– O desaparecimento físico do Comandante Hugo Chavez significou um ponto de viragem e de partida para a retomada duma ofensiva generalizada à escala global por parte dos que sustentam a hegemonia unipolar.
Enquanto em vida ele havia-se tornado num símbolo de luta em benefício de toda a humanidade, pelo que se havia tornado numa afronta e num obstáculo a eliminar, até por que a Venezuela possui as maiores reservas de petróleo do globo e por isso continua a ser um alvo privilegiado para os interesses e as conveniências da aristocracia financeira mundial…
A jornalista Eva Golinger que foi assessora do Comandante Hugo Chavez durante dez anos, é das pessoas que mais informação tem vindo a recolher sobre a possibilidade de ele ter sido assassinado.
Diz ela em conclusão duma entrevista recente que concedeu à revista “Counterpunch” sobre esse assunto:
…”Su inesperada muerte ha tenido un trágico impacto en Venezuela. Lamentablemente, el país está pasando por tiempos extremadamente difíciles. Una combinación de corrupción interna y sabotaje externo por fuerzas de oposición (con apoyo extranjero), junto con la fuerte caída de los precios del petróleo, han paralizado la economía. Agencias de Estados Unidos y sus aliados en Venezuela han aprovechado la oportunidad para desestabilizar aún más y destruir todos los restos que quedan de chavismo. Ahora están tratando de arruinar y borrar el legado de Chávez, pero creo que esto es una tarea imposible”…
– O carácter do exercício da hegemonia unipolar formulado e trabalhado desde 1992 não foi fruto do acaso.
Desde os tempos do colapso do Bloco Socialista do Leste da Europa, do Pacto de Varsóvia e da URSS, que a globalização sob os auspícios da hegemonia unipolar recorreu às filosofias que tornavam possível o domínio de 1% sobre o resto da humanidade, produzidas em Escolas integrantes de Universidades como a de Chicago, ou de Harvard, elas mesmas fundadas pelas elites globais…
Desde a doutrina económica neoliberal de acordo com Milton Friedman, ao caos conforme Leo Strauss, ao “golpe suave” como recomenda Gene Sharp e aos relacionamentos internacionais formulados pelo neoliberal Joseph S. Nye Jr., o manancial de filosofias e doutrinas tem sido enriquecido em reforço dum poder cada vez mais despótico, alienante e avassalador.
A combinação das doutrinas de recurso, proporciona ementas variáveis, com estratégias adequadas às conjunturas no terreno, elas próprias de geometria varável, que determinam onde, como e quando se devem empregar as doses de “hard power” e de “soft power” ou seus termos de persuasão e guerra psicológica, mantendo como manancial subjacente a disseminação do caos por via do jihadismo salafista financiado pelas alianças com as monarquias arábicas e a Turquia.
Os planos de acção conjugam-se no âmbito do exercício da hegemonia unipolar e concorrem para o reforço do carácter do seu exercício.
– A influência de Joseph S. Nye nos relacionamentos internacionais segundo o ponto de vista neoliberal é relevante.
“Coined by Nye in the late 1980s, the term "soft power" -- the ability of a country to persuade others to do what it wants without force or coercion -- is now widely invoked in foreign policy debates. This short book reintroduces the idea and argues for its relevance in forming post-September 11 U.S. foreign policy.
Nye argues that successful states need both hard and soft power -- the ability to coerce others as well as the ability to shape their long-term attitudes and preferences.
The United States can dominate others, but it has also excelled in projecting soft power, with the help of its companies, foundations, universities, churches, and other institutions of civil society; U.S. culture, ideals, and values have been extraordinarily important in helping Washington attract partners and supporters.
Nye acknowledges the limits of soft power: it tends to have diffuse effects on the outside world and is not easily wielded to achieve specific outcomes. Indeed, societies often embrace American values and culture but resist U.S. foreign policies. But overall, Nye's message is that U.S. security hinges as much on winning hearts and minds as it does on winning wars.”
Nas relações internacionais para Joseph S. Nye Jr há três tabuleiros de xadrez a níveis distintos que por vezes são utilizados sincronizadamente sobre um mesmo alvo:
No de primeiro nível joga-se o “hard power” em termos de capacidade militar;
No de segundo nível joga-se o inter-relacionamento económico que inclui as tendências multipolares;
No de terceiro nível, “o poder torna-se volátil e caoticamente organizado entre actores estatais e não estatais”.
– O reinventado Condor enquadra-se pois nesse jogo, pelo que visto segundo o prisma de Joseph S. Nye Jr. o poder da hegemonia unipolar mantém-se determinante.
Essa é uma das razões que me leva a fundamentar do desenrolar da IIIª Guerra Mundial em curso, pois à escala planetária é possível descortinar onde se concentra a força militar da hegemonia, o “hard power”, onde se exerce o “soft power” (com que instrumentos e por que vias) e onde os relacionamentos caóticos se têm vindo a disseminar.
O xadrez de primeiro nível com recurso ao “hard power” está a ser jogado na Europa por via da NATO e contra a Rússia (do Báltico ao Mar Negro sobretudo), assim como no Mar da China Meridional contra a República Popular da China.
O xadrez de segundo nível com abrangência económica, financeira e sócio-política, distende-se por todos os continentes, possibilitando na América Latina o surgimento do novo Condor, que também se vai aplicando a África.
O xadrez de terceiro nível abrange vastas regiões do Médio Oriente e África, com extensões a outros continentes (Europa e América), depois do 11 de Setembro de 2001 com o derrube das torres gémeas de Nova York…
– A observação crítica às evidências da aplicação neoliberal segundo Joseph S. Nye Jr nos relacionamentos internacionais, estão a conduzir outras correntes à conclusão de que a IIIª Guerra Mundial está em curso.
Eu próprio tinha chegado a essa conclusão tendo em conta apenas a disseminação do caos terrorista, que se estende a quatro continentes à excepção da Oceânia.
Outros analistas, inclusive de correntes conservadoras, sustentam e reforçam contudo que a IIIª Guerra Mundial é já uma evidência, tendo em conta o uso combinado do “hard power” e do “soft power” à escala global, por parte da hegemonia unipolar, tendo como subjacente“ultra-periférica” a expansão do caos.
Os BRICS estão debaixo de ataque com recurso a “hard power” (Rússia e China como alvos), como a “soft power” (Brasil e África do Sul como alvos), mantendo-se a Índia atraída à “cenoura” persuasiva de molde a procurar incrementar tensões internas aos BRICS.
Por tabela a baixa de preços de petróleo, obedecendo a uma estratégia conjunta entre Washington e Ryad, possibilita a utilização de “soft power” sobre os produtores, qualquer que seja o seu nível, dentro ou for a da OPEP e permitindo desencadear outras medidas de carácter económico, financeiro e sócio-político sobre os alvos, como Venezuela na América Latina, ou a Nigéria e Angola em África…
Fotos:
Milton Fredman.
Leo Strauss
Joseph D. Nye Jr.
Consultas diversas:
- “Las claves del asesinato de Hugo Chávez” – https://actualidad.rt.com/opinion/eva_golinger/205421-claves-asesinato-hugo-chavez
- Para compreender o neoliberalismo além dos clichets – http://outraspalavras.net/capa/para-compreender-o-neoliberalismo-alem-dos-cliches/
- Milton Friedman and Pinochet – http://armandoalejandro.blogspot.com/2014/05/milton-friedman-and-pinochet.html
- Noble lies and perpetual war: Leo Strauss, the neo-cons, and Iraq – http://www.informationclearinghouse.info/article5010.htm
- Depois de 42 anos, Andy Marshall deixa o Pentágono – http://www.voltairenet.org/article186560.html
- Manual de autoajuda para os golpes de Estado suaves – http://pcb.org.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=4428:manual-de-autoajuda-para-os-golpes-de-estado-suaves&catid=43:imperialismo
- Sátira política – manual para el golpe blando – http://www.rebelion.org/noticia.php?id=211568
- El futuro de la fuerza – http://elpais.com/elpais/2015/02/10/opinion/1423572866_833259.html
- “Soft Power: the meaning to success in World politics” – https://www.foreignaffairs.com/reviews/capsule-review/2004-05-01/soft-power-means-success-world-politics
- “Soft power by Joseph S. Nye Jr” – http://www.futurecasts.com/book%20review%206-4.htm
- A NATO e o caos planeado no mundo – http://resistir.info/europa/caos_planeado_11set14.html
- A world war has begun – http://johnpilger.com/articles/a-world-war-has-begun-break-the-silence-
- BRICS Under Attack: Western Banks, Governments Launch Full-Spectrum Assault On Russia (Part I) –http://www.mintpressnews.com/brics-attack-western-banks-governments-launch-full-spectrum-assault-russia-part/215761/
- BRICS Under Attack: The Empire’s Destabilizing Hand Reaches Into South Africa – http://www.mintpressnews.com/brics-attack-empires-destabilizing-hand-reaches-south-africa/215126/
- BRICS Under Attack: The Empire Strikes Back In Brazil – http://www.mintpressnews.com/brics-attack-empire-strikes-back-brazil/214943/
- The Anatomy of a Third World War: Neocon Style – https://www.lewrockwell.com/2016/02/joachim-hagopian/anatomy-3rd-world-war/
- Washington Launches Its Attack Against BRICS – http://www.paulcraigroberts.org/2016/04/22/washington-launches-its-attack-against-brics-paul-craig-roberts/
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