Na aldeia onde nasci, um dos elogios melhores que se podia fazer a alguém, era dizer que é uma “pessoa de boas contas”. Tinha sempre as boas vindas nos comércios e era respeitada por todos os conterrâneos que as elegiam para os cargos de responsabilidade pública da aldeia. Infelizmente este elogio hoje não se pode fazer a muitos dos nossos políticos que têm as responsabilidades públicas do nosso país.
Que o digam os donos das livrarias, a quem não pagam os livros que ofereceram aos alunos das escolas, ou os donos de transportes a quem não pagam e parte dos passes sociais dos estudantes que lhes pertencem; que o digam os gestores dos hospitais a quem não pagam os encargos que têm e acumulam dívidas enormes, ou as IPSS que não recebem o que lhes prometeu a Segurança Social. Alguns deputados da Assembleia da República dão moradas falsas para adquirir subsídios de deslocações que não fazem, marcam presenças a colegas que não estão no Parlamento, para não terem faltas injustificadas… Não são mesmo de boas contas!
Os partidos políticos têm as suas contas por aprovar desde 2010 e mesmo em risco de prescrever, porque a Entidade de contas e financiamentos públicos, por eles nomeada, não tem, segundo o presidente da Associação de Transparência e Integridade, capacidade para as fiscalizar e “não consegue controlar nada de objetivo” por falta de pessoal e meios. Campanhas eleitorais, contas de partidos, etc., não têm um modelo padrão e são incontroláveis. Não admira que haja tantos processos por corrupção e desvio de verbas, embora poucos cheguem ao fim, quer por morosidade dos tribunais, quer por dificuldade nas provas.
O pior é que é esta gente que continua a controlar o dinheiro dos nossos impostos, as nossas contas públicas que são comuns a todos. Precisamos de políticos sérios, que sejam pessoas de boas contas, a começar pelos orçamentos de Estado, pondo neles só aquilo que têm e podem gastar evitando a despesa não executada pelas cativações...
Agostinho Dias - 22/11/2018
reconquista
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