Joana Almeida | Económico
No bairro são conhecidos outras situações de violência e agressões policiais sem justificação contra moradores. Moradores querem que a Procuradoria-Geral da República volte a abrir processos arquivados porque "nunca acreditam na versão das vítimas".
Vários moradores do bairro da Cova da Moura pedem à Procuradoria-Geral da República (PGR) a reabertura de processos arquivados que dão conta de situações de violência policial motivada pelo ódio racial. O pedido surge depois de 18 agentes da polícia terem sido acusados pelo Ministério Público (MP) de crimes de tortura, sequestro, injúria e ofensa à integridade física qualificada contra seis cidadãos de descendência africana.
Segundo avança o jornal Diário de Notícias, são conhecidas outras situações de violência e agressões sem justificação contra moradores daquele bairro, no concelho da Amadora. A presidente da associação Moinho da Juventude, Isabel Monteiro, que desenvolve projetos de integração social no terreno, indica ao jornal que “estão a pensar na melhor forma, do ponto de vista jurídico, de fazer esse apelo à PGR”, tendo em conta que os casos de violência, especialmente contra os cidadãos mais jovens, “acabam sempre arquivados porque nunca acreditam na versão das vítimas”.
Isabel Monteiro explica que com a acusação imputada aos agentes da PSP de Alfragide “abriu-se uma luz de esperança para todos e têm sido muitas as manifestações de interesse em que se faça agora também justiça no caso delas”. O DN tentou contactar a PGR para avaliar a possibilidade de os processos arquivados virem a ser reabertos, mas não obteve resposta.
Parte dos polícias acusados pelo Ministério Público estão ainda em serviço na esquadra de Alfragide, depois de a PSP ter decidido não tomar qualquer medida preventiva em relação aos agentes. Em comunicado, a direção da PSP justifica a decisão dizendo que “a presunção de inocência se mantém até trânsito em julgado, sendo que em relação às referidas ocorrências foram acionados os meios disciplinares internos e da IGAI [Inspeção-Geral da Administração Interna]”.
A Associação Moinho da Juventude diz que, por enquanto, não vão tomar medidas e vão aguardar que a justiça se pronuncie sobre o caso.
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