David Dinis, Director
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A Coreia do Norte avisou outra vez: o conflito nuclear "pode começar a qualquer momento". Kim In-ryong, embaixador adjunto na ONU, usou até um termo diferente: "Guerra termonuclear". E se está a pensar naquele míssil coreano que só voou durante 5 segundos, leia o que escreve o Alexandre Martins: o que foi piada na Internet esconde uma verdadeira ameaça. E pergunta o João Ruela Ribeiro: será que nos podemos valer da aliança Xi-Trump?
Falando nele: Trump ligou a Erdogan para o felicitar pelos seus novos poderes. Como anota o The Guardian, o Presidente americano contrastou com o seu próprio Departamento de Defesa, que pediu ao líder turco respeito pelos direitos fundamentais. Já voltarei a este tema, para lhe dar outros pontos de vista.
Nicolas Maduro mandou os militares para as ruas da Venezuela, em pleno dia de protesto da oposição. E anunciou o aumento das milícias, com uma promessa: "Uma espingarda para cada miliciano".
O Facebook vai rever o tratamento dado a vídeos violentos. A medida surge depois do homicídio de um idoso na cidade norte-americana de Cleveland e que foi filmado em directo na rede social.
As notícias do dia
Começo pelo surto de sarampo, mostrando-lhe um número grande demais: 95 mil crianças e jovens não estarão vacinados - porque há pais que se esqueceram de vacinar filhos, pessoas em situação económica vulnerável ou imigrantes em situação irregular, casos que preocupam os especialistas. A verdade é que há 21 casos confirmados em Portugal, um dos 14 países europeus onde o surto apareceu. Ainda assim, a verdade é que Portugal não aderiu à moda antivacinação, mas as autoridades não parecem descansadas. E é aqui que entra a discussão: as vacinas devem ser obrigatórias? Os especialistas respondem assim. Mas há outra sugestão em cima da mesa: será necessário antecipar vacinação de bebés? Uma ex-ministra sugere que sim. Se quiser saber ainda mais sobre o caso, o Observador tem um guia com 9 perguntas e respostas à medida.
Agora a nossa manchete: a redução de IRS pode ser faseada, até 2019. A líder do Bloco de Esquerda admitiu ontem uma solução de consenso para um dos dossiês mais difíceis do próximo orçamento - e o Governo, soube o PÚBLICO, compra a ideia: se a reforma dos escalões do IRS se mostrar demasiado custosa, será possível fasear a medida, de forma a que esta seja aplicada em 2018 e 2019, precisamente o ano das próximas eleições legislativas. No próximo ano é que não há mais margem de manobra - só há mesmo 200 milhões para a medida. A negociação virá lá para Outubro, mas Marcelo pode estar descansado com o Programa de Estabilidade (mesmo que, como diz o Negócios, 40% da redução do défice não esteja lá explicada).
Agora veja quem voltou: Vítor Gaspar quer limitar margem política nos orçamentos. O ex-ministro lançou um livro com esta tese interessante: “Além da proximidade das eleições, os desvios face ao comportamento correcto são explicados por outras variáveis políticas, como a ideologia do Governo e, mais importante, a fragmentação política.”
A fragmentação política é evidente no Novo Banco. O PSD quer a renegociação do empréstimo aos bancos, o PCP leva a votos o Novo Banco Público e o Bloco um desconforto com a venda. No fim, nada deve mudar a opção do Governo (a menos que esta acção em tribunal tenha efeitos).
A redução de alunos por turma também não gera consenso. Bloco e PCP acham que o Governo está a mudar pouco demais.
Na Educação há mais uma polémica à vista: os professores dos colégios dizem-se excluídos do concurso para o ensino público.
Mas na Saúde há uma boa notícia: os hospitais ligados a centros de saúde têm taxas de reinternamento mais baixas. Mas há também uma decisão em espera: o que é que vai mudar na lei do tabaco? Certo, certo, temos isto: o tabaco aquecido paga menos imposto que os cigarros normais mas custa o mesmo.
Falando de custos, o preço do gás vai baixar para 240 mil famílias já em Julho.
Já que falamos de boas notícias, registe esta (meia) promessa do ministro da Cultura: a fortaleza de Peniche deverá ser um Museu Nacional da Resistência. Será?
Para nos pôr a pensar
1. A vitória curta do 'sim' foi o pior resultado para a Turquia, escreve a Maria João Guimarães. Erdogan ganhou poderes com apenas 51,4% dos votos, num referendo contestado por observadores e pela posição. As duas Turquias que se mostraram na campanha estão cada uma mais entrincheirada na sua posição. A isto chama-se uma perigosa divisão.
Mas, e o que é que isso vai trazer? Diz o Jorge Almeida Fernandes: "O assunto não diz apenas respeito aos turcos. Pode redundar num desaire estratégico para Europa". E ainda acrescenta Álvaro Vasconcelos, porventura numa posição que nos desconcerta: "Não se pode continuar a brincar com a adesão da Turquia. O compromisso claro de que uma Turquia que retome o caminho das reformas democráticas será a prazo membro da União seria a melhor forma de contrariar a sua deriva autoritária, mas também de dar um sentido, tão necessário, ao projecto de uma casa europeia democrática". Para saber mais, é só seguir os links.
2. Felwine Sarr na luta pela representação de África. Os africanos devem dominar a narrativa sobre si próprios e definirem os termos em que as suas instituições e economia operam. O economista senegalês (que também é músico e teórico) vem amanhã ao Teatro Maria Matos, em Lisboa, falar de Afrotopia. A Joana Gorjão Henriques esteve à conversa com ele e percebeu isto: nem afropessimista, nem afroeufórico, Felwine Sarr é afro-realista.
3. Nas noites da Praia, mandam as músicas crioulas e imprevisíveis. Depois do AME, as noites da Cidade da Praia foram preenchidas pelo nono Kriol Jazz. Roberto Fonseca, Pat Thomas, Elida Almeida e Leyla McCalla deixarão sôdade, diz o Gonçalo Frota, que andou por lá e nos deixa... inveja.
Hoje na agenda
- Marcelo Rebelo de Sousa vai ouvir o PCP, o PEV, o PAN e o CDS-PP, ainda para medir a temperatura antes da discussão do Programa de Estabilidade.
- A Fenprof promove uma concentração de protesto. É em Lisboa às 15h00 (cuidado com o trânsito).
- A decisão judicial sobre a eleição de Tomás Correia, para a presidência da Associação Mutualista Montepio Geral, chega hoje às alegações finais.
- Assinala-se o Dia Internacional dos Monumentos e Sítios. Há 910 actividades marcadas em 176 concelhos.
- Noite de Liga dos Campeões à vista, com a segunda mão do Real Madrid-Bayern Munique, mas também o Leicester-Atlético de Madrid.
Só mais um minuto
Dos concertos na Cidade da Praia à loucura de Coachella. E perguntam-me os meus amigos: o que é que se vê num dos maiores festivais de música da actualidade? E eu respondo: nós no cabelo para cima, roupa interior para baixo. Vá, eu traduzo: vê-se de gente da moda, a fazer-nos inveja (outra vez).
Mas a inveja não é um exclusivo nosso, não é mesmo. Ora veja o que diz o El Pais do nosso Salvador Sobral (milagre é outra coisa, senhores). Ou o que diz o The Guardian de Lisboa (de joelhos não, de boca aberta).
É por aqui que termino, com esta pitada de auto-estima - e a promessa de outros sorrisos quando voltar à nossa companhia. E de notícias, claro que também.
Tenha um dia bom. Até já!
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