sábado, 17 de setembro de 2016

Farmácias vendedoras de maconha no olho da violência


Luis Dufaur (*)
 
 
Farmacêuticos uruguaios na mira dos narcotraficantes.


Cinquenta farmácias uruguaias manifestaram no mês de junho  disposição de vender maconha em suas lojas. Porém, com a comercialização legal da droga essas farmácias verificaram terem-se metido em uma perigosa enrascada.

O pretexto da imoral lei foi que legalizando a droga se combateria o narcotráfico lhe tirando consumidores. Mas aí começaram os pesadelos. Os atravessadores da droga, responsáveis pelo maior número de mortes, ficariam com a maconha ao alcance da ponta de suas armas, sem precisar procurar mais longe.
Ademais, os farmacêuticos passariam a competir com bandos extremamente violentos tirando-lhes a clientela das bocas de expedição ilegal controladas por eles. O preço pago por esse ‘atentado’ às redes criminosas costuma ser encharcado de cadáveres e sangue.
Não há maconha, mas temos chazinhos... : medo toma conta das farmácias

O atual presidente, Tabaré Vázquez, continuador ideológico do presidente Mujica que promoveu a legalização da maconha, manifestou em entrevista à Televisión Nacional que “na maioria dos ‘territórios’ onde as farmácias vão vender maconha já existem narcotraficantes, e esses são implacáveis se alguém disputa seu negócio. Inclusive entre eles próprios, em ajustes de contas”.
“Suponhamos que o farmacêutico tenha boa saída, e onarco do bairro começa a perder seu negócio. Certamente vão ir à farmácia e dizer ao dono: 'olha, se você continuar vendendo, isto pode pegar fogo ou você poderá talvez ter um acidente'”.
Tabaré Vásquez insistiu na implementação da lei e prometeu “toda a proteção do Estado aos comercializadores legais. Não podemos ceder ante o crime organizado. Temos de ser fortes”, acrescentou.
Agora, o que a sociedade uruguaia sente na própria pele, julgando-se desprotegida, é precisamente a falta de força do Estado contra o crime organizado. As lindas promessas dos políticos não vão tirar os farmacêuticos da mira das impiedosas gangues.
Então a lei que dizia ser instrumento contra o narcotráfico assassino e um fator de paz e segurança, acabará criando o oposto: uma situação insustentável para os farmacêuticos, sujeitos a requintes da criminalidade.

          ( * ) Luis Dufaur é escritor, jornalista, conferencista de política internacional e colaborador da ABIM
 

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