sexta-feira, 6 de maio de 2016

Portugal. ESCOLAS PRIVADAS. QUEREM SER CHIQUES À CUSTA DOS OUTROS?

Em Dezembro de 2015 a TSF apresentou um trabalho de Nuno Guedes que mostrou que as “Escolas privadas não são tão melhores como se pensa”, e esse foi o título que encontrou para nos situar no seu artigo. Em Dezembro desse ano a verdade era tão verdade como o é no presente, volvidos alguns meses. Isto para não referir as escolas privadas que inflacionam as classificações e aproveitamento dos alunos para parecerem melhores que o ensino público. Muitas escolas privadas existem que são piores que o ensino público.

O sururu criado com esta temática tem que ver com uma realidade que mudou de paradigma. No governo de Passos o previlégio para a escolas privadas foi enorme. Mais de 400 milhões de euros “voaram” para os que olham de soslaio e com superioridade para as escolas públicas. Eram chiques mas usufruíam do dinheiro de todos os contribuintes para serem chiques. De todos os contribuintes. Até do Manel do camião da recolha do lixo, do calceteiro, do pedreiro, do empregado de mesa, do desempregado – que é contribuinte no IVA para comprar as batatas. Presentemente acabou-se a mama. Se fundam escolas privadas para negócio, orientem-se! Façam como a Eugénia da papelaria, o Alfredo do café, a Aurora da peixaria, que não pedem o dinheiro dos contribuintes para manter os seus negócios. Vendo assim, como devem, nem há motivo para protestar. Então, por que é que protestam? Querem ser chiques à custa dos outros? Retirar os recursos da escola pública para os privados? Chicos-espertos. A isso chama-se parasitarismo. (MM / PG)

Escolas privadas não são tão melhores como se pensa

Pela primeira vez o Ministério da Educação tem um indicador que procura controlar a origem social e económica dos alunos recebidos por cada escola. Os resultados também são favoráveis às privadas, mas as diferenças não são tão grandes como nos tradicionais rankings feitos com base, apenas, nos resultados dos exames.

Todos os anos, por esta altura, jornais, televisões e rádios apresentam os rankings das escolas com melhores e piores resultados nos exames e provas nacionais. Valores calculados com base nas notas disponibilizadas pelo governo.

Contudo, os resultados dos estudantes dependem não apenas da qualidade de ensino das escolas, mas também do contexto familiar, social e económico que rodeia a criança ou o adolescente.

Este ano o Ministério da Educação disponibilizou um novo indicador para as escolas básicas do 3º ciclo (7º ao 9º ano). A Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC) chama-lhe "Promoção do sucesso escolar" e explica que, não sendo perfeito, é o melhor indicador para avaliar o desempenho das escolas.

As contas não são fáceis, mas, resumidamente, têm em conta a percentagem de sucesso entre os alunos da escola, comparado-a com a percentagem média nacional para alunos que no início do ciclo de ensino tinham um nível escolar semelhante.

Tendo em conta o nível de partida de cada aluno, procura-se perceber, segundo a DGEEC, "se o trabalho desenvolvido ao longo do 3º ciclo conduziu a resultados inferiores, iguais ou superiores aos dos seus colegas nacionais".

Além de ser menos influenciável pelo contexto socioeconómico da escola, o indicador não premeia a retenção excessiva nem a seleção de bons alunos.

Os resultados do novo ranking

Apresentada a longa explicação anterior, o ranking feito pela TSF volta a apresentar as privadas no topo.

Em média, 53% das escolas privadas ou cooperativas conseguem um desempenho que os técnicos do Ministério classificam como acima da média esperada para alunos com nível prévio semelhante (apenas 8% ficam abaixo).

Do outro lado, nas públicas só perto de 20% têm resultados melhores do que o esperado e quase 30% abaixo.

O ranking feito tem, contudo, boas notícias para a escola pública que consegue colocar 3 estabelecimentos de ensino no top 10, algo que nunca acontece nos rankings tradicionais feitos com base nas notas finais.

As melhores públicas, no top 10, são uma escola básica da Mealhada, a secundária de Montemor-o-Novo e a básica de Minde, em Alcanena.

No ano passado, por exemplo, o ranking da TSF para o 2º e 3º ciclos só tinha uma escola do Estado entre as melhores 40 e aparecia no 18º lugar. E várias das escolas privadas habitualmente no topo continuam bem colocadas, mas descem muitos lugares neste novo ranking.

Na prática, ter em conta o ponto de partida dos alunos diminui as diferenças entre escolas públicas e privadas, mas não as elimina.

Diferenças diminuem mais no secundário

No caso das notas do secundário, a análise feita pela TSF também é diferente dos rankings habitualmente divulgados.

A lógica é semelhante à anterior e baseia-se num indicador que pretende medir a progressão dos resultados a Português e Matemática dos alunos entre os exames do 9º e do 12º ano, comparando com outros alunos do país. Volta-se a ter em conta o ponto de partida.

No entanto, os dados disponibilizados pelo Ministério da Educação não permitem fazer um ranking, mas apenas identificar as escolas que tiveram desempenhos melhores ou piores.
Olhando para os resultados, as diferenças entre privado e público diminuem de forma ainda mais significativa do que no 3º ciclo.

Há algumas diferenças, sobretudo a Matemática, mas a proporção de escolas públicas ou privadas que têm bons (e maus) desempenhos é muito mais semelhante.

Nuno Guedes - TSF

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