Três operadoras turísticas do Douro
substituíram o comboio por autocarros como meio de transporte complementar ao
barco, após críticas ao "mau serviço" prestado pela CP que poderá
perder 30.000 passageiros até Outubro.
A tomada de posição das operadoras
Barcadouro, Rota Ouro do Douro e Tomaz do Douro aconteceu depois de muitas
queixas por parte dos clientes que tinham que viajar de pé, apinhados e em
carruagens sem ar condicionado.
Matilde Costa, da Barcadouro, disse hoje
à agência Lusa que, só neste fim de semana, seriam 1.172 pessoas, distribuídas
por vários percursos das três empresas, que iriam utilizar o comboio, como meio
complementar à viagem de barco.
A responsável referiu, entre 20 de
agosto e 09 de outubro de 2016, o transporte de comboio previsto nos programas
está a ser substituído por autocarros, mas ressalvou que, pontualmente, poderão
utilizar os comboios se a CP, entretanto, garantir o transporte dos clientes.
Estas empresas fornecem viagens de umas
horas a um dia, que podem partir do Porto, do Peso da Régua, Pinhão ou Barca de
Alva, e o pacote proporcionava a viagem de regresso de comboio.
Até outubro, a estimativa das empresas
ronda aproximadamente os 30.000 turistas que poderão deixar de usar a linha
ferroviária do Douro.
Matilde Costa salientou que a
problemática com a CP não é recente, mas salientou que este ano "tem sido
muito, muito complicado", um ano em que, acrescentou, as empresas estão a
ter maior procura, tal como a própria CP -- Comboios de Portugal".
"Gostávamos muito que esta situação
ficasse resolvida o mais rapidamente possível, até porque os clientes preferem
o comboio, a paisagem é muito mais bonita e o comboio é algo que está enraizado
em nós, no nosso imaginário infantil", salientou.
No sábado, nos cais da Régua ou do
Pinhão, foram muitos os turistas que desceram dos barcos e apanharam o
autocarro.
Um grupo de quatro brasileiros subiu
desde o Porto até ao Pinhão e garantiu à Lusa que preferiam regressar ao Porto
de comboio em vez de autocarro. "A viagem de barco foi magnífica, a
paisagem é maravilhosa e sim, o regresso de comboio, seria muito mais
bonito", sustentou Celso Machado, um brasileiro filho de portugueses que
repetiu a viagem pelo Douro.
Matilde Costa disse ainda que a
"logística dos autocarros também não está a ser fácil" para as
empresas, que têm agora que garantir autocarros para os quais os
"fornecedores habituais não estavam preparados".
"Tínhamos o trabalho organizado de
determinada forma e agora tivemos que alterar, mas atingimos o ponto de não
retorno", frisou.
Estas três empresas representam cerca de
85% dos cruzeiros de um dia no rio Douro. A maior parte dos seus clientes é de
nacionalidade portuguesa (90%).
O alerta das empresas foi lançado na
semanada passada. As operadoras queixaram-se de "ligações suprimidas em
cima da hora, sobrelotação das carruagens, faltas de manutenção e avarias
recorrentes do material circulante, falhas nos sistemas de ar condicionado,
carruagens grafitadas (vidros incluídos) e o recurso reiterado a autocarros que
fazem por via terrestre o percurso que milhares de turistas antecipadamente
escolheram fazer por ferrovia".
Durante a semana, foram várias as vozes
que se juntaram às críticas do "mau serviço" prestado pela CP na
linha do Douro, nomeadamente os deputados do PSD eleitos por Vila Real,
autarcas durienses, a Entidade Regional de Turismo do Porto e Norte e a
Associação dos Empresários Turísticos do Douro e Trás-os-Montes (AETUR).
A CP já reconheceu que está a ter
dificuldades em responder "aos crescimentos brutais" da procura na
linha do Douro porque "a capacidade não é ilimitada" e adiantou que
está a tentar encontrar soluções com a tutela.
Segundo dados da transportadora, no mês
de junho, na linha do Douro, o transporte de grupos aumentou 73%, o que
corresponde a mais 8.314 viagens realizadas, num total de 19.629 passageiros
transportados em grupos nesse mês.
Lusa
Foto:24.sapo.pt
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