23 Março, 2016
O ex-apresentador aproveitou ontem a apresentação da sua autobiografia para revelar que Gilberto Madaíl e José Sócrates compraram votos para garantir o Euro 2004 em Portugal.
Durante a apresentação da sua biografia intitulada “Uma Vida” realizada esta terça-feira, Carlos Cruz aproveitou a ocasião para denunciar alegadas situações de compra de votos para que o Euro 2004 se realizasse no nosso país.
Segundo o Correio da Manhã, o ex-apresentador de televisão denunciou José Sócrates, na altura ministro-adjunto de Guterres, e Gilberto Madaíl, antigo presidente da Federação portuguesa de Futebol.
Carlos Cruz, que presidiu à comissão executiva da candidatura portuguesa à organização do torneio, relembra que esses episódios aconteceram em 1999 ou em anos anteriores.
O profissional de comunicação conta que Madaíl entregou envelopes com dinheiroa um presidente de outra federação nacional, para que esse votasse em Portugal e influenciasse outros dirigentes a fazerem o mesmo.
“Alguém teve a ideia de oferecer as férias ao senhor e à família (…). À saída da reunião, Madaíl, discretamente, entregou-lhe o envelope (…). O senhor ficou muito feliz com o segundo envelope que recebeu; penso que foram 12 500 ou 15 000 dólares”, contou Carlos Cruz, citado pelo CM.
Também José Sócrates estará incluído no esquema para garantir que Portugal organizava o Europeu, segundo a denúncia do ex-apresentador.
Na sua biografia é relatada uma conversa em que confronta o ministro com as palavras de um “presidente de uma multinacional”, que prometia o voto do país onde estava sediada a empresa e ainda influenciar várias federações do leste a favor de Portugal, a troco de “uma vivenda no Algarve no valor de 100 mil dólares”.
De acordo com o livro, Sócrates terá respondido “Ó Carlos Cruz, não podemos perder isto por uma questão de dinheiro! Era o que faltava!”. “Perguntei-lhe se aquela afirmação era um ‘sim’ à proposta. Se garantisse o voto, era”, escreveu.
Confrontado com as acusações do ex-apresentador, Gilberto Madaíl afirmou ao Correio da Manhã ser “deselegante e ressabiado ele envolver-me nisso. Nunca dei dinheiro a ninguém”.
Já ao jornal desportivo Record, o ex-presidente afirmou que “Carlos Cruz devia estar calado e recatado. E ter pudor. É tudo completamente falso e ficção”.
“Não gastámos um tostão a comprar ninguém. Gastei muito da minha vida nas viagens que fiz para apresentar a nossa candidatura, sem favorecimentos. Tenho é dúvidas do que ele foi fazer a Londres para falar com uma agência. Foi a única coisa que não controlei. Aí é que não sei o que ele fez. Nunca quis Carlos Cruz no Euro. Foi um nome imposto pelo Governo”, acrescentou.
Também Pedro Delille, advogado do ex-primeiro-ministro, garantiu ao CM que essas acusações “não têm fundamento algum, é falso”.
Face às revelações de Carlos Cruz, a UEFA já garantiu que vai estar atenta aos desenvolvimentos do caso, pois desconhecia tais ilegalidades na atribuição do Euro 2004.
Carlos Cruz está a cumprir uma pena de seis anos de prisão, no âmbito do processo Casa Pia, por abusos sexuais de menores.
O ex-apresentador, preso desde 2013 na cadeia da Carregueira, está a aproveitar uma nova saída precária graças ao seu aniversário no dia 24 de março.
ZAP / Futebol 365
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