Os jovens entre os 17 e os 35 anos, conhecidos como ‘millennials’, têm mais dificuldade em pertencer à classe média e ter um emprego estável do que as gerações precedentes, segundo um estudo da OCDE, publicado na quarta-feira.
"Atualmente a classe média mais parece um barco que navega em águas agitadas”, afirmou o secretário-geral da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), Ángel Gurría, a propósito de um relatório apresentado com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento.
Intitulado "Sob pressão: as classes médias em queda", o estudo mostra que nos países da OCDE, 70% dos ‘baby boomers’, a geração pós II Guerra Mundial, conseguiram entrar nas classes médias atingindo a idade dos 20 anos, em comparação com apenas 60% da geração do milénio.
“Essa geração também beneficiou de um emprego mais estável durante a vida ativa que a geração mais jovem", refere o estudo, que também conclui que houve um enfraquecimento da influência económica das classes médias desde meados da década de 80.
"As suas receitas quase não sofreram aumentos nos países da OCDE" e "o custo dos bens essenciais para a classe média aumentou mais do que a inflação", lê-se no relatório.
O documento alerta que uma em cada cinco famílias da classe média “gasta mais do que ganha".
Essa situação, acrescenta o relatório, é ainda mais preocupante porque o “sobre-endividamento também é maior do que nas classes sociais alta e baixa”.
"Nas últimas duas décadas, os preços das habitações subiram três vezes mais rápido do que o orçamento médio familiar”, sustenta a OCDE.
Nos últimos 30 anos, a proporção de elementos da classe média entre a população geral diminuiu de 64% para 61%, estima a OCDE que há vários anos pede aos países uma distribuição mais equitativa do dinheiro para as famílias.
Segundo a organização, as classes médias “são cruciais para a economia”, sendo elas que suportam o consumo e estimulam uma grande parte dos investimentos em educação, saúde e habitação, desempenhando também um papel fundamental no apoio à proteção social dos contribuintes”.
Empregos temporários ou instáveis, muitas vezes com salários mais baixos e pouca segurança substituem cada vez mais os empregos tradicionais de classe média, sendo necessário mais investimento nos sistemas de ensino e na área vocacional.
Em conclusão, a OCDE apela aos Governos para fazerem mais em prol dos trabalhadores.
“Os Governos devem ouvir mais as preocupações dos cidadãos, mas também proteger e promover os padrões de vida da classe média", disse Ángel Gurría.
A OCDE é uma organização global que promove políticas para melhorar o bem-estar económico e social.
Lusa / MadreMedia
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