domingo, 18 de dezembro de 2016

COLÔMBIA: Pressão do Papa Francisco e legítima resistência

Gonzalo Guimaraens (*)
Uribe e Papa Francisco
Encontro (inesperado) do Papa Francisco com Juan Manuel Santos e Álvaro Uribe no Vaticano, em 16-12-16.
Nesta sexta-feira (16 de dezembro), a reunião do Papa Francisco com o presidente colombiano Juan Manuel Santos e o ex-presidente Álvaro Uribe no Vaticano [foto acima], para tratar a respeito dos “Acordos de Paz” com os sanguinários guerrilheiros das FARC (“Fuerzas Armadas Revolucionarias de Colombia”), foi aparentemente surpreendente e seguramente arriscada.
No dia 15 último, Uribe embarca para Roma
No dia 15 último, Uribe, às pressas, embarca para Roma
Convocação aparentemente surpreendente, pelo menos para Uribe, porque, segundo suas próprias declarações, o ex-presidente foi chamado às pressas mediante um telefonema de um alto diplomata do Vaticano. Naquele momento, nem sequer havia passagem aérea disponível. Mas havia aqueles que resolveram o problema da passagem quase que “milagrosamente”. Assim, Uribe mal teve tempo para fazer sua mala e embarcar para Roma.


Convocação seguramente arriscada para a diplomacia vaticana porque, como se pode deduzir do comunicado da sala de imprensa da Santa Sé, ficou demasiadamente nítido o “apoio” de Francisco ao mal denominado “Processo de Paz” com as FARC. O Pontífice tinha alegado “a importância do encontro”, a “unidade”, a “reconciliação” e a “educação ao perdão”. Tudo isso soou quase como um puxão de orelhas e uma reprovação ao ex-presidente Uribe, assim como à maioria dos colombianos que há pouco tempo manifestou-se contrária ao tal “processo” por meio do recente plebiscito.
“Não nos podem impor tudo isso, Santidade. Não pode haver ódio, mas sim convicções”. Teria dito Uribe ao Papa
“Não nos podem impor tudo isso, Santidade. Não pode haver ódio, mas sim convicções”. Teria dito Uribe ao Papa.
Até o momento, não se conhece os bastidores dessa arriscada jogada da diplomacia vaticana para pressionar as consciências dos colombianos a favor do semi-atolado “acordo” com as FARC. O que se sabe é a tendência nitidamente pró-esquerda do atual pontificado no plano político, incluindo aquilo que diz respeito a Cuba comunista, tal como tem ressaltado, documentadamente e em numerosos editoriais, “Destaque Internacional” (www.cubdest.org). Assim, essa recente intervenção de Francisco nos assuntos colombianos dificilmente pode ser vista e interpretada fora desse contexto pró-esquerdista.
A delicada pergunta que se coloca é se os católicos colombianos, que votaram contra os mal denominados “Acordos de Paz” com os narco-guerrilheiros, podem em sã consciência discrepar ou se opor ao que parece ser uma nítida pressão do Pontífice. A resposta é afirmativa. Com efeito, em assuntos políticos e diplomáticos o Papa não é infalível. Portanto, pode-se discordar dele, de modo respeitoso e fundamentado, exercendo uma legítima resistência moral e de princípios. O próprio Uribe disse francamente a Francisco: “Não nos podem impor tudo isso, Santidade. Não pode haver ódio, mas sim convicções”.

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(*) Notas de “Destaque Internacional”. Documento de trabalho, em 17 de dezembro de 2016. Este texto interativo, traduzido do original espanhol por Paulo Roberto Campos, pode ser reproduzido livremente em qualquer mídia impressa ou eletrônica.

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