Expresso Curto, a cafeína por Cecília Meireles, jornalista do Expresso. Bom dia… à tarde (já passa muito do meio-dia).
Perguntaram há dias, aqui para o PG: “não há coisa melhor que o Expresso para fazer aberturas do PG”. Esclareço: haver até haverá. Haverão. Acontece que queiramos ou não o Expresso é uma publicação de referência. Custe o que custar, mas é. Além disso é sempre bom saber como é que reagem, opinam, pensam e até manipulam isto e aquilo, os que escrevem no Expresso. Vejam lá que até dizem que são os “meninos(as) copo-de-leite arregimentados(as) pelo grande Bilderberg Balsemão”. É aí que há exageros. Claro que “personas non gratas” daquela profissão não entram no Expresso, nem ali põem um ponto final ou uma vírgula, mas daí a ser uma choldra a eito… Não. Ali também há bons profissionais. Porém, não se desiludam, qualquer dia abrimos o PG com outra coisa… E AbrilAbril, Avante, etc. Tá bem?
Nesta cafeína de hoje há Orçamento. Melhor que os Orçamintos do Passos, do Portas, da Cristas, da UE, e… Pois. A maioria dos portugueses não gosta de matemática. O que se sabe é que a direita ressabiada do Passos e da Cristas anda a dizer que assim e que assado porque não gosta do cozido à portuguesa apresentado neste Orçamento. Até parece que alguma vez apresentou Orçamento melhor para Portugal e para os portugueses na generalidade. O que tem apresentado, quando é governo, são Orçamentos destinados a esfolar-nos vivos, a matar-nos nos hospitais ou pela falta deles e dos profissionais de saúde imprescindíveis… Enfim, tem apresentado Orçamintos cozinhados pelos fanáticos neoliberais-fascistas da UE e ilhargas desses. Tudo “boa” gente capitalista e esclavagista, que prometem e nunca cumprem. Passos, esse, está no catálogo da fauna das mentiras compulsivas. É ver, minha gente, é ver, ouvir e ler. Tadinhos, agora é que ele são tão pelo povo… O tanas!
Basta de Orçamento. Um grande nim à matemática.
E lá vem a cafeína do Curto com a CGD e o seu tal administrado-gestor repleto de benesses proporcionada pela cousa pública. Os nossos “cacaus” à solta para os que têm mente de galifões e apetites de serem putrefactamente “bons vivans” à conta dos outros, nós – os explorados e oprimidos.
O que está errado não é aquele senhor administrador-gestor da CGD repimpar-se com benesses, mordomias e vencimento imoral e escandaloso. O que está errado é esses comparsas e mainatos do grande capital, ditos gestores e afins, auferirem fortunas para fazerem aquele trabalho. E como esses, muitos outros de canudos (merecidos, comprados ou oferecidos), de outras áreas profissionais – vulgos dótores – que por dá cá aquela palha limpam vencimentos que somam muitos milhões anualmente (olhem o “xuxalista” Melancia da EDP como progrediu na boa-vida). E tetos para estas imoralidades há mas não há… É a rebaldaria e o fartar vilanagem. Contudo o mal não é só de cá, vem de fora. Capitalismo obriga a que existam os mainatos atentos, venerandos e obrigados para fazerem o trabalho sujo, enquanto os que mais lucram estão por aí a pavonearem-se e a recorrerem à fiscalização de quanto lhes vai caindo pelos paraísos fiscais, fruto dos cambalachos produzidos pelos tais mainatos gestores e outros dótores.
E pronto. Chega de cafeína. Daqui nem mais uma letra depois dos votos de saúde, sorte e dinheiro para que não passem fome, nem outras privações como nos tempos do Passos, do Cavaco, do Portas, da Cristas… Essa pandilha, que não por acaso também vagueia pelo PS e que se está a esticar como gigante para encolher Costa e as promessas que deveria cumprir. Vamos ver se assim não é. Pois. (MM / PG)
Bom dia, este é o seu Expresso Curto
Luísa Meireles – Expresso
O negócio deles é números
“Se um número incomoda muita gente, a falta de números incomoda muito mais”. Eis como o meu colega João Silvestre aborda de maneira exemplar a audição do ministro das Finanças, ontem, na Comissão de Orçamento. Como lead de texto tiro-lhe o chapéu, ao ponto de lho roubar. A discussão sobre os dados que normalmente fazem parte do relatório de um Orçamentomas que, este ano, inexplicavelmente, não foram incluídos pelo Governo, marcaram a audição e têm sido o tema central da discussão política nestes últimos dias. Cito: são os (não) números da discórdia.
A direita não perdeu tempo no ataque: “ou o Governo não tem estes dados, o que é gravíssimo, ou está a querer ocultá-los, o que a lei não lhe dá essa liberdade”, assim resumiu a deputada Cecília Meireles, do CDS, a argumentação perante um facto cujo racional não se entende facilmente. Mesmo que o ministro Centeno alegue que não está a esconder nada e que o Governo prometa agora que todos os números em falta serão disponibilizados até sexta-feira, não se percebe que, numa primeira reação, tenha dito que a informação pedida “não contribuía para a qualidade do debate”.
A polémica terá vida curta, pois, mas era escusada, como se infere do facto de o próprio presidente da Assembleia da República se ter empenhado para que a situação fosse corrigida. E é estranho. Aliás, é isso mesmo que estranha o Pedro Santos Guerreiro: “O que esconde quem esconde?”. O ministro garante que não está a esconder nada e que não se pode dizer que “não há falta de números, mas sim de números que agradem à oposição”. E ainda adiantou:“Aqueles que agora dizem que têm falta de dados têm feito o diabo a sete para o chamar. Pronunciam planos B, novas medidas, derrapagens e deslizes. Aparentemente fizeram-no – pasme-se – sem números”.
Assim vamos. O debate começou crispado, é verdade. Mas também é verdade que o Orçamento, sendo “um dos grandes momentos anuais da vida parlamentar, não pode ficar manchado por qualquer suspeita desta natureza”, como disse Francisco Assis à Renascença. O ministro há de voltar ao Parlamento para nova audição e talvez então se possa começar a discutir a substância da coisa, quer dizer, o próprio Orçamento. Não é o Orçamento que a esquerda queria, mas PS, Bloco e PCP, uniu-se em torno dele. Um deputado do PS, Paulo Trigo Pereira, confirma e explica-o. O movimento Precários Inflexíveis, intransigentes na defesa desta nova classe de trabalhadores, saúda-o: "Pela primeira vez vemos aberto um ciclo de esperança".
A direita não perdeu tempo no ataque: “ou o Governo não tem estes dados, o que é gravíssimo, ou está a querer ocultá-los, o que a lei não lhe dá essa liberdade”, assim resumiu a deputada Cecília Meireles, do CDS, a argumentação perante um facto cujo racional não se entende facilmente. Mesmo que o ministro Centeno alegue que não está a esconder nada e que o Governo prometa agora que todos os números em falta serão disponibilizados até sexta-feira, não se percebe que, numa primeira reação, tenha dito que a informação pedida “não contribuía para a qualidade do debate”.
A polémica terá vida curta, pois, mas era escusada, como se infere do facto de o próprio presidente da Assembleia da República se ter empenhado para que a situação fosse corrigida. E é estranho. Aliás, é isso mesmo que estranha o Pedro Santos Guerreiro: “O que esconde quem esconde?”. O ministro garante que não está a esconder nada e que não se pode dizer que “não há falta de números, mas sim de números que agradem à oposição”. E ainda adiantou:“Aqueles que agora dizem que têm falta de dados têm feito o diabo a sete para o chamar. Pronunciam planos B, novas medidas, derrapagens e deslizes. Aparentemente fizeram-no – pasme-se – sem números”.
Assim vamos. O debate começou crispado, é verdade. Mas também é verdade que o Orçamento, sendo “um dos grandes momentos anuais da vida parlamentar, não pode ficar manchado por qualquer suspeita desta natureza”, como disse Francisco Assis à Renascença. O ministro há de voltar ao Parlamento para nova audição e talvez então se possa começar a discutir a substância da coisa, quer dizer, o próprio Orçamento. Não é o Orçamento que a esquerda queria, mas PS, Bloco e PCP, uniu-se em torno dele. Um deputado do PS, Paulo Trigo Pereira, confirma e explica-o. O movimento Precários Inflexíveis, intransigentes na defesa desta nova classe de trabalhadores, saúda-o: "Pela primeira vez vemos aberto um ciclo de esperança".
Para a semana, quando já todos estiverem na posse de todos os números, ver-se-á. O tempo político é por enquanto o do Orçamento. E há sê-lo ainda até bem para os idos de novembro, aqui e em Bruxelas, para onde a proposta de OE já seguiu também na semana passada.
Apesar de não se preverem grandes dramas em torno do Orçamento – a Comissão até fala da boa cooperação com Lisboa – Bruxelas veio pedir esclarecimentos ao Governo e quer essa informação até quinta-feira, porque vê nas contas do OE um desvio de 900 milhões. Até ser aposto o visto verde no documento central da governação, vai ser assim, um bate-bola. Mas Portugal não é caso único, seguiram cartas para sete países ao todo, da França à Finlândia, passando pela Bélgica e a Espanha. O ministro Centeno encara o processo com normalidade e, claro, promete responder em tempo.
OUTRAS NOTÍCIAS
De economia, ainda. A nomeação de António Domingues para presidente da Caixa Geral de Depósitos já fez correr muita tinta e não vai ser agora que estanca. Depois do salário milionário, é a isenção de apresentar contas sobre os rendimentos: “Não há lapso. Domingues só presta contas ao Governo”, dizem os jornais (aqui e aqui) citando o Ministério das Finanças, que afirma que a retirada do estatuto de gestor público à Caixa corresponde à ideia de a tratar como qualquer outro banco. Mas a oposição quer que o Governo recue e, segundo parece, os gestores da Caixa vão ter mesmo que mostrar os rendimentos, diz a lei.
E de política: Jerónimo de Sousa foi à SIC e disse que, após um ano, a relação na geringonça se não está mais forte, está mais clara: o PM não o seduziu, mas cada um sabe das divergências que existem, há franqueza e as coisas são colocadas de modo são. Também se percebeu o recado ao Governo e ao PS: é preciso ir mais além.
O Presidente da República chegou hoje a Cuba, a primeira de um Chefe de Estado português a este país. Não é um acontecimento mundial, como foi a visita de Obama, mas é histórica, à nossa medida. A embaixadora de Cuba, Johana Tablada de la Torre, sublinha o facto.
O que nós dispensávamos é esta outra notícia, com sabor a velho: a de um adjunto do PM que declarou uma licenciatura que não tinha. Mas onde é que eu já ouvi isto? Rui Roque, assim se chama ele, já se demitiu.
E de política: Jerónimo de Sousa foi à SIC e disse que, após um ano, a relação na geringonça se não está mais forte, está mais clara: o PM não o seduziu, mas cada um sabe das divergências que existem, há franqueza e as coisas são colocadas de modo são. Também se percebeu o recado ao Governo e ao PS: é preciso ir mais além.
O Presidente da República chegou hoje a Cuba, a primeira de um Chefe de Estado português a este país. Não é um acontecimento mundial, como foi a visita de Obama, mas é histórica, à nossa medida. A embaixadora de Cuba, Johana Tablada de la Torre, sublinha o facto.
O que nós dispensávamos é esta outra notícia, com sabor a velho: a de um adjunto do PM que declarou uma licenciatura que não tinha. Mas onde é que eu já ouvi isto? Rui Roque, assim se chama ele, já se demitiu.
E, enfim, uma história de final feliz, a do pequeno Martim que foi encontrado ao fim de 24h vivo e de boa saúde, apesar de encharcado e com fome: “Ouvimos um murmúrio, um choro baixinho e era ele”. A polícia mantém todas as opções em aberto, porque não se percebe como percorreu sozinho 2km e resistiu uma noite ao relento, com frio e chuva. Mas comove-nos.
Outra boa notícia vem-nos do foro desportivo: a seleção feminina de futebol vai pela primeira vez ao Europeu. Mas o jogo foi de arrebenta coração, como escreve a Lídia Paralta Gomes.
A má é ainda a dos jovens comandos que encontraram a morte num treino no princípio de setembro. O caso está sob investigação deste então e levou agora a que dois enfermeiros tenham sido constituídos arguidos, enquanto o médico dos comandos nega qualquer negligência.
Ah, já me esquecia: ao 16º dia, Pedro Dias, o fugitivo de Aguiar da Beira, ainda não foi encontrado nem é avistado há mais de uma semana. Agora, a polícia investiga o possível roubo de um jipe no Douro.
Um aviso: se vai viajar, atenção a eventual perturbações nos aeroportos, devido à greve dos trabalhadores das empresas de segurança, prevista para amanhã.
Outro aviso: se vive em Lisboa e está farto de obras, prepare-se para mais uma - as obras da Feira Popular arrancam para a semana. promessa do presidente da Câmara, Fernando Medina.
Se está tentado a ler os jornais, saiba que o I destaca que "Bebé não esteve sozinho durante a noite na serra em Ourém", o Jornal de Notícias que "Ambulâncias do INEM têm dez anos e custam três milhões só para reparar", o Negócios que "Não foi lapso" que o presidente da CGD não tenha que apresentar rendimentos, o Diário de Notícias que, afinal, "Admnistradores da Caixa vão mesmo ter de mostrar os rendimentos", o Público que "Maioria da banca viola lei e omite comissões cobradas anualmente", o Correio da Manhã que "Bebé-milagre resiste 25 horas à chuva e à fome". Os desportivos ficam por sua conta, desculpe.
LÁ FORA
Religiao. Se bem que tenha repercussões cá dentro, esta norma do Vaticano que censura os católicos que espalhem as cinzas dos entes queridos, as lancem à água, ou guardem em casa. A “instrução” só diz respeito aos católicos, mas interpela-nos a todos.
Estados Unidos. Quer saber quais são os swing states, os estados imprevisíveis e decisivos nas eleições presidenciais que vão acontecer dentro de 15 dias? São nove: o Colorado, Ohio, Iwoa, Nevada, Virgínia, Pensilvânia, New Hampshire, Florida e Carolina do Sul. Ao longo dos próximos dias, o Expresso Diário irá publicar uma reportagem sobre cada um deles. Ontem foi a vez do Colorado, hoje será o Iwoa. E Colin Powell, o primeiro secretário de Estado de George W. Bush, já disse que vai votar em Hillary Clinton. Espreite o minuto-a-minuto da campanha publicada pelo Guardian.
Espanha. Como se previa, o líder do PP, Mariano Rajoy aceitou a tarefa de formar Governo e está confiante que a legislatura possa durar quatro anos, embora pareça um voto pio. Depois da derrocada do PSOE, a ver qué pasa. O debate da investidura começa hoje no Congresso.
Islândia. Este pequeno país gelado surpreende-nos sempre e, em geral, por bons motivos. Esta iniciativa, se bem que já tenha dois dias, devia servir de exemplo, por isso a refiro: na segunda-feira, as islandesas saíram do trabalho mais cedo, às 14h38 exatas, o momento a partir do qual começam a trabalhar de graça, em comparação com os seus colegas masculinos. Lutar contra a desigualdade é isto. A notícia foi referenciada pelo Diário de Notícias, mas pode ver o original aqui. Fiquei a pensar a que horas as mulheres portuguesas devem largar o trabalho, para ir trabalhar para casa, claro, é o que dizem os estudos. Na Islândia, que vai a eleições este sábado, pausa para outra surpresa: o Partido dos Piratas, formado por uma mescla de hackers, ativistas e anarquistas, é o primeiro nas sondagens, mas a líder, uma mulher, diz que não faz questão de liderar o país. Vale a pena ler a Quartz.
FRASES
“O PM não me seduziu”, Jerónimo de Sousa, ontem, em entrevista à SIC
“O nosso problema não é o Bloco”, Idem
"Parece que o vácuo é uma característica típica dos orçamentos do PS", António Leitão Amaro, do PSD, ontem, na audição parlamentar de Mário Centeno
"Miopia política de uns adia o futuro de milhões", o ministro Centeno, no mesmo debate
"Dispersar as cinzas rompe a relação entre os vivos e os mortos. Devemos manter a comunhão", Padre Feytor Pinto
O QUE ANDO A LER
“O nosso problema não é o Bloco”, Idem
"Parece que o vácuo é uma característica típica dos orçamentos do PS", António Leitão Amaro, do PSD, ontem, na audição parlamentar de Mário Centeno
"Miopia política de uns adia o futuro de milhões", o ministro Centeno, no mesmo debate
"Dispersar as cinzas rompe a relação entre os vivos e os mortos. Devemos manter a comunhão", Padre Feytor Pinto
O QUE ANDO A LER
O autor, Jaime Nogueira Pinto, chama-lhe “um guia para perplexos”, embora o título do livro seja “Cinco homens que abalaram a Europa” (Esfera dos Livros). São eles Estaline, Mussolini, Hitler, Franco e Salazar, ditadores que mudaram a história da Europa, em maior ou menor medida. Nogueira Pinto propôs-se cruzar as vidas públicas e privadas destes homens, porque, como ele diz, “a Historia também vive das histórias dos homens que a imaginam, a recriam ou a abalam” e, além do mais, o relato ajuda-nos a entender os fantasmas que há tanto tempo assolam o velho continente. O empresário e professor fá-lo de um modo simples, com umas notas de bom humor, deixando entrever alguns pormenores curiosos que de certeza o leitor não conhece. O que une e separa estes ditadores?
Se gosta de jazz, não perca este artigo. Clicando na foto, terá uma pequena mas ótima surpresa.
E por hoje é tudo. Esteja atento à atualidade – o site do Expresso dá uma ajuda – e às 18h, já sabe, é a hora do Expresso Diário, onde lhe são servidos os principais temas.
Tenha um bom dia!
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