sexta-feira, 5 de maio de 2017

MOREIRA CORRE COM PS | DE MUITOS E GRANDES VIGARISTAS TAMBÉM REZA A HISTÓRIA


Bom dia e bom almoço. Depois do repasto vai cair bem a cafeína da realidade, pois por aqui a cafeína é apenas virtual. O Curto de hoje vem pela lavra de Miguel Cadete. Vem lançado com as eleições em França e o duelo Macron versus Le Pen, a Marine Fasciste. Não vamos por aí porque os franceses é que sabem se querem fome e porrada, limitações severas da liberdade, ou se não querem. Se escolherem fome e porrada e um grande adeus à liberdade, à democracia (mesmo que seja mínima), então, mes amis, o problema é vosso no imediato (depois também será da Europa). Au revoir, mon cher ravi par le serpent fasciste!

Para nós existem outros temas que queremos salientar nesta abertura que vai desembocar no Expresso Curto. Para já o Rui Moreira presidente do município do Porto, esse tal independente que venceu nas eleições anteriores, teoricamente sem o apoio do PSD mas com o do PS e do CDS. Nas eleições que se aproximam, as autárquicas, Rui Moreira vai novamente às boas, é candidato. Independente, sem o apoio teórico do PSD. Vai a uma reeleição (mais que certa) mas só com o apoio do CDS (declarado). Moreira escamou-se com o PS por via do dito e redito pela secretária-geral-adjunta do partido chefiado pelo Costa. Ela tem a boca grande e por isso desagradou a Moreira, que quer ser independente (esta é para rir). A senhora disse e redisse que Moreira iria ganhar o Porto e isso seria uma grande vitória do PS. Moreira não gostou e mandou o PS às urtigas. É tudo golpes e contra-golpes, política porca, como de costume. Eles é que já estão tão habituados às políticas porcas que acham isso tudo natural. Está bem.

Moreira vai ganhar e o PS está metido numa camisa de 200 varas porque não tem candidato com força para fazer figura decente nas eleições autárquicas no Porto. Fim da história. Por agora.

Falemos agora do grande vigarista Ricardo Salgado (por tudo que sabemos e não sabemos, o visto e o não visto). É dito mais em baixo que o sujeito desviou 4,5 milhões de euros para uma conta bancária da sua mulher, na Suíça. Ora, ora, e foram só estes milhões? Dele esperamos tudo… de mau. É que a conclusão foi da lavra dos que investigam a tal Operação Marquês, o Caso Sócrates. De Sócrates ainda estamos para ver mas que aquele salafrário Salgado aparece com ares de DVT, para além de DDT, isso é limpinho e nem tem espinhas. DVT? Perguntarão. Pois, Dono das Vigarices Todas. Só por isso, pela sua propensão vigarista, era Dono Disto Tudo. Fará na história, provavelmente ainda mais condecorado por seus pares. De muitos e grandes vigaristas também reza a história.

E que tal se acabarmos aqui esta lauda costumeira que colamos ao Expresso Curto? Boa ideia!

Bom fim-de-semana. Não vá ao futebol, deixe-os a berrarem até que aquela máfia toda ganhe juízo e decência. Continue a ler, o Curto vale isso. O autor também, senhor Cadete, com galões de diretor-adjunto lá no burgo Balsemão Bilderberg. Pois.

MM | PG

Bom dia, este é o seu Expresso Curto 

Miguel Cadete | Expresso

O charlatão que não vai aparecer nas eleições francesas

Só um charlatão, numa ruela de má fama, como dizia a canção, pode garantir que Emmanuel Macron vai ganhar a eleição para a presidência de França no próximo domingo. Mas os sinais de uma vitória do candidato do movimento En Marche avolumam-se desde o debate televisivo de quarta-feira.

Não só as sondagens que questionaram os espectadores sobre quem tinha levado a melhor entregavam a vitória a Macron, descrevendo um combate ganho por KO, como a generalidade dos comentadores sublinhou a sua melhor prestação na mais dura e desordenada discussão de sempre, como escreveu, ontem, Daniel Ribeiro no Expresso Diário.

As últimas sondagens sobre o sentido de voto, como aquela hoje publicada pelo canal de notícias BFMTV e pelo “L’Express”, vão no mesmo sentido. A distância entre Marine Le Pen e Emmanuel Macron terá aumentado em 3 por cento depois do debate, cifrando-se, quando faltam dois dias para a ida às urnas, em 38% contra 62%. Em França, ao contrário do que sucedeu no Brexit e na eleição de Donald Trump, as sondagens acertaram nos resultados da primeira volta.

Não menos significativa terá sido a reação de algumas personalidades identificadas com a extrema-direita, senão mesmo como a Frente Nacional, como é o caso de Jean Marie Le Pen, que criticaram violentamente a prestação da sua candidata.

Em declarações à RTL, o fundador do Frente Nacional chegou mesmo a dizer que faltou “estatura” à filha. Karim Ouchikh, presidente do SIEL, um pequeno partido próximo da FN, considerou a argumentação de Marine Le Pen “indigente”. O deputado Jérôme Rivière, hoje nas listas da Frente Nacional, afirmou-se “desiludido”. Gilbert Collard, outro deputado próximo de Marine Le Pen, criticou a estratégia da sua candidata por não ter atacado Macron quando devia, na questão do euro, deixando a impressão de que as hostes Lepenianas esperavam do confronto televisivo uma clara vitória que recolocasse Marine à frente. Essa terá sido uma oportunidade desperdiçada.

Mais curiosa, por ventura será a sondagem publicada nos “Les Echos” e que se dedica a prever o resultado das eleições legislativas que irão decorrer já em junho (11 e 18). Contrariando todas as expectativas, o movimento En Marche de Emmanuel Macron poderá sair vencedor, conquistando entre 249 e 286 deputados, perto da maioria absoluta e muito à frente da direita (Republicanos mais UDI), que conquistariam entre 200 e 210 lugares. De acordo com essa mesma sondagem, a Frente Nacional – frequentemente considerada o maior partido francês – teria entre 15 e 25 deputados. O PS francês seria trucidado (entre 28 e 43 lugares) e a extrema esquerda não conseguirá mais do que 6 a 8 deputados. Parece que foi virada a página do radicalismo populista?

Pois bem, Barack Obama expressou ontem publicamente o seu apoio a Emmanuel Macron. O ex-Presidente frisou que “o sucesso da França interessa a todo o mundo”, apoiando a estratégia do candidato do En Marche! Pois apela “às esperanças e não aos medos”, para terminar com um solene “Vive la France!”

Nada de novo para quem vê esta disputa como uma renovada luta entre nacionalistas e adeptos da globalização, como sublinhou Ricardo Costa no Expresso Diário, ao destacar a incompetência e a impreparação de Marine Le Pen, denunciadas por um Macron que jogou os argumento liberais e aqueles que são próprios dos que defendem a democracia sem medo de confrontar a sua adversária a quem chamou “imbecil” repetidas vezes.

Sem citar os protagonistas desta eleição, vai nesse mesmo sentido o artigo de Henrique Monteiro, também no Expresso Diário, onde conclui que “basta um conjunto de fotografias de Lisboa e de Portugal há 30 anos para vermos a radical diferença de estarmos com a Europa e de a Europa estar connosco”.

No domingo, quando os franceses forem votar, também se decidirá grande parte do futuro dos portugueses. A Europa tombará para um lado ou para o outro; mas não se ouvirá a canção de José Mário Branco e Sérgio Godinho citada no início deste Expresso Curto, muito provavelmente escrita em França, nos alvores da década de 1970: “Entre a rua e o país/ vai o passo de um anão/ vai o rei que ninguém quis/ vai o tiro dum canhão/ e o trono é do charlatão”. Afinal, a escolha agora é nossa.

OUTRAS NOTÍCIAS

Caso BES volta às primeiras páginas dos jornais. O “Correio da Manhã” diz que Ricardo Salgado desviou 4,5 milhões de euros para uma conta bancária da sua mulher, na Suíça. A investigação da Operação Marquês pediu às autoridades helvéticas elementos sobre as contas de Maria João Salgado.

Já ontem, Martinho da Cruz, o contabilista do Luxemburgo da Espírito Santos International, havia admitido, em tribunal, que se tinha esquecido de 1,3 milhões de dívida para salvar o Grupo Espírito Santo. As audições decorrem em Santarém, no Tribunal da Concorrência.

No “Jornal de Negócios”, todo o destaque vai para a informação que revela ter Zeinal Bava aderido, em 2012, ao mesmo perdão fiscal de Ricardo Salgado, de modo a trazer para Portugal parte do dinheiro que alegadamente terá recebido do BES. A investigação estima que Zeinal, ex-CEO da PT, terá recebido 25,2 milhões do saco azul do BES.

Ainda no “Jornal de Negócios”, José Dirceu, que teve ordem do tribunal brasileiro para ser libertado, é suspeito de também ter recebido pagamento, não só dos GES mas também da PT.

A Ongoing, que com capital do BES tinha uma participação na PT e relações com o política brasileiro, vê o círculo apertar-se.

Fundação Ricardo Espírito Santo tem salários em atraso, lê-se na manchete do “Diário de Notícias”. A instituição dedicada às artes decorativas ainda está a sofrer os efeitos da queda do Banco Espírito Santo. O vice-provedor da Santa Casa da Misericórdia, que acudiu a FRESS, garante que a situação ficará regularizada nos próximos dias. A denúncia foi feita por um trabalhador.

Portugueses gastam 3,1 mil milhões de euros em jogo. As contas estão no “Jornal de Notícias”, no “Jornal de Negócios” e no “Correio da Manhã”. Há seis empresas de apostas online oficiais e a Santa Casa entra até ao final do ano nesse ramo de um negócio que tem a Raspadinha como best seller. São 3,7 milhões de euros aplicados por dia apenas neste jogo popular.

Em 2016, o valor gasto no jogo subiu 23%. O mais recente, o Placard, é o que conhece o maior crescimento mas é a Raspadinha que já representa cerca de metade do total gasto por portugueses à procura da sorte.

Hospital do Porto já recebeu cinco jovens automutilados. Ferimentos atribuídos ao jogo Baleia Azul começam a revelar casos como os do Hospital Magalhães Lemos que atendeu cinco menores nos últimos dias.

Trabalhadores com 48 anos de descontos podem pedir reforma sem penalizações caso tenham 60 anos. São 18 mil os portugueses que podem pedir reforma por terem descontado ao longo de 48 ou mais anos. O ministro do Trabalho, Vieira da Silva, anunciou que o novo sistema de reformas será introduzido ao longo de três fases. A primeira tem lugar ainda este ano com a “proteção das muito longas carreiras contributivas e/ou trabalho infantil ou jovem com descontos para a Segurança Social”, disse citado pelo “Jornal de Notícias”.

FRASES

“No modelo tradicional, que seguimos ainda em Portugal, as pessoas participavam politicamente nas eleições, nos referendos se os houvesse, e a coisa fica-se por aí, tudo o resto é uma integração política mediada por instituições que são os partidos”. Morais Sarmento, ex-dirigente do PSD, em conferência dos estudantes social-democratas da Faculdade de Direito de Lisboa

“A minha mãe era assistente social, tratou de crianças com deficiência e trabalhou nos bairros de lata de Lisboa, como o Casal Ventoso”. Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente, no Dia da Mãe, citado pelo jornal “i”

“O Presidente não é uma entidade independente e técnica”. Maria Luís Albuquerque, ex-ministra das Finanças, em entrevista à TSF

“Tudo indica que antes do verão sairemos do Procedimento por Défice Excessivo”. António Costa, primeiro-ministro, no jantar da Câmara do Comércio Luso-Colombiana

“Não consigo discordar da política migratória da senhora Le Pen”. Alberto Gonçalves, cronista, no jornal “i”

O QUE ANDO A LER

O segundo volume de “Casamentos da Família Real Portuguesa” intitulado “Diplomacia e cerimonial” (Círculo de Leitores, 2017) já está disponível. Tal como sucedia no primeiro tomo, que aqui também mencionei, volta a ser abordada a importância e as várias nuances dos casamentos dos reis e rainhas de Portugal. Uma importância e um interesse que decorrem, obviamente, das alianças que se pretendia estabelecer.

Por isso, no último capítulo, assinado por Leonardo Carvalho-Gonçalves, lê-se logo o seguinte: “O que é extremamente raro encontrar-se num casamento régio na Idade Média, no Período Moderno e no princípio da Época Contemporânea é o amor entre os noivos antes do matrimónio”. Uma separação inicial que, contudo, não era levada até à eternidade. Antes pelo contrário.

Em “Juntos (ou não) para sempre?”, o autor dedica-se a estudar o sepultamento dos reis e rainhas de Portugal acabando por se confirmar que são inúmeros os casos - ainda que não existam provas para todos – de que o casal era sepultado no mesmo local senão no mesmo túmulo.

Uma paridade que contudo não era exatamente observada, sobretudo devido ao papel predominante dos reis. “A morte é igual para todos”, ainda assim “a rainha consorte não detém em si um poder político oficial”, porém “se existe um novo monarca que restaura o equilíbrio perdido do reino, é por que, a priori, há uma rainha que o pôs no mundo”.

Malhas que o império tece: a questão do género na monarquia, onde se privilegia, uma ligação natural entre o chefe de Estado e o seu antecessor, conhece cambiantes que lhe oferecem uma peculiaridade por vezes extrema.

O caso do sepultamento de D. Pedro e de Inês de Castro, em Alcobaça, em dois dos mais espectaculares túmulos que existem em Portugal, são um bom exemplo. Não pela lenda, dificilmente comprovável, de o rei ter obrigado toda a corte a beijar a mão de Inês sentada num trono já depois desta ter sido assassinada, mas pela simples razão de não ser a sua mulher legítima. A infanta D. Constança Manuel, realmente casada com D. Pedro, havia de ser sepultada bem longe, em Santarém.

Em Alcobaça, a estátua jacente apresenta Inês de Castro coroada, reconhecendo-a como rainha e mulher do rei, apagando “a conotação de pecado associada à história do seu amor”.

Ou seja, trata da construção de um mito que seria considerado fundamental para a identidade portuguesa mas, sobretudo, para a imagem do próprio rei D. Pedro.

Sendo o casamento uma instituição em dissolução, por estes dias, continua a ser determinante na esfera política para a definição dos papéis dos seus principais atores. Donald Trump é um bom exemplo. Emmanuel Macron é outro.

Tenha um bom dia. Amanhã o Expresso estará nas bancas. Até lá, todas as notícias atualizadas em permanência estão no Expresso Online. O Expresso Diário chega pelas 18 horas.

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