O antigo
primeiro-ministro José Sócrates afirmou hoje que o Governo liderado por António
Costa já não é "provisório" e criticou o "empenho excessivo"
do executivo no caso do BPI, considerando-o como "um erro".
"Acho que
o decreto foi um erro e um erro do Presidente da República. Julgo que há uma
precipitação do Governo em intervir diretamente", afirmou José Sócrates,
em entrevista à Antena 1.
Na entrevista,
José Sócrates questionou o papel do Banco de Portugal no caso e as razões pelas
quais não fez uma intermediação, "como sempre aconteceu".
"O
empenho do Governo neste caso foi excessivo e um erro político, que espero que
possa ser corrigido e ter um desenvolvimento que não traga prejuízos para o
país. Mas o Governo fez isso com boa intenção de resolver um problema",
salientou.
Sobre o Governo
de António Costa, José Sócrates disse que "começou como provisório",
mas que "já não é" um Governo provisório.
Mas,
considerou, que vai enfrentar muitas dificuldades.
"Veja a
posição da Comissão Europeia, absolutamente extraordinária. Aquilo não são opiniões
técnicas, cientificas, aquilo são opiniões ideológicas. Eles falam de reformas.
As reformas são as que o neoliberalismo dominante na democracia de Bruxelas
quer que se façam, isto é, menos proteção no trabalho e menos proteção social.
É por isso que este governo da Europa tem um problema democrático base, que se
tem acentuado", criticou.
Afirmando-se
apoiante do executivo, com o apoio parlamentar do Bloco de Esquerda, PCP e Os
Verdes, José Sócrates criticou a "batalha política que a direita fez contra
o Governo a propósito da legitimidade" deste.
"É uma
batalha política inqualificável, porque só há uma legitimidade política, que é
a constitucional", afirmou.
Mesmo, assim,
garantiu que nunca teria aceitado ser primeiro-ministro sem ter ganho as eleições.
"Agora,
reconheço toda a legitimidade deste Governo e toda a legitimidade do António
Costa", sublinhou.
Na entrevista,
José Sócrates disse também que nunca se candidataria à Presidência da
República, porque é um "homem mais virado para a ação e menos para a
representação" e deixa críticas a Marcelo Rebelo de Sousa.
"Não o
posso acompanhar neste alvoroço. O alvoroço em que ele transforma a Presidência
da República. Acho que o Presidente da República deve ser mais reservado e não
aparecer na televisão todos os dias a comentar os mais diversos assuntos",
afirmou.
À Antena 1,
José Sócrates falou também sobre o processo que decorre contra si em Portugal,
fazendo críticas ao trabalho do Ministério Público e reafirma que as imputações
contra si são "falsas, injustas e absurdas".
Fonte: Lusa
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