Secretaria-Geral do Ministério da Administração ataca atuação da PSP e da Proteção Civil.
Num dia de calor extremo, com avisos laranjas e vermelhos por todo o país, quando começou o grande incêndio que matou 64 pessoas a 17 de junho em Pedrógão Grande, não estava disponível no país nenhuma das duas "estações base móveis", numa carrinha, que servem para reforçar o SIRESP (Sistema Integrado das Redes de Emergência e Segurança de Portugal) em caso de qualquer falha.
A culpa foi de uma avaria numa das viaturas durante a visita do Papa a 13 de maio que ainda não estava solucionada a 17 de junho, mas também da PSP que enviou a segunda e única carrinha na altura disponível antecipadamente para a revisão sem garantir que esta estava pronta em caso de emergência.
As conclusões anteriores tiram-se da leitura do relatório da Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna (MAI) agora divulgado pelo governo.
O documento lido pela TSF explica que a estação móvel confiada à GNR estava parada pela quebra de uma peça na operação Fátima-2017 que continuava para reparação em Espanha desde início do mês de junho.
A outra estação móvel estava confiada à PSP, mas por alguma razão não explicada já tinha sido enviada antecipadamente para uma revisão marcada para dois dias depois, a 19 de junho.
A Secretaria-Geral do MAI, que gere as unidades móveis, explica que não estava informada do envio para a oficina, ainda por cima "sem ter sido salvaguardada pela PSP a possibilidade da viatura poder ser mobilizada logo que necessário".
O relatório sublinha que essa "prontidão" é obrigação das forças de segurança que operam as unidades móveis do SIRESP.
Na "fita do tempo" disponibilizada percebe-se que numa primeira fase a PSP começou por dizer que a viatura não estava disponível e que só perto da meia-noite é que foi a própria Secretaria-Geral a conseguir contactar o responsável da oficina que a libertou em poucos minutos.
Mortes podiam ou não ser evitadas?
Além das críticas à PSP, o documento da Secretaria-Geral do MAI também ataca a Autoridade Nacional de Proteção Civil que deveria ter solicitado "em tempo útil" uma estação móvel quando verificou que "a situação estava a tornar-se excecional" no incêndio de Pedrógão Grande, mesmo antes das falhas que aconteceram no SIRESP.
O relatório agora conhecido não é contudo claro a dizer se sem as falhas da Proteção Civil e da PSP seria possível salvar as vítimas mortais deste fogo.
Voltando à "fita do tempo", o relatório mostra que os problemas no SIRESP terão começado às 19h38 e que mesmo que as estações móveis fossem chamadas nesse momento (só o foram às 21h15) iriam demorar 4 horas a chegar à zona onde faziam falta, com o relatório da Proteção Civil a indicar que as mortes "terão ocorrido até às 22h30".
Para que as unidades móveis tivessem chegado ao local antes de o fogo fazer vítimas teria sido preciso que a Proteção Civil tivesse alertado muito antes para o caráter excecional do fogo e que a PSP tivesse logo disponível a carrinha que estava na oficina e só chegou a Pedrógão Grande às 6h26 de 18 de junho.
Fonte: TSF
Foto: Pedro Rocha / Global Imagens
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