Investigadores finalmente conseguiram desenvolver uma vacina contra o ébola 100% eficaz. Embora seja uma excelente notícia, ainda só funciona contra uma estirpe particularmente perigosa da doença, mas ainda não previne o contágio de outros quatro subtipos.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que os testes finais sobre uma vacina experimental contra o ébola mostram que o novo medicamento fornece “alta proteção” às pessoas.
A vacina, chamada de rVSV-EBOV, é composta pelo vírus da estomatite vesiculosa, que faz mal ao gado mas não atinge os humanos, bem como uma proteína de superfície do vírus que leva o corpo humano a produzir anticorpos.
O estudo, feito em 2o15, envolveu quase 12 mil pessoas na Guiné. Os resultados dos testes foram publicados na revista médica especializada “The Lancet”.
A vacina impediu o desenvolvimento da doença em todos os indivíduos que a receberam. Dos quase seis mil voluntários que receberam o medicamento, não foi registado nenhum caso dez dias ou mais depois da vacinação. Por outro lado, entre a outra metade que recebeu um placebo em vez do medicamento, foram registados 23 casos da doença.
A vacina não chegou a tempo de parar o surto de ébola, que começou em 2013 e matou mais de onze mil pessoas, mas pode ser crucial na prevenção de novas epidemias.
“Apesar dos resultados terem vindo tarde demais para os que perderam a vida por causa da epidemia na África Ocidental, o mundo não vai estar indefeso quando o próximo surto acontecer”, afirmou a diretora-geral assistente da OMS, Marie-Paule Kieny.
Testes de campo
Os testes ocorreram na região costeira da Guiné, em Basse-Guiné, área que ainda registava casos da doença naquele período. Os especialistas usaram uma estratégia chamada “anel de vacinação”, numa tradução livre, que foi a mesma usada pelos cientistas para erradicar a varíola.
Quando um novo caso da doença era diagnosticado, a equipa de investigadores identificava todas as pessoas que tinham estado em contacto com o paciente nas últimas três semanas, tempo médio de incubação do vírus, e recebiam a vacina.
Foram criados no total 117 anéis, com cerca de 80 pessoas em cada um, incluindo a família direta do doente, parentes e amigos que o visitaram e ainda pessoas que tiveram contacto com roupas sujas ou roupas de cama usadas pelo paciente.
Próximos passos
Este é um resultado extremamente promissor, mas ainda não estamos completamente livres do ébola. Embora a rVSV-EBOV trabalhe contra o ebolavírus do Zaire, o subtipo responsável pela maioria das infeções humanas, não funciona contra os outros quatro subtipos.
Os investigadores querem agora desenvolver outros estudos para investigar os efeitos da vacina em crianças e indivíduos vulneráveis (como os que têm HIV).
Os financiadores da vacina esperam obter uma licença até ao final de 2017. Enquanto isso, a farmacêutica responsável já se comprometeu a disponibilizar 300 mil doses para uso de emergência.
ZAP // HypeScience / Rádio ONU
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