quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Chamas atingem centro histórico do Funchal

A situação no Funchal complicou-se nas últimas horas. O vento forte e as elevadas temperaturas fizeram com que o fogo descesse desde as zonas altas do concelho até à cidade.
Um prédio está a arder na rua do Netos, no coração do Funchal, muito perto da igreja de S. Pedro e de um pequeno centro comercial. O prédio pertence ao governo regional e estava devoluto.
O trânsito está caótico, com muitos congestionamentos na baixa do Funchal, tendo a PSP encerrado as entradas da cidade. A via rápida foi encerrada entre o nó da Cancela (parte este da cidade) e Santo António, nos dois sentidos.
O Serviço Regional de Proteção Civil já apelou às pessoas que estão no Funchal e "que não se encontram nas zonas afetadas pelos vários focos de incêndio ativos que permaneçam nas suas habitações e, especialmente, que não circulem utilizando viaturas".
Num balanço das operações, cerca das 19 horas, o autarca do Funchal indicou que a situação se agravou nas Babosas e no Curral dos Romeiros, na zona alta do concelho, devido à "intensificação das rajadas de vento e à alteração da direção das mesmas".
O hotel Choupana Hills, perto do estádio da Choupana, "está também a ser desocupado", avançou o autarca aos jornalistas.
"Inclusive tínhamos como ponto de concentração o próprio estádio do Clube Desportivo Nacional, mas temos de procurar outras alternativas para deslocalizar as pessoas", adiantou.
Junto ao Hospital Doutor João de Almada, uma unidade de cuidados continuados, há uma outra situação de incêndio com alguma intensidade que já motivou a retirada dos cerca de 300 doentes.
O presidente da câmara disse ainda que se encontram no local "diversas corporações de bombeiros, porque não há só a questão dos doentes, a maior parte deles sem possibilidade de mobilidade". Os bombeiros estão também a evitar que um tanque de gás da unidade seja atingido pelo calor ou pelas chamas.
Há outra situação na freguesia de Santa Luzia, indicou o autarca: "Neste momento temos um foco de incêndio complexo, no caminho dos Poços, no caminho dos Lombos, ao pé da estrada Luso-brasileira".
Paulo Cafôfo adiantou que quatro autotanques vão ser deslocalizados para as zonas mais afetadas e que todos os meios já se encontram no terreno.
Força especial a caminho da Madeira
A criação e envio de uma força especial para a Madeira foi aprovado numa reunião entre o primeiro-ministro, António Costa, e o comandante operacional nacional da Autoridade de Proteção Civil, José Manuel Moura.
Esta força, denominada "Missão Madeira, é composta por dez bombeiros profissionais, dez bombeiros voluntários, dez elementos do Grupo de Intervenção de Proteção e Socorro (GIPS) da GNR e cinco técnicos do INEM. A equipa de 35 elementos, sob o comando do segundo comandante nacional da Proteção Civil, parte do Continente ruma à ilha da Madeira a qualquer momento.
A decisão de criar esta força especial surge na sequência de um pedido das autoridades regionais, que ativaram esta terça-feira de manhã o Plano de Contingência Regional.
O presidente do Governo da Madeira, Miguel Albuquerque, tinha afirmado, num balanço dos incêndios feito cerca das 16 horas, que a situação na Madeira estava "perfeitamente controlada".
O chefe do executivo madeirense referiu que seriam mantidos os dispositivos que estavam a atuar nos diferentes focos na costa sul da ilha, nomeadamente no concelho do Funchal (Laginhas, Monte, Caminho do Tanque e Corujeira); no concelho da Calheta (zona oeste da ilha), onde se registavam duas frentes (Arco da Calheta e Paúl da Serra); e nos Canhas, na Ponta do Sol.
Miguel Albuquerque adiantou que há a registar um ferido grave - um idoso que sofreu queimaduras depois de recusar abandonar a habitação, na freguesia do Monte, e que será transferido para a unidade de queimados do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, no avião da Força Aérea.
O responsável confirmou que dois bombeiros sofreram ferimentos ligeiros na sequência de um acidente ocorrido com uma viatura autotanque da corporação dos Bombeiros de Câmara de Lobos.
Um levantamento provisório aponta para 27 moradias afetadas pelo fogo no Funchal, que não reúnem condições de habitabilidade, sendo 11 na freguesia de São Roque, 13 no Monte, três em Santo António. Além disso, duas unidades industriais de carpintaria "foram totalmente destruídas", informou.
Além da evacuação do Hospital dos Marmeleiros (hospital público na freguesia do Monte, na zona alta), do qual foram retirados 234 doentes em duas horas, foi necessário tomar a mesma medida, "por precaução", no Lar de Santa Isabel da Santa Casa da Misericórdia do Funchal, o que afetou cerca de 60 idosos.
"Foi acionado o Fundo de Socorro Social no valor de 163 mil euros, numa deliberação do governo para apoio à construção de habitações destruídas ou danificadas e para reabilitação de realojamentos", realçou.
O governante acrescentou que o programa comunitário Proderam (Programa de Desenvolvimento da Região Autónoma da Madeira) também contempla medidas para recuperação de terrenos agrícolas afetados pelos incêndios e anunciou que foi criada uma linha de emergência (926768743) que funcionará durante 24 horas para prestar todas as informações necessárias neste tipo de situações.
Segundo o presidente do Governo Regional, esta situação adversa "não põe em causa a situação turística" da região.
A alteração "favorável" das condições meteorológicas (atualmente há vento e temperaturas elevadas, a rondar os 38,1 graus) só está prevista para quarta-feira de manhã.
Sobre a situação do homem de 24 anos detido como presumível autor do incêndio que deflagrou em São Roque, na zona alta do Funchal, Miguel Albuquerque opinou que deveria existir "uma maior vigilância" no caso de pessoas com este tipo de doença.
JN
Foto: aspress

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