sábado, 4 de junho de 2016

Francisco Assis avisa que Governo vive em liberdade muito condicionada

O eurodeputado socialista Francisco Assis considerou hoje que o PS diverge do Bloco e do PCP em todas as questões essenciais, e avisou que o Governo está suportado numa aliança contranatura e vive em liberdade muito condicionada.

Palavras proferidas por Francisco Assis perante o 21º Congresso Nacional do PS, numa intervenção que foi num curto momento alvo de alguns assobios, mas que foi escutada quase sempre em silêncio e que mereceu no final palmas do secretário-geral, António Costa.

"Temos um Governo em situação de liberdade muito condicionada", declarou Francisco Assis, defendendo que o PS continua a divergir do Bloco de Esquerda e do PCP, partidos que suportam o executivo no parlamento, "em todas as questões essenciais".

Perante os congressistas, o cabeça de lista do PS nas eleições europeias de 2014 afirmou que iria usar da palavra por "indeclinável dever de lealdade", não se refugiando assim no silêncio "cínico" perante uma solução de Governo da qual discorda.

"Sei bem que esta minha posição me condena no presente a um elevado grau de isolamento no seio do partido, realidade que experimento todos os dias. Não digo que seja uma circunstância fácil ou agradável para quem confundiu nos últimos 30 anos a sua vida pessoal com a partidária. A solidão política reveste-se sempre de alguma dose de crueldade", disse.

Após esta nota introdutória de ordem pessoal, Assis declarou que a sua posição radica numa convicção profunda de que "em tudo o que é essencial o PS diverge em quase tudo do Bloco de Esquerda e do PCP".

"Estamos perante uma aliança parlamentar contranatura celebrada por um PS momentaneamente enfraquecido na sequência de um resultado eleitoral imprevisto e uma extrema-esquerda fortalecida pelas circunstâncias. A solução política adotada permitiu ao PS chegar ao poder, mas permitiu sobretudo ao PCP e Bloco de Esquerda condicionarem decisivamente as condições de exercício desse mesmo poder", sustentou.

De acordo com Francisco Assis, havendo diferenças em aspetos decisivos "e até inultrapassáveis, temos um Governo em situação de liberdade muito condicionada, permanentemente vigiado por quem pensa e age de forma radicalmente diferente".

Na sua intervenção, o eurodeputado socialista advertiu para o contágio "do vírus ideológico populista antieuropeu" e criticou nessa matéria "a retórica" das forças da extrema-esquerda.

"É importante que o PS não se deixe colonizar por essa retórica e também se disponha a combatê-la com a mesma veemência com que sempre fez ao longo da história democrática. Se não o fizermos estaremos a colocar em causa um dos aspetos essenciais da nossa identidade doutrinária", advertiu.

No Congresso do PS, Francisco Assis fez mesmo questão de reforçar esse aviso contra o radicalismo antieuropeu: "O PS sempre se demarcou da tentação soberanista da direita e da pulsão extremista da esquerda radical, que sempre abominou o projeto europeu".

"Não podemos ter outra atitude se não combater o neopopulsimo. Apesar de alguma preocupação com algum lento resvalar no interior do PS para um tipo de discurso que considero inaceitável, apesar de tudo estou convencido que nos momentos decisivos saberemos estar à altura das nossas responsabilidades históricas", disse.

Numa nova nota pessoal, Francisco Assis frisou que não estava à espera de ouvir palmas em relação ao teor do seu discurso.

"Mas vinha com a esperança legítima de ser ouvido - e fui-o com atenção e com respeito, como é próprio do PS, onde nunca uma divergência se transformou em dissidência e onde a liberdade nunca se deixou subjugar por qualquer forma de dogmatismo", acrescentou, numa alusão indireta a episódios ocorridos na vida interna do PCP e do Bloco de Esquerda.

Fonte e Foto: Lusa
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