segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Fretilin vai convidar PLP e KHUNTO para formar plataforma de governação em Timor-Leste


Díli, 12 ago (Lusa) - A Fretilin, partido timorense mais votado nas legislativas, anunciou hoje que vai convidar os dois partidos que se estreiam no Parlamento Nacional, PLP e KHUNTO a ter conversações para a formação de uma plataforma "sólida e segura" de governação.

"A Fretilin decide convidar o PLP e o KHUNTO para com a Fretilin iniciar conversações mais substanciais para a formação de uma plataforma de entendimento sólido e seguro de Governação", anunciou o secretário-geral do partido, Mari Alkatiri.

Essas conversações com o Partido Libertação Popular (PLP) - oito lugares no parlamento - e com o Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO) - cinco lugares - pretendem "definir formalmente o formato mais adequado do entendimento capaz de responder às legítimas expectativas" do povo timorense, sublinhou.

Alkatiri, que leu uma declaração da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) em conferência de imprensa, disse que o partido vai ainda "manter o diálogo com todos os outros partidos".

O objetivo, disse, é "garantir uma política mais inclusiva de modo a tornar o Parlamento Nacional um fórum de concertação de posições e de busca permanente de consensos nas decisões de caráter estruturante para a consolidação do Estado".

Alkaitir explicou que o partido vai solicitar "imediatamente" uma audiência com o chefe de Estado, Francisco Guterres Lu-Olo, "a fim de o informar formalmente desta decisão".

Questionado pela Lusa sobre se vai ocupar o cargo de primeiro-ministro, Mari Alkatiri disse que essa era "a expectativa quase generalizada dentro do partido e dos partidos que querem" colaborar com a Fretilin.

A decisão de negociar com o PLP e o KHUNTO, explicou, foi tomada por terem sido estes os dois partidos que "indicaram que estão disponíveis" e porque o país não pode esperar mais.

"Não há mais tempo a perder. O novo Governo tem que apresentar dois Orçamentos, o retificativo deste ano e depois o de 2018", referiu.

O secretário-geral da Fretilin disse que espera que as conversações com o PLP e o KHUNTO possam estar concluídas "entre sete e dez dias".

Sobre o formato, a possibilidade de que o KHUNTO venha a integrar uma coligação de Governo e o PLP apoie essa coligação a nível parlamentar, Alkatiri disse que as opções vão ser agora negociadas.

Mari Alkatiri falava aos jornalistas depois de a Fretilin ter conduzido uma primeira ronda de contactos com os restantes quatro partidos que elegeram deputados nas legislativas de 22 de julho.

A última ronda de contactos decorreu hoje com a Fretilin a receber o KHUNTO, tendo Mari Alkatiri afirmado que este partido será sempre "um dos parceiros para constituir a maioria" necessária no parlamento.

O KHUNTO é uma das forças políticas estreantes no Parlamento Nacional - a quinta mais votada - tendo conseguido eleger cinco deputados, sendo que os dois primeiros lugares na lista são ocupados por mulheres.

Depois da reunião de hoje o conselheiro e fundador do KHUNTO, José Dos Santos Naimori Bukar, destacou o bom ambiente dos contactos com a Fretilin.

"A reunião teve um resultado bastante positivo. O partido KHUNTO respeita o convite e esta pronto a cooperar, a bem do interesse da unidade nacional. Temos que cooperar neste processo. Estamos prontos para servir, a bem da estabilidade nacional e do interesse do povo", afirmou.

José Turquel, conselheiro do partido, saudou a forma como a Fretilin conduziu as negociações com as restantes forças políticas, sinal da consolidação democrática.

"Timor-Leste é um país democrático. Depois de 15 anos tentamos estabelecer os alicerces do país e o que a Fretilin e o seu líder, Mari Alkatiri, fez foi um gesto que fomenta a importância do diálogo", disse.

"Não podemos parar com isto. É normal haver diferenças de ideias, mas esta postura abre o diálogo, a conversar e nós KHUNTO queremos colaborar e participar", sublinhou.

No encontro de hoje Mari Alkatiri, secretário-geral da Fretilin, liderou a delegação do partido de que fizeram ainda parte, entre outros, o secretário-geral adjunto, José Reis, o vice-presidente Francisco Branco, a secretária-geral da organização da mulher do partido, Merita Alves e o segundo adjunto Flávio Silva.

A delegação do KHUNTO foi liderada pela presidente do partido, Armanda Berta dos Santos e incluía, entre outros, o secretário-geral José Agostinho da Silva, o conselheiro e fundador José Dos Santos Naimori Bukar e o conselheiro nacional José Turquel.

A Fretilin iniciou na quarta-feira, com uma delegação da segunda força mais votada, o Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), uma ronda de contactos no intuito de formar Governo.

Xanana Gusmão, presidente do CNRT, esteve ausente do encontro - até ao momento ainda não falou sequer com Mari Alkatiri - e a delegação do partido saiu da reunião com a Fretilin comprometendo-se a tomar decisões na cúpula do partido.

Na quinta-feira foi a vez do encontro com a delegação do Partido Libertação Popular (PLP), liderada por Taur Matan Ruak que garantiu que o partido não fará parte de qualquer coligação de Governo, disse que cabe à Fretilin formar o executivo e rejeitou a possibilidade de eleições antecipadas.

Na sexta-feira decorreu a reunião com o quarto partido mais votado, o Partido Democrático (PD), que terminou de forma inconclusiva, mas com o compromisso de novo diálogo.

ASP // DM


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