Quase mil pessoas pediram ajuda pela primeira vez este ano à AMI, segundo dados da organização, que apontam para um decréscimo de 9% nos apoios dados no primeiro semestre do ano face ao período homólogo do ano passado.
Em média, a Assistência Médica Internacional registou no primeiro semestre do ano 166 novos casos de pobreza por mês, referem os dados avançados à Lusa pelo presidente da Fundação AMI, Fernando Nobre, a propósito Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, que se assinala na segunda-feira.
Neste período, a AMI atendeu nos seus equipamentos sociais espalhados por todo o país 7.453 pessoas, um decréscimo de 9% relativamente ao mesmo período de 2015.
"Essa tendência tem-se vindo a verificar desde 2013 e as explicações que encontrámos" para esta situação está relacionada com "a diminuição da taxa de desemprego, independentemente das centenas de milhares de pessoas que emigraram", disse Fernando Nobre.
Deve-se também ao facto de haver "uma maior articulação entre as respostas sociais - não há duplicação de serviços - e a abertura de novas respostas sociais, nomeadamente as cantinas sociais", explicou.
Traçando o perfil das pessoas que procuram auxílio na organização, Fernando Nobre disse que a maioria (68%) está em idade ativa, 25% têm menos de 16 anos e 17% mais de 65.
Do total destas pessoas, 84% são portugueses e "têm como características baixas habilitações literárias", disse o responsável, precisando que 49% têm o primeiro e o segundo ciclo e 7% não têm qualquer escolaridade.
Relativamente ao emprego, 72% não exercem qualquer atividade profissional e 65% não têm formação profissional.
Cerca de 40% sobrevivem do Rendimento Social de Inserção, 19% de pensões e reformas, "que são baixas no país", 17% de subsídios e apoios institucionais e 15% têm rendimentos de trabalho, "mas são trabalhos precários e os salários são insuficientes", adiantou Fernando Nobre.
Nos primeiros seis meses do ano, a AMI serviu 102.523 refeições, disse o presidente da organização, adiantando que os serviços mais procurados pelos utentes são apoio alimentar (62%), seguido do apoio social (49%) e o apoio do roupeiro (39%).
Os dados da AMI apontam para um aumento de 3% da população sem-abrigo apoiada no primeiro semestre do ano (969 pessoas) face ao período homólogo de 2015.
As duas equipas de rua da AMI também registaram um aumento de 10% no número de pessoas sem-abrigo apoiadas nas ruas de Lisboa e do Porto nos primeiros seis meses do ano. Neste período, foram socorridas 156 pessoas, das quais 108 foram apoiadas pela primeira vez.
Um estudo divulgado em setembro pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, chamado "Portugal Desigual", revelou que os rendimentos dos portugueses tiveram uma quebra de 12% (116 euros por mês) entre 2009 e 2014.
No mesmo período o número de pobres aumentou em 116 mil (para 2,02 milhões), com um quarto das crianças e 10,7 por cento dos trabalhadores a viverem abaixo do limiar da pobreza (6,3 % em privação material severa). E hoje um em cada cinco portugueses vive com um rendimento mensal abaixo de 422 euros.
Lusa
Foto: CM
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