Banguecoque, 03 mai (Lusa) -- Uma
fundação exige que o governo da Indonésia esclareça, de uma vez por todas,
todos os contornos do massacre de membros e simpatizantes comunistas ocorrido
naquele país há meio século, informaram hoje os 'media' locais.
Este pedido surge após a entrega de um
relatório sobre a localização de 122 valas comuns com cerca de 13.900
cadáveres.
Estes locais "apenas representam 2%
de todos os locais espalhados por toda a Indonésia", disse Bedjo Untung,
diretor da fundação Yayasan Penelitian Korban Pembunuhan (YPKP), organização
dedicada a investigar a repressão de 1965-1966 contra militantes e
simpatizantes do Partido Comunista Indonésio (PKI), segundo o diário The
Jakarta Post.
"Alguns foram enterrados debaixo de
parques, florestas ou ruas pavimentadas, enquanto outros estavam debaixo de
estruturas de centros comerciais ou de complexos habitacionais",
acrescentou o representante.
A fundação YPKP localizou as valas
comuns a partir de entrevistas a vítimas e a testemunhas do clima de repressão
que começou a realizar em 2000.
A repressão contra o PKI terá feito
cerca de 500 mil mortos, segundo os dados mais citados.
O consagrado documentário "The Act
of Killing" (2012) de Joshua Oppenheimer, dedicado a esta questão, fala em
mais de um milhão de mortos.
A fundação YPKP informou na
segunda-feira o governo da Indonésia sobre esta recente descoberta.
"Agora não tem qualquer desculpa
para afirmar que não existem valas comuns", disse Reza Muharam, membro do
Tribunal Popular Internacional, pedindo ao executivo de Jacarta para que
colabore com a Comissão Nacional de Direitos Humanos e com o Ministério Público
de forma a revelar a verdade sobre todos os crimes.
A 30 de setembro de 1965, tropas das TNI
(Forças Armadas Indonésias), num "golpe" comunista nunca cabalmente
provado, matam seis generais e anunciam a tomada do poder.
O general Suharto (1921-2008), líder do
Comando Estratégico do Exército (KOSTRAD), consegue controlar a rebelião e
manter o então Presidente Sukarno em lugar seguro.
Em outubro de 1965, Suharto ascende a
comandante do exército indonésio, e a 11 de março de 1966, Sukarno concede
poderes executivos a Suharto.
O Partido Comunista Indonésio seria
banido e os seus militantes e simpatizantes perseguidos.
Após ter assumido o poder, Suharto
governou a Indonésia com pulso de ferro de 1967 a 1998.
SCA // JMR
Publicada por TIMOR AGORA
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