Desde o início da crise, em 2008, o Estado português já gastou mais de 14 mil milhões de euros em ajudas à banca – número que pode aumentar ainda devido à incerteza quanto à venda do Novo Banco e ao futuro da Caixa Geral de Depósitos.
Segundo a agência EFE, este valor, que se retira de dados do Tribunal de Contas e do Instituto Nacional de Estatística, representa quase 8% do PIB português – e não inclui as ajudas devolvidas por algumas das entidades apoiadas, nem os lucros obtidos com a cobrança de juros.
A agência Moody’s alertou recentemente para a fragilidade da banca portuguesa, uma das mais frágeis da Europa devido aos seus níveis de capital.
Mas esta fraqueza vem de trás: nos últimos 8 anos, três entidades bancárias foram resgatadas, e mais três receberam apoios públicos, realça a EFE.
O primeiro “buraco” aconteceu em 2008, quando o BPN – Banco Português de Negócios se tornou noprimeiro banco a ser nacionalizado na democracia portuguesa, para evitar que as suas perdas contagiassem o sector.
Esta nacionalização representou em 2014 perdas para o Estado na ordem dos 2.7 mil milhões de euros. O banco foi depois vendido ao angolano BIC por 40 milhões.
Um ano depois, o BPP – Banco Privado Português entrou em falência e acabou por ser extinto, depois de o governo se ter recusado a injectar dinheiro na entidade – devido principalmente à sua ligação a suspeitas de falsificação de contas e branqueamento de capitais.
Mas uma garantia do Estado concedida antes da falência acabou por provocar perdas de mais de 650 milhões de euros.
O maior “buraco”, contudo, foi o do BES – Banco Espírito Santo, em 2014, depois da descoberta de que a maior entidade privada portuguesa tinha falsificado as contas e escondia perdas de mais de 3.5 mil milhões de euros.
A intervenção no BES implicou a criação do Novo Banco, o chamado “banco bom” com os activos não tóxicos do grupo, e a recapitalização com um crédito público de 3.9 mil milhões - a que se juntaram mil milhões do próprio sistema financeiro.
Um último contratempo no sistema bancário português aconteceria já em dezembro de 2015, quando se anunciou a intervenção do Banif, a menor das principais entidades financeiras portuguesas.
Para já, esta intervenção teve um impacto no défice nacional de quase 2.5 mil milhões – mas este valor ainda pode vir a aumentar.
O Banif foi liquidado e o seu negócio saudável vendido por 150 milhões ao espanhol Banco Santander, que, recorda a EFE, ainda recebeu 2 mil milhões em garantias.
Estas intervenções representam uma factura global de 14 mil milhões de euros que a banca privada passou ao estado.
Acresce ainda que algumas entidades, como o BCP, ainda não devolveram os empréstimoscontraídos ao estado nos anos de resgate.
Se os empréstimos forem devolvidos, como aconteceu com o BPI, o estado não só recupera o investimento, como lucra com os juros cobrados.
Mas qualquer nova turbulência no sistema financeiro português parece fazer abanar as suas frágeis entidades bancárias – não só colocando em risco a devolução dos empréstimos como ameaçando a necessidade de novas intervenções.
E esse é o principal problema dos 14 mil milhões com que o estado já ajudou a banca: pode não ter ficado por aqui.
AJB, ZAP / EFE
Comentário: alguém me sabe informar se
existe um banqueiro detido e em que prisão?
J. Carlos
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