a partir do qual podem se mobilizar forças para uma mudança de vida.

Uma vez suicida, sempre suicida! 

A elevação do risco de suicídio costuma ser passageira e relacionada a algumas condições de vida. Embora a ideação suicida possa retornar em outros momentos, ela não é permanente. Pessoas que já tentaram o suicídio podem viver, e bem, uma longa vida.

Sinais de alerta

falar sobre querer morrer
procurar formas de se matar
falar sobre estar sem esperança ou sobre não ter propósito
falar sobre estar se sentindo preso ou sob dor insuportável
falar sobre ser um peso para os outros
aumento no uso de do álcool e drogas
agir de modo ansioso, agitado ou irresponsável
dormir muito ou pouco
se sentir isolado
demonstrar raiva ou falar sobre vingança
ter alterações de humor extremas
quanto mais sinais, maior pode ser o risco da pessoa

O que fazer

não deixar a pessoa sozinha
tirar de perto armas de fogo, álcool, drogas ou objetos cortantes
ligar para canais de ajuda
levar a pessoa para uma assistência especializada ( psicólogo e/ou psiquiatra)

Alguns pontos de alerta para depressão em adolescentes e jovens:

Mudanças marcantes na personalidade ou nos hábitos
Piora do desempenho na escola, no trabalho e em outras atividades rotineiras
Afastamento da família e de amigos
Perda de interesse em atividades de que gostava
Descuido com a aparência
Perda ou ganho inusitado de peso
Comentários autodepreciativos persistentes
Pessimismo em relação ao futuro, desesperança
Disforia marcante (combinação de tristeza, irritabilidade e acessos de raiva)
Comentários sobre morte, sobre pessoas falecidas e interesse por essa temática
Doação de pertences que valorizava

Cerca de 90% das pessoas que morrem de suicídio possuíam transtornos mentais. Elas poderiam ser tratadas e acompanhadas

Como ajudar ?

É fundamental que a pessoa que apresente ideais suicidas ou comportamentos que oferecem risco para sua vida e saúde seja encaminhada para uma avaliação psiquiátrica. O tratamento medicamentoso ou possibilidade de internação podem ser fundamentais para que o suicídio seja prevenido.
A realização de acompanhamento psicológico também é fundamental, possibilitando o fortalecimento emocional e diminuição do sofrimento, ampliando suas perspectivas de vida e prazer.

Telefones e sites de ajuda:

Centro de Valorização da Vida (CVV): 141 
Também é possível entrar em contato e receber apoio emocional do CVV via internet, a partir de email, chat e Skype 24 horas por dia

Fontes: American Foundation for Suicide Prevention; Centro de Valorização da Vida; "Comportamento suicida: vamos conversar sobre isso?", de Neury José Botega, membro-fundador da Associação Brasileira de Estudos e Prevenção do Suicídio; "Preventing Suicide: A Global Imperative", da Organização Mundial da Saúde

Debora Oliveira

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