A Operação Lava Jato entrou numa nova fase que pode revelar-se uma verdadeira “bomba atómica” com implicações no Brasil e em Portugal, afectando Lula da Silva e José Sócrates. Marcelo Odebrecht, dono da empresa com o mesmo nome, decidiu colaborar com a justiça.
CORRUPÇÃO NA PETROBRAS
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O empresário da construção civil Marcelo Odebrecht, detido desde Junho de 2015, estará a negociar com as autoridades brasileiras os moldes da sua colaboração no âmbito da Lava Jato, a mega-operação que investiga casos de corrupção na Petrobas.
Esta semana, a investigação entrou numa fase centrada na construtora, suspeita de ter um departamento exclusivamente dedicado aopagamento de subornos para a obtenção de contratos públicos. Foram efectuadas várias buscas e detidos vários funcionários da maior construtora civil do Brasil – o quarto maior grupo privado do país.
Através de um comunicado divulgado nos média brasileiros, a própria empresa dá nota da sua “colaboração definitiva com as investigações da Operação Lava Jato”, num texto intitulado “Compromisso com o Brasil” e onde nega “responsabilidade dominante” no esquema de corrupção.
Encurralado pelas provas recolhidas pela polícia brasileira e sem margem de manobra para negar as acusações, e ainda pressionado pelo pai, o patriarca do grupo, Marcelo Odebrecht terá aceitado colaborar com a justiça e há grande expectativa quanto ao que pode revelar.
O jornal Folha de S. Paulo diz que esta colaboração tem “potencial explosivo”, nomeadamente por causa das relações que a empresa manteve com Lula da Silva. Nos bastidores do presidência brasileira, fala-se numa verdadeira “bomba atómica”, de acordo com o jornal.
As implicações desta “delação premiada”, como é referida no Brasil, podem também cair deste lado do Atlântico, na Operação Marquês que também investiga as ligações de José Sócrates com a Odebrecht.
Em causa estão particularmente, vários concursos públicos ganhos durante o governo de José Sócrates pela empresa Bento Pedroso Construções, adquirida há vários anos pela Odebrecht, em parceria com empresas do universo do Grupo Lena, de Carlos Santos Silva (o amigo do ex-governante que é também arguido no caso).
Ora, Sócrates e Lula da Silva mantêm uma relação próxima, há vários anos, e o ex-presidente do Brasil viajou até Portugal, por diversas vezes, a convite da Odebrecht.
Marcelo Odebrecht pode assim, vir a ter um papel fundamental na clarificação destas relações e no desenvolvimento das acusações da Lava Jato.
Num processo paralelo, o Ministério Público de São Paulo já solicitou a prisão preventiva de Lula da Silva, acusando-o de crimes de lavagem de dinheiro e de falsificação de documentos, havendo suspeitas em torno de um imóvel cujas obras terão sido pagas pela Odebrecht.
Enquanto isso, o seu processo de nomeação como ministro de Dilma Rousseff, no que é visto como uma estratagema para fugir à prisão, continua em “banho-maria”. No último episódio da novela, um magistrado do Supremo Tribunal brasileiro retirou o caso de Lula da Silva ao juiz Sérgio Moro, que lidera a Operação Lava Jato.
ZAP
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