terça-feira, 20 de março de 2018

Cientista russo confirma existência de projeto de armas químicas "Novitchock"

Cientista russo confirma existência de projeto de armas químicas Novitchock

Um cientista russo citado hoje pela agência estatal Ria-Novosti disse que trabalhou no projeto de armas químicos "Novitchok", implicado no envenenamento de Sergei Skripal, contrariando a posição de Moscovo de que este programa não existia.

"Novitchok não é uma substância, é todo um sistema de armas químicas", disse Leonid Rink, em entrevista à Ria-Novosti, que o apresenta como um dos criadores deste programa.

O agente neurotóxico Novitchok foi apontado por Londres como sendo a fonte do envenenamento do ex-agente duplo russo Sergei Skripal e da sua filha, no passado dia 04 de março, em Salisbury, no sul de Inglaterra.

"Eles ainda estão vivos, o que significa que ou não era o sistema Novitchok ou estava preparado de forma errada", disse Rink à Ria-Novosti.

A existência deste programa e a sua fórmula química foram reveladas pelo químico russo agora refugiado nos Estados Unidos Vil Mirzayanov, segundo o qual estes agentes de máxima eficácia foram desenvolvidos na década de 1980 por cientistas soviéticos.

Após as acusações de Londres, Moscovo negou a existência de qualquer programa de desenvolvimento de armas químicas chamado "Novitchok", tanto no tempo da URSS como na atual Rússia.

"Um grande grupo de especialistas estava a desenvolver o Novitchok em Moscovo e Chikhany: técnicos, toxicólogos, bioquímicos (...) Conseguimos um resultado muito bom", afirmou Leonid Rink à Ria-Novosti.

Segundo disse, durante o período soviético este sistema foi designado por "Novitchok-5". "Este nome nunca foi usado sem o número que lhe estava associado", acrescentou.

Rink disse não acreditar que a Rússia esteja por trás do envenenamento de Sergei Skripal, hospitalizado em estado crítico, porque sabe que o uso deste agente neurotóxico pode ser rastreado.

"Disparar num indivíduo, que não apresenta qualquer interesse, um míssil deste calibre e depois fazê-lo sem alcançar o objetivo é o auge da estupidez", defendeu.

De acordo com o químico, a tecnologia do projeto "Novitchok" é acessível "para qualquer estado desenvolvido" ou grande empresa farmacêutica.

"Desenvolver essa arma não é problema", considera.

Questionado hoje pela Agência France Presse sobre a entrevista publicada na agência estatal Ria-Novosti, o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo manteve a sua posição: "Não havia qualquer programa de pesquisa e desenvolvimento sob o nome Novitchok".

O caso levou já a primeira-ministra britânica a anunciar no dia 14 a "suspensão de contactos bilaterais" com Moscovo e a expulsão de 23 diplomatas russos, aos quais foi dado o prazo de uma semana para deixarem o Reino Unido.

Depois disso, a Rússia reagiu e anunciou no dia 17 a expulsão de 23 diplomatas britânicos e o fim das atividades do British Council no país.

Numa entrevista à BBC, o ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, Boris Johnson, disse no domingo que Londres tem "evidências" de que a Rússia "desenvolveu e armazenou" o Novichok, o agente neurotóxico usado para envenenar Sergei Skripal e a sua filha, Yulia.

Os chefes de diplomacia da União Europeia (UE) condenaram na segunda-feira o envenenamento do ex-espião russo e da sua filha e admitiram considerar altamente provável o envolvimento da Rússia, como defende o governo britânico.

Em comunicado, os ministros dos Negócios Estrangeiros dos 28, reunidos em Bruxelas, consideraram que "a vida de muitos cidadãos foi ameaçada por este ato impiedoso e ilegal" e assumiram levar "extremamente a sério" a avaliação do Governo do Reino Unido de que é "altamente provável" que a Rússia seja responsável pelo envenenamento dos Skripal.

Fonte: RTP Noticias

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