quarta-feira, 23 de março de 2016

AMIGOS

Mário de Freitas | Cidadão
A amizade é vista, por uns, como «a âncora que sustenta a vida». Pode haver um amor desinteressado ou uma segunda família, mas a amizade é sempre um recurso escasso – mas muito desejado.

Outros definem a amizade como «uma coisa que vale milhões». Não tem preço ter alguém que nos socorra nos momentos mais difíceis; que se levanta de madrugada para nos resgatar o moral; que nos empresta, se necessário, a casa ou o carro; que nos facilita dinheiro em horas de emergência; que se prontifica a escutar sem moralizar; que deixa de fazer para si em detrimento do amigo/a; que tem a coragem de dizer – mesmo sabendo que poderá magoar – mas consciente que é para bem do amigo/a. «A amizade tornou-se no ingrediente fundamental das relações amorosas e de parentesco, o que reflecte o triunfo das escolhas individuais e da sinceridade afectiva sobre os interesses e normas». Mas o que mudou na sociedade para que este sentimento tenha alcançado um estatuto de eleição? Os vínculos laborais são precários, os laços familiares e conjugais, também – um novo paradigma dos relacionamentos humanos nasce na sociedade ocidental. O passaporte para a amizade implica uma viagem ao universo das emoções, onde habitam, a fragilidade e as contradições.

Um amigo pode ser um espelho ou uma tela de projeção, que põem a nu partes nossas difíceis de aceitar e abrem possibilidades de mudança. Um bom amigo poupa-nos idas ao médico.

O escritor espanhol Miguel de Cervantes eternizou esta evidência com o célebre «diz me com quem andas, dir-te-ei quem és». Embora raro há, ainda hoje, volvidos muitos anos, a possibilidade de ver amigos incondicionais como antes.

Privei, algumas vezes em Moçambique (Lourenço Marques) e em Portimão, com o recém-eleito Presidente da República. Por uma questão de amizade, simpatia e educação felicitei-o através de uma mensagem de telemóvel que presumo tenha sido uma de milhares...

Apesar da sua vastíssima agenda, que é pública, não se espantem se vos disser – respondeu-me! «Kanimambo» senhor Presidente!


Um amigo talvez seja atraído por uma questão de química, ou por outra qualquer razão. Pode, até, ser parecida com o amor, que simplesmente acontece. Acaba por ser – a amizade – das poucas coisas que se levam da vida. «A gente não faz amigos, reconhece-os».


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