quarta-feira, 22 de março de 2017

360º - Vamos falar de álcool e de mulheres? (E ainda dizem que a União Europeia é uma coisa chata)

360º

Por Miguel Pinheiro, Diretor Executivo
Bom dia!
Enquanto dormia...
É uma notícia de última hora: existe o risco de queda de peças do viaduto de Alcântara, junto às Docas. O trânsito foi cortado e os comboios só circulam entre Belém e Cascais.

O Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol abriu um processo disciplinar ao Benfica. Em causa está um comunicado emitido pelo clube a denunciar aquilo que entende ser uma "inequívoca dualidade de critérios da justiça desportiva".

A Coreia do Norte fez hoje mais um teste de lançamento de mísseis. Foi um fracasso.


Informação relevante
Vamos falar de álcool e de mulheres? (E ainda dizem que a União Europeia é uma coisa chata.) A frase de Jeroen Dijsselbloem, ministro das Finanças holandês e presidente do Eurogrupo, é longa mas pode ser resumida a este excerto: "Não posso gastar todo o meu dinheiro em álcool e mulheres e continuar a pedir ajuda". Naturalmente, é uma metáfora, aquele recurso estilístico perigoso para os políticos - o que ele queria de facto dizer com esta linguagem excessivamente colorida era que, se querem a ajuda dos países ricos em alturas difíceis, os países pobres devem usar os seus recursos com racionalidade e prudência. O tema devia provocar reflexão, mas provocou indignação (é sempre mais fácil). O Rui Pedro Antunes conta, hora a hora, como Dijsselbloem se implodiu a si próprio e perdeu o Eurogrupo.

Aqui está uma pequena lista de todas as pessoas que querem enviar Dijsselbloem numa viagem só de ida para a Holanda: os socialistas europeus (sendo que Dijsselbloem também é socialista e também é europeu), Paulo Rangel (que é vice-presidente do PPE), o líder parlamentar do PS Carlos César (que, num esforço para elevar o nível da discussão, trata Dijsselbloem por "criatura") e ainda o governo português (através do ministro dos Negócios Estrangeiros).

Ah, já me esquecia: também houve outras reacções, menos institucionais. Ao fim de poucos minutos, os memes inspirados nas palavras de Dijsselbloem já estavam em todo o lado.

Por fim, vamos olhar para esta polémica de forma mais científica: com números. Quanto é que os países do sul gastam mesmo em bebida e em prostituição? E, já agora: quanto gasta a Holanda? Confira aqui.

O PNR foi ontem manifestar-se na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova, contra o cancelamento de uma conferência de Jaime Nogueira Pinto. E houve uma contra-manifestação. A reportagem do João de Almeida Dias está aqui.

Daqui a nada começa mais um debate quinzenal no Parlamento. Prepare-se para ouvir falar muito em banca (Caixa, Montepio, BES), na dívida e no défice.

Mais coisas realmente importantes no Parlamento: o antigo deputado Manuel Sérgio foi homenageado num colóquio que se realizou na sala do Senado da Assembleia da República e um dos convidados para discursar foi Jorge Jesus. No final, o treinador do Sporting contou esta história: "Ele dia sim, dia não, trazia-me sempre um livro de um filósofo para ler. E eu disse: 'Ó professor, por favor não me traga mais livros, que a minha cabeça já está a inchar de tanto ler'." (Nota para os leitores mais novos desta newsletter: na realidade, as cabeças não incham quando se lê.)

Regressando à banca: Vieira da Silva admitiu ontem que o governo "está a estudar" a mudança de tutela da Associação Mutualista Montepio, que atualmente está no seu Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social.

E também há novidades do Banco de Portugal. Segundo o Público, a instituição liderada por Carlos Costa admite abrir processos de reavaliação da idoneidade à equipa de José Félix Morgado.

Miguel Relvas, antigo braço-direito de Pedro Passos Coelho, foi ao Brasil dar uma palestra sobre sistemas eleitorais. E defendeu que o PSD devia copiar o PS e adotar as primárias na eleição do seu líder. Segundo ele, este método fez com que o secretário-geral do PS passasse a ter o apoio “não apenas dos militantes do seu partido, mas também dos cidadãos comuns".

Depois dos Estados Unidos, o Reino Unido também vai proibir o transporte de computadores e tablets em voos do Médio Oriente e do Norte de África.

Não há dúvida de que em França há um forte sentido de família. Depois de se ter descoberto que François Fillon tinha dado emprego, com dinheiros públicos, à mulher e aos filhos, chegou a vez do ministro do Interior. Soube-se agora que Bruno Le Roux contratou as duas filhas adolescentes para cargos no Estado. Já se demitiu.


A nossa Opinião

Luís Aguiar-Conraria escreve sobre Jorge Sampaio: "Pelo péssimo uso que fez do poder de dissolução, ao não o usar quando devia e ao usá-lo sem justificação uns meses depois, Sampaio deu-nos os dois piores primeiros-ministros da história democrática".

Maria João Marques escreve sobre o caso Sócrates: "Nada de lembrar que o governo de Sócrates e Costa fez uma reforma penal em 2007 e que os prazos de investigação de que Sócrates se queixa foram considerados bons para aplicar à à populaça não política".

Manuel Villaverde Cabral escreve sobre a Caixa: "O ruído em torno da CGD não cessa, comprovando que o governo nunca informou bem a opinião pública antes de iniciar o processo de capitalização e, agora, já começou a negar as promessas que tinha feito".


Os nossos Especiais

Luciano Gonçalves era um jogador rijo e via cartões vermelhos - mas hoje está à frente da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol. Fala de pressões, violências e outras dificuldades.

Da Alemanha nazi aos escândalos do Vaticano. No livro "Conversas Finais", o Papa emérito Bento XVI recorda os episódios mais marcantes a da sua vida. Leia um excerto aqui


Notícias surpreendentes

Já se conhece a programação da edição deste ano do festival Dias da Música, que acontece no CCB entre 28 e 30 de abril. O tema é "As Letras da Música" e há 50 concertos.

Pocahontas morreu há 400 anos (não a personagem da Disney, a verdadeira). É uma história mais trágica do que romântica. Descubra mais sobre Matoaka (o seu nome real).

Se houver uma guerra nuclear ou se um meteorito atingir o planeta só sobram duas opções. Uma: morrer. Outra: encontrar refúgio no The Oppidum, um bunker para os mais ricos dos ricos. Há piscinas, jardins e cinemas, como mostram estas fotos.

Quanto a nós, já sabe que vamos estar por aqui, sempre que precisar de saber as últimas notícias.
Até já!
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