quarta-feira, 19 de outubro de 2016

PROCESSO DE PAZ NA COLÔMBIA PODE PASSAR “DO LIMBO AO INFERNO”


 
Institute for National Strategic Studies
Coluna de guerrilheiros das FARC, na Colômbia
Coluna de guerrilheiros das FARC, na Colômbia
O principal negociador das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), Iván Márquez, afirmou temer a “morte” do processo de paz, durante uma entrevista televisiva divulgada esta segunda-feira nos Estados Unidos.
“Do limbo pode passar ao inferno, e nós temos de salvar este processo de paz”, disse Luciano Marín, o seu verdadeiro nome, numa entrevista realizada em Cuba pela cadeia televisiva Univision.
“Há que ouvir toda a gente, mas num hiato de tempo não muito grande porque, caso contrário, este processo morre”, assinalou o líder da guerrilha.
A paz na Colômbia encontra-se no limbo desde o referendo do passado dia 2 que chumbou os acordos entre o Governo do Presidente Juan Manuel Santos e as FARC, com 50,21% dos votos pelo “não”.
“É o jogo da democracia. O ‘não’ ganhou ao ‘sim’ precariamente, mas é um triunfo de qualquer maneira. As FARC estão abertas a procurar soluções para este impasse”, garantiu Iván Márquez, durante a entrevista divulgada na segunda-feira.
O Governo e as FARC assinaram a 26 de setembro, em Cartagena, um acordo de paz, após quase quatro anos de conversações em Havana, Cuba, para terminar um conflito armado que se prolonga há 52 anos.
O Presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, anunciou na semana passada que o cessar-fogo do país com as FARC foi alargado até 31 de dezembro, mas disse esperar chegar a “um novo acordo” de paz antes dessa data.
A guerrilha disse apoiar o alargamento do cessar-fogo até 31 de dezembro, concordando igualmente na necessidade de alcançar um acordo de paz antes do fim do ano.
Juan Manuel Santos foi este mês distinguido com o prémio Nobel da Paz precisamente por causa do acordo de paz alcançado com as FARC.
Márquez assinalou que “renegociar o acordo é um assunto muito complexo” porque ter-se-ia de investir “mais anos” no processo.
O chefe negociador assegurou que as FARC recusam a guerra: “Vamos lutar com todas as nossas forças por uma solução política para o conflito. Prorrogar este estado de indefinição do acordo final vai-nos deixar mais mortos, mais vítimas. E nós queremos evitar isso a todo o custo”.
/Lusa

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