O presidente da Liga dos Bombeiros disse, esta quarta-feira, que algumas infraestruturas podem dar origem a incêndios. Em entrevista na “21ª Hora” da TVI24, Jaime Marta Soares sublinhou, por exemplo, que existem postes de alta tensão na zona de mato que foi afetada pelo incêndio de Pedrógão Grande.
A 30, 40 metros debaixo passa uma linha de média tensão, que não estava tão limpa por baixo como devia estar, como a lei manda. Tem árvores a bater na própria linha, que pode perfeitamente ter feito esse contacto, mas também temos o chamado arco voltaico, em que as linhas em torno de si têm uma auréola, ou com humidade ou com muito calor (…) se as linhas se tocarem, tocando o arco, dá chispas que podem perfeitamente ter feito o incêndio”, afirmou.
“Queria que a PJ, a GNR, as autoridades aprimorassem, que isto se apure, se analise”, acrescentou.
Sobre as condições meteorológicas, Jaime Marta Soares sublinhou que “não houve nenhum raio nem positivo nem negativo” que pudesse ter provocado o incêndio. Para comprovar a afirmação, o presidente da Liga dos Bombeiros socorreu-se de um gráfico do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), que mostrou em estúdio e que afirmou ter desaparecido do site do IPMA “duas horas depois” de lá ter sido colocado.
O relatório do IPMA sobre o incêndio de Pedrógão Grande revela que só há 5% de probabilidade de a ignição ter sido provocada por trovoada, tese inicialmente defendida pela Polícia Judiciária.
Em conferência de imprensa, complementar ao relatório já conhecido, o IPMA assumiu esta quarta-feira uma vez mais, que há uma probabilidade baixa de terem ocorrido descargas elétricas (raios) na proximidade do local e na hora de início do incêndio de Pedrógão Grande.
Além da possibilidade de a causa da ignição estar na linha de média tensão, e tendo em conta o relatório do IPMA, Jaime Marta Soares voltou a defender a ideia de que o incêndio pode ter tido origem criminosa.
As pessoas questionaram-me se eu sabia do que lá se passava [em Pedrogão Grande] e diziam-me esta frase: ‘Tanto tentaram, tanto tentaram, que conseguiram’. (…) Não houve nenhuma causa natural. No último mês naquela zona houve 10 ignições, alguém a tentar lançar fogo. Fazendo 1+1=2, não havendo trovoada, mantenho o que disse naquela altura: suspeito de mão criminosa.”
Seja como for, o presidente da Liga dos Bombeiros mostrou-se impressionado com a dimensão da tragédia.
“Nunca vi nada igual em 55 anos de combate aos incêndios, nunca vi a natureza tão zangada”, rematou.
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