A associação ambientalista Zero diz que praticamente todos os sistemas de águas subterrâneas em Portugal estão poluídos com químicos da agricultura e pecuária. A Zero analisou, entre 2001 e 2015, 55 dos 62 sistemas aquíferos e concluiu que todos contêm azoto amoniacal e nitratos. Muitos dos pontos de água poluídos são locais de abastecimento público.
A situação é "preocupante", diz a Associação Zero, e é preciso controlar e fiscalizar o uso destes químicos. A Zero defende mesmo a retirada de apoio ao agricultores que os utilizem em excesso como fertilizantes, "em particular os de origem industrial".
A associação ambientalista explica que a situação deve-se à agricultura e pecuária intensivas, que usam azoto amoniacal, que chega aos solos pelas descargas da indústria pecuária ou pelo uso de estrume, e nitratos que provêm dos fertilizantes agrícolas.
Em 46 dos sistemas aquíferos a Zero encontrou poluição por azoto. Por nitratos em 29.
Água que bebemos
Nos cursos subterrâneos, divididos por quatro zonas (Maciço Antigo, Orla Ocidental, Orla Meridional e Bacia do Tejo-Sado), há 7.900 hectómetros cúbicos de água, "oito vezes mais do que as necessidades anuais de abastecimento público", afirma a Zero. "Trata-se de um volume de água essencial para prevenir os riscos cada vez mais evidentes e recorrentes de escassez hídrica", mas "a poluição pode colocar em causa a utilização atual e futura destes recursos".
Nos dados analisados, provenientes do Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos, contam-se 6.016 captações de águas subterrâneas de onde se retira 33% do total da água potável consumida no Continente.
"Muitos dos pontos de água poluídos coincidem com pontos de abastecimento público", frisa a Zero.
A lei em que se consagra a prevenção da poluição por nitratos, é "letra morta", concluiu a Zero, olhando para a prevalência da poluição com estes químicos, que existem em concentrações acima do máximo de 50 miligramas por litro em 42% dos aquíferos analisados.
A Zero quer saber que papel têm as direções regionais e geral de Agricultura no meio deste "descontrolo total" e defende que se reúna informação sobre os sistemas para os quais não existem dados.
Por isso, defende que seja avaliado imediatamente o Programa de Ação para as Zonas Vulneráveis, e que sejam declaradas mais zonas e alargadas as existentes.
A associação ambientalista exige ainda que haja fiscalização eficaz nas explorações pecuárias, que têm que conseguir tratar as suas águas residuais.CNA atribui culpa da situação às grandes empresas produtoras do setor agrícola
Em declarações à Antena 1, João Dinis, presidente da Confederação Nacional de Agricultura, diz que não se pode meter os pequenos e os médios agricultores no mesmo saco e atribui a culpa da poluição da água às grandes empresas produtoras do setor agrícola.
Diz este responsável que o pequeno agricultor, com práticas de cultura familiar, já não tem dinheiro para comprar pesticidas, muito menos para aplicar estes químicos em grandes doses.
Fonte: RTP Notícias
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