sexta-feira, 6 de maio de 2016

EXERCÍCIO FÍSICO PODE ANULAR EFEITO NOCIVO DA POLUIÇÃO DO AR


 
Um estudo da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, sugere que os benefícios para saúde de atividades ao ar livre, como andar de bicicleta ou caminhar, são maiores do que os danos causados pela eventual exposição à poluição durante o exercício.
Todos os anos, mais de 5,5 milhões de pessoas morrem em todo o mundo de forma prematura devido à poluição do ar. Os dados foram reunidos como parte do projeto chamado Global Burden of Disease(“Peso Global das Doenças”).
Por outro lado, a prática regular de exercícios reduz o risco de doenças como diabetes, problemas cardíacos e vários tipos de cancro.
O estudo britânico, levado a cabo por investigadores do CEDAR – uma parceria entre as Universidades de Cambridge e East Anglia, ambas no Reino Unido, e o Conselho de Investigação Médica britânico -, mostrou que mesmo em cidades com altos níveis de poluição, o benefício dos exercícios ainda supera os riscos de se respirar o ar poluído.
Os investigadores usaram simulações por computador para comparar dados sobre diferentes tipos de atividade física e níveis de poluição do ar em diversos lugares pelo mundo, compilando estudos epidemiológicos e meta-análises..
Os cientistas descobriram que, para a média de concentração de poluição em áreas urbanas, o ponto de viragem - quando os riscos dos exercícios começam a superar os benefícios – acontece ao fim de sete horas de ciclismo ou 16 horas de caminhada por dia.

Viagem ativa

Uma forma de as pessoas integrarem a atividade física no seu dia a dia é através de “viagens ativas”: caminhar ou andar de bicicleta ao circular pela cidade.
Essas práticas também podem ajudar a reduzir as emissões de carros e outros meios de transporte – as principais fontes de poluição nas cidades.
O problema é que muitos dos “viajantes ativos” temem inalar poluentes durante a prática de exercício e prejudicar sua saúde – e é precisamente isso que está a ser estudado pela pesquisa de Cambridge.
Já se sabia que as vantagens superam os malefícios em áreas de baixa poluição do ar, mas o cenário ainda é relativo em cidades extremamente poluídas.
“O nosso modelo indica que em Londres os benefícios para saúde da viagem ativa superam sempre os riscos da poluição. Mesmo em Nova Deli, na Índia, uma das cidades mais poluídas do mundo – com níveis de poluição dez vezes maiores que os de Londres -, as pessoas precisariam andar de bicicleta mais de cinco horas por semana até os riscos da poluição superarem os benefícios para a saúde”, disse Marko Tanio, da Unidade de Epidemiologia da Universidade de Cambridge.

Combate à poluição

Apenas 1% das cidades que estão no banco de dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre poluição atmosférica tinham níveis de poluição altos o bastante para começar a anular os benefícios das atividades físicas depois de meia hora de bicicleta por dia, todo dia.
De acordo com a OMS, a média do nível de poluição para cidades no mundo inteiro é de 22 microgramas por metro cúbico.
“Devemo-nos lembrar que uma pequena minoria de trabalhadores nas cidades mais poluídas, como entregadores que usam bicicletas, podem estar expostos a níveis de poluição do ar altos o bastante para anular os benefícios à saúde da atividade física”, acrescentou Marko Tanio.
“Ainda que esta pesquisa demonstre os benefícios da atividade física apesar da qualidade do ar, isso não pode justificar a inação no combate à poluição”, ressaltou James Woodcock, membro do CEDAR e participante da pesquisa.
Para o investigador, a pesquisa reforça a necessidade de “investimento em infraestrutura para tirar as pessoas de dentro de seus carros e colocá-las a caminhar ou andar de bicicleta – o que já pode reduzir os níveis de poluição e, ao mesmo tempo, dar apoio à atividade física”.
ZAP / BBC

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