♦ Fonte: Revista Catolicismo, Nº 816, Dezembro/2018
Catolicismo assinala com pesar o falecimento de seu insigne colaborador Mons. José Luiz Marinho Villac. Aos 89 anos, confortado com os Sacramentos da Santa Igreja, o passamento ocorreu nas primeiras horas do dia 27 de outubro último, na Santa Casa de Misericórdia de Ribeirão Claro (PR).
Nascido de tradicional tronco paulistano no dia 26 de julho de 1929, foram seus pais o Sr. José Alexandre Isnard Villac e Da. Anna Luiza Marinho Villac, católicos exemplares que o orientaram desde muito cedo para o serviço da Igreja. Foram etapas de sua formação religiosa a Cruzada Eucarística, a Congregação Mariana do Colégio São Luiz (SP) dirigida pelo Pe. Walter Mariaux S.J., o grupo de amigos constituído pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira e o Seminário de São Leopoldo no Rio Grande do Sul, coroada com sua solene ordenação sacerdotal no dia 1º de dezembro de 1957 pelo Bispo de Jacarezinho (PR), Dom Geraldo de Proença Sigaud, que o convidou para a sua Diocese.
Iniciou-se assim uma longa trajetória — 60 anos de zelo apostólico e dedicação à causa contra-revolucionária — resenhada por esta folha na edição de janeiro de 2008 a propósito da celebração de seu Jubileu de Ouro Sacerdotal. Cingimo-nos aqui a destacar alguns aspectos marcantes de sua rica existência.
O jovem José Luiz com seus pais |
Catolicismo se honra de ter contado com Mons. José Luiz, desde 1996, entre seus mais destacados e apreciados colaboradores. Sua coluna A Palavra do Sacerdote, publicada mensalmente, era das mais lidas, constituindo verdadeiro curso de doutrina católica em resposta a consultas dos leitores.Mons. José Luiz foi verdadeiro e zeloso sacerdote de Nosso Senhor Jesus Cristo. Irradiava profunda vida interior e sabia cercar sua pessoa e seus atos da gravidade conveniente ao seu ministério. Confessor inflexível, diretor de almas, conselheiro, pregador de retiros, administrador, reitor de seminário, a todos atendia, orientava, aliviava e estimulava nas vias de Deus.
Merece especial destaque sua particular relação com o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, seu padrinho de Ordenação Sacerdotal. No período entre o Colégio São Luiz e o Seminário de São Leopoldo, o jovem José Luiz integrou o “Grupo do Dr. Plinio”, estabelecendo-se então entre ambos profunda afinidade de pensamento e de propósitos, a qual haveria de perdurar por toda a vida. Dr. Plinio tinha em seu afilhado de ordenação grande confiança como confessor e orientador de consciências, e a ele recorreu inúmeras vezes para a solução de questões canônicas ou espirituais. E Mons. Villac reconheceu em Plinio Corrêa de Oliveira a vocação princeps de denunciar a Revolução e empreender a Contra-Revolução, uma visão ordenativa para toda ação apostólica em nossa época. Por feliz disposição da providência, esse admirável sacerdote foi quem ministrou os últimos sacramentos a seu padrinho de Ordenação Sacerdotal.
Pouco depois de conhecida a notícia do falecimento de Mons. José Luiz, deslocaram-se para Ribeirão Claro numerosos amigos e grupos desejosos de prestar-lhe suas últimas homenagens. Já pela manhã, a capela da Fazenda Nossa Senhora das Lágrimas — de sua propriedade, e onde residia — estava tomada por denso público revezando-se em fervorosa prece pelo falecido. Entre seus familiares destacavam-se suas irmãs Da. Ana Maria Villac de Faria e Da. Maria Bernadette Villac Adde e sobrinhos, além das senhoras da Associação das Filhas de Nossa Senhora das Lágrimas (AFNSL), filhas espirituais do preclaro sacerdote, notadamente Da. Maria Amélia Marins e Da. Maria de Lourdes da Silva. Representaram o Instituto Plinio Corrêa de Oliveira o Dr. Plinio Vidigal Xavier da Silveira e vários integrantes da entidade. Presentes também numerosos membros da família Silva, que constituíram de longa data um fidelíssimo núcleo de serviço e apoio para seu venerado orientador e sua obra, além de devotados amigos de cidades próximas e da capital paulista. O atual Bispo de Jacarezinho, Dom Antônio Braz Benevente, compareceu para levar sua homenagem e orar por aquele que certamente fora o mais eminente sacerdote de sua Diocese.
Missa de corpo presente celebrada pelo Pe. David Francisquini [Fotos Francisco Machado] |
Missas de corpo presente foram celebradas pelo Pe. David Francisquini, de Cardoso Moreira (RJ), aluno de Monsenhor no Seminário de Jacarezinho nos anos 60, e pelo Pe. Vilmar Pavesi, seu discípulo mais recente, hoje incardinado na Itália, de onde viajou diretamente para as exéquias. Em inspiradas homilias, recordaram as qualidades e virtudes de seu formador, notadamente o poderoso exemplo e estímulo que foi para a vocação sacerdotal de ambos.
Após o Responso, aproximadamente às 17 horas o féretro foi conduzido em cortejo externo até o piso inferior da capela. À entrada dessa cripta ouviram-se os discursos de sobrinhos, de um representante do Prefeito Municipal, da Srta. Silvana de Cássia Ribeiro da Associação das Filhas de Nossa Senhora das Lágrimas, e do Sr. Juan Carlos Voiseau, que nos últimos anos, juntamente com o Sr. Edson Neves da Silva, prestou assistência a Monsenhor. Em meio às últimas claridades de um dia luminoso e ameno, todos puderam penetrar alternadamente na cripta para a derradeira despedida ao seu grande benfeitor espiritual.
No Dia de Finados, 2 de novembro, por encomenda do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, celebrou-se na Igreja Santa Teresinha, no bairro Higienópolis da capital paulista, a Missa de Sétimo Dia, oficiada pelo Cônego Henrique Fragelli, também discípulo de Monsenhor [fotos abaixo]. Destacava-se a presença de irmãs, sobrinhos e outros familiares de Monsenhor Villac; numerosa delegação de senhoras e moças da AFNSL; o Príncipe Dom Bertrand de Orleans e Bragança acompanhado de seu primo Dom Casimiro de Bourbon-Sicílias, que colaborou estreitamente com o jovem Pe. José Luiz na edificação do Seminário de Jacarezinho; diretores do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira — Drs. Adolpho Lindenberg, Eduardo de Barros Brotero, Plinio Vidigal Xavier da Silveira e Celso da Costa Carvalho Vidigal — além de inúmeros colaboradores e amigos.
A vida sacerdotal de Mons. José Luiz Marinho Villac transcorreu quase toda em meio à imensa transformação que se operou na Igreja Católica a partir do Concílio Vaticano II. Ordenado em dezembro de 1957, a convocação dessa assembleia ocorreu pouco mais de um ano depois, em janeiro de 1959. Quaisquer que tenham sido os meandros e os agentes dessa transformação, pelas janelas abertas para receber o “ar fresco” penetrou na Igreja Católica a “fumaça de Satanás” — a expressão é do Papa Paulo VI — numa progressão demolidora que avança em nossos dias com a chamada “mudança de paradigmas”.
Em face desse processo de desfiguração da Santa Igreja, permaneceu inalterável a adesão de Mons. Villac ao paradigma único e invariável, Nosso Senhor Jesus Cristo, à Igreja por Ele fundada e à doutrina por Ela ensinada. Com espírito de Fé, ânimo sobrenatural e o discernimento próprio dos filhos da Luz, soube transpor situações adversas ou dúbias e manteve sempre o acatamento devido à Autoridade, proporcionando assim segura orientação e consistente apoio a quantos buscavam seu conselho.
Agora, na luz celestial junto a Nossa Senhora — a quem era consagrado como escravo e infatigável difusor da Mensagem d´Ela em Fátima — ele por certo se desdobrará a fim de nos auxiliar nas vias da ortodoxia, da virtude e da combatividade católicas.
Fonte: ABIM
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