Piruka, You Can’t Win, Charlie Brown, Blind Zero e Capitão Fausto estiveram presentes no segundo dia do Douro Rock, em Peso da Régua.
Os You Can’t Win, Charlie Brown foram a segunda banda a pisar o palco do Douro Rock, no dia 12 de agosto. E, algumas horas antes do concerto, tivemos a oportunidade de conversar com o Salvador, o Tomás e o David acerca das expectativas para o festival, e do seu mais recente álbum.
Estão a pouquíssimas horas do concerto no Douro Rock. Quais são as expectativas para logo à noite?
Salvador: Eu vi há pouco uma fotografia dos GNR a tocar ontem e estava bastante cheio! Por isso, as minhas expectativas estão altas! Espero que esteja muita gente.
Tomás: E, sobretudo, que as pessoas gostem do nosso concerto.
O facto de saberem que estava muita gente ontem deixa-vos mais nervosos?
Salvador: Não. Há mais nervosismo se estiver vazio. Aí é que é mais chato (risos).
No ano passado, vocês lançaram o vosso álbum mais recente, Marrow. Como tem sido a reação por parte do público?
Salvador: Eu acho que, para este disco, é mais fácil haver reações mais efusivas. Como a própria música acabou por ser também mais efusiva, acaba por puxar mais o público. A música que fazíamos anteriormente podia ser mais introspetiva e isso fazia com que as pessoas acabassem por reagir menos. A reação agora se calhar é mais imediata.
David: Sim, eu acho que, em concerto pelo menos, a reação é mais efusiva. Mas porque a música também é mais para fora do que para dentro.
Antes a música era mais individual e agora é mais “banda”, digamos assim...
Salvador: Sim, mesmo pela própria concepção do disco. Foi um disco mais feito em banda do que os outros. E isso acaba por se refletir também na banda e depois no público.
Há pouco eu falava com o Miguel Guedes que me dizia que a cada novo cd os Blind Zero preocupam-se mais em inovar. Neste cd, a vossa música é mais elétrica. Inovar também é um dos vossos objetivos a cada álbum novo?
David: Sim, eu acho que é inevitável a pessoa não se querer repetir. Se estás numa estrada e vais por aquela estrada muitas vezes, vais por outro caminho para experimentar como é que funciona. Não acho que seja diferente porque tem de ser diferente. Sabe bem fazer diferente para não se fazer o mesmo que se fez e depois o resultado final acaba por ser, também ele, diferente.
Salvador: Sempre que nós compômos uma música, ela nunca pode ter a mesma fórmula que outra já teve. Porque, criativamente, isso não nos dá gozo. Por isso, tentamos sempre fazer qualquer coisa que nos desafie.
Eu achei o vídeo da Above The Wall bastante curioso. Como é que surgiu essa ideia?
Tomás: A ideia surgiu porque a própria música puxa um bocado aquele sonzinho que ouvimos no vídeo. E, depois, a música tinha um nome que não era Above The Wall, não tinha letra ainda e pegámos um bocadinho nesse conceito de uma pessoa subir uma montanha e passou a ser um jogo em que tens vários níveis. E, pronto, ele está sempre a escalar até chegar à lua.
A verdade é que todos vocês têm vidas paralelas para além da banda. É muito difícil concilar tudo?
Tomás: Não (risos).
Salvador: É, da minha parte, é (risos). É muito complicado.
David: Eu acho que é difícil. Mas, quando queres muito fazer uma coisa, acho que é possível. Claro que se fores, realmente, ocupado de milhões de formas diferentes não consegues fazer tudo ao mesmo tempo. Mas se tiveres noção do tempo que precisas para fazer cada coisa acho que, não é igual a se não fizesses mais nada, mas é possível que aconteça.
Voltando ao concerto de logo à noite, como é que se sentem, sendo uma banda mais recente, em dividir o palco com bandas como os Blind Zero que já existem há mais de vinte anos?
Salvador: Para já, conhecemo-nos. Eles acabaram de fazer o soundchec, nós fomos fazer o nosso e notou-se que há respeito. E o facto de eles terem vindo falar conosco, e depois nós termos ido falar com eles, faz-nos perceber que, no fundo, acabamos todos por ser músicos. Por isso, sim, acho que nos respeitámos.
David: Eu acho que podia haver aquela ideia “ah, não, as bandas mais novas não têm as mesmas oportunidades que as bandas mais antigas”. Mas acho que, neste caso, o facto de podermos tocar em palcos grandes e partilhá-los com bandas mais antigas faz esta ligação que o Salvador referiu. A música, no fundo, é uma só e o que importa é que as pessoas gostem dela para que o festival aconteça e para que a música se faça ouvir.
Os You Can’t Win, Charlie Brown pisaram o palco pouco depois das 22h45, numa atuação que não deixou o público indiferente.
Por Cátia Sofia Barbosa.
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