quinta-feira, 5 de maio de 2016

Governo da Indonésia desafiado a esclarecer genocídio de 1965

Banguecoque, 03 mai (Lusa) -- Uma fundação exige que o governo da Indonésia esclareça, de uma vez por todas, todos os contornos do massacre de membros e simpatizantes comunistas ocorrido naquele país há meio século, informaram hoje os 'media' locais.

Este pedido surge após a entrega de um relatório sobre a localização de 122 valas comuns com cerca de 13.900 cadáveres.

Estes locais "apenas representam 2% de todos os locais espalhados por toda a Indonésia", disse Bedjo Untung, diretor da fundação Yayasan Penelitian Korban Pembunuhan (YPKP), organização dedicada a investigar a repressão de 1965-1966 contra militantes e simpatizantes do Partido Comunista Indonésio (PKI), segundo o diário The Jakarta Post.

"Alguns foram enterrados debaixo de parques, florestas ou ruas pavimentadas, enquanto outros estavam debaixo de estruturas de centros comerciais ou de complexos habitacionais", acrescentou o representante.

A fundação YPKP localizou as valas comuns a partir de entrevistas a vítimas e a testemunhas do clima de repressão que começou a realizar em 2000.

A repressão contra o PKI terá feito cerca de 500 mil mortos, segundo os dados mais citados.

O consagrado documentário "The Act of Killing" (2012) de Joshua Oppenheimer, dedicado a esta questão, fala em mais de um milhão de mortos.

A fundação YPKP informou na segunda-feira o governo da Indonésia sobre esta recente descoberta.

"Agora não tem qualquer desculpa para afirmar que não existem valas comuns", disse Reza Muharam, membro do Tribunal Popular Internacional, pedindo ao executivo de Jacarta para que colabore com a Comissão Nacional de Direitos Humanos e com o Ministério Público de forma a revelar a verdade sobre todos os crimes.

A 30 de setembro de 1965, tropas das TNI (Forças Armadas Indonésias), num "golpe" comunista nunca cabalmente provado, matam seis generais e anunciam a tomada do poder.

O general Suharto (1921-2008), líder do Comando Estratégico do Exército (KOSTRAD), consegue controlar a rebelião e manter o então Presidente Sukarno em lugar seguro.

Em outubro de 1965, Suharto ascende a comandante do exército indonésio, e a 11 de março de 1966, Sukarno concede poderes executivos a Suharto.

O Partido Comunista Indonésio seria banido e os seus militantes e simpatizantes perseguidos.

Após ter assumido o poder, Suharto governou a Indonésia com pulso de ferro de 1967 a 1998.

SCA // JMR

Publicada por TIMOR AGORA

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