segunda-feira, 14 de novembro de 2016

QUANDO OS CACIQUES RURAIS SE IMPÕEM!...

  
1 – Apesar dos bons ofícios de Putin para com Donald Trump, no desespero de causa em relação às acumuladas desilusões propiciadas por Barack Hussein Obama (coloco aqui, não por acaso, o nome completo do personagem Nobel da Paz iludida, até por que ele demonstrou, no uso de sua completa entidade, ser tão permeável ao fundamentalismo das monarquias arábicas a ponto de contribuir para incentivar monstros como a Al Qaeda, ou o Estado Islâmico), é evidente que os riscos vão-se apresentar de outro modo, segundo outros métodos e orientações, no sentido de prejudicar ainda mais o tão depauperado estado do mundo e o quadro dos relacionamentos internacionais, em nome dos mesmíssimos 1% de antes!

Por conseguinte: a ruralidade e a “ferrugem” das mensagens de Donald Trump em campanha, demonstram como os Republicanos conseguiram manter o poder nos Estados Unidos da América, refém de seus próprios interesses, ainda que com menos votos dos que alcançados pelos Democratas e ganhando ao mesmo tempo Senado e Congresso!

A ruralidade e a “ferrugem” demonstrados, uma espécie de regresso às origens das culturas anglo-saxónicas protestantes dos velhos tempos da expansão, ou ao sonho do século americano que se perdeu na voragem das desaparecidas fábricas que animaram o apogeu do após IIª Guerra Mundial, teve um casamento quase perfeito com a perdulária inteligência elitista da obstinada Hillary em nome dos Clinton (que tributo fazem ao “rhodesschollarship” de Bill!), bloqueando profeticamente a esperança jovem depositada com Bernie Sanders e atirando-a para uma persectiva de “calendas gregas”!...

Notáveis esses 1%, manipuladores das contradições a esse nível: queimam as gorduras neoliberais de Hillary Clinton, com um maçarico enferrujado caciquismo dum bilionário franco-atirador… que em relação ao neoliberalismo disse nada!!! 

2 – Não pode haver dúvidas: o nacionalismo russo, que parte da expressão atingida por uma União Soviética que atingiu elevados graus de inteligência e sabedoria acumulados nas suas Academias, (que não são nem velharias nem depósitos desabitados), que parte dum legado enorme de infraestruturas e estruturas, indústrias e tecnologias duramente construídas ao longo do século XX e capazes de servir de base a novas projecções “energéticas” (muito visível por exemplo no potencial da Marinha de Guerra com navios cujo casco e só o casco são obra da década de 70 ou 80 do século passado), que produz um “know how” de ponta que nenhuma sanção pode “congelar”, o jovem nacionalismo russo, digo eu, nada tem a ver com a ruralidade do interior profundo dos Estados Unidos, ou com a “ferrugem” do cinturão industrial, feita ilusão nas obstinadas mensagens do Trump candidato, inestimável colector de caciques que terá de abandonar essas vestes e enfrentar os desafios da modernidade de que se afastaram os norte-americanos, em prejuízo de sua própria juventude, tudo por causa dum neoliberalismo que se tem tornado congénito.

A Rússia pode ter muitos defeitos, Putin também, mas aprenderam a lição da precariedade neoliberal conforme ao tandem Gorbatchov-Ieltsin, que foi ao extremo de perder até a Iª Guerra da Chechénia… algo incompreensível para o franco-atirador Donald Trump!

Bernie Sanders será como um fantasma social-democrata para Donald Trump, tanto como para o carácter da inteligência elitista que tolhe os Democratas que se aninharam ao apogeu finalmente desmistificado dos Clinton, ou ao tão “transversal” fracasso nos termos das obscuras alianças arábicas de Barack Hussein Obama, agora com mais uma maturação de quatro anos, uma maturação que se prolongará porventura ainda mais, até que os jovens de hoje, que desiludidos e marginalizados se erguem nas ruas e praças das cidades norte-americanas mais saudavelmente cosmopolitas, com uma desilusão ainda mais acumulada, mas também ainda mais amadurecida por que temperada na radicalização dos termos contraditórios espelhados pelo mapa dos resultados das eleições, assumam a fase adulta dum poder disponível para as suas muito legítimas quão proféticas convicções!

Nem neoliberalismo, nem social-democracias, muito menos caciques nesses futuros e enigmáticos horizontes, é o que nos diz claramente Naom Klein interpretando o “fenómeno Trump” com os sentidos abertos ao futuro:

…”As pessoas têm direito de estar com raiva, e uma agenda de esquerda poderosa e multitemática pode dirigir essa raiva para onde ela deve ser dirigida, enquanto luta por soluções globais que unirão uma sociedade desgastada.

Essa articulação é possível.

No Canadá, começamos a pavimentar essa união sob a bandeira de uma agenda popular denominada The Leap Manifesto (O Manifesto do Salto), endossado por mais de 220 organizações, do Greenpeace do Canadá ao “Black Lives Matter” de Toronto e alguns dos nossos maiores sindicatos.

A surpreendente campanha de Bernie Sanders percorreu um longo caminho na direção de construir esse tipo de coalizão, e demonstrou que há espaço, nos EUA, para o socialismo democrático. Mas Sanders não foi capaz de se comunicar com os eleitores negros mais velhos e latinos que são, demograficamente, os que sofrem mais abuso do nosso modelo econômico atual. Esse fracasso impediu a campanha de atingir seu potencial. Aqueles erros podem ser corrigidos e uma coalizão forte e transformadora pode ser construída.

Essa é a tarefa que temos à frente. O Partido Democrata precisa ser, ou decididamente arrancado dos neoliberais pró-corporações, ou abandonado”...

Internamente nada será pacífico nos Estados Unidos da América nos tempos mais próximos e externamente sua força terá muito menos praticabilidade inteligente, por muito que tentem a inteligência económica e o “soft power” do neoliberal costume!...

Só nessa altura haverá a possibilidade de quebrar efectivamente com os banhos de promessas dirigidas ao pesadelo rural e à “ferrugem” urbana, quebrar com a hegemonia unipolar e por fim quebrar definitivamente com o “estabelishment” de que Trump não se vai desenvencilhar de forma desenvolta, ainda que acionando prioritariamente toda a capacidade da inteligência económica nos seus relacionamentos internos e internacionais, em busca duma outra imagem, afinal no quadro do mesmíssimo posicionamento de domínio!

O segredo de qualquer progresso está numa cultura de inteligência historicamente consolidada mas sempre recriada, que se pode abrir a valores para lá dos simples negócios e desequilibrados relacionamentos, não numa ilusão de cultura meio “hollywoodesca” de inteligência recriada a partir de ilusões suportadas nos desequilíbrios acumulados do passado, desde os tempos duma expansão que foi tão pouco pacífica ao ponto de exterminar as nações autóctones e escravizar a mão-de-obra africana transportada à força pelos esclavagistas… algo que nos traz uma certeza: Putin não se vai deixar equivocar, quando do outro lado está um “candidato” que foi até apoiado pelo Ku Klux Klan!

Resta saber até quando durará a provavelmente tão efémera transitoriedade da aproximação norte-americana / russa, que oxalá se fizesse mesmo assim sobre os escombros das atávicas monarquias arábicas, ou pelo menos dos seus protegidos tornados catapultas de caos e terrorismo, como a Al Qaeda e o Estado Islâmico!

Será que uma hegemonia unipolar assente num pressuposto de globalização neoliberal, vai chegar ao ponto duma autocondescendência, perdendo gorduras, apenas por causa dum manifesto “flirt” por demais evidente, que ainda não passa dum simples piscar de olhos para com a emergência multipolar?
  
Imagens: Para reflexão conforme as fotos, serão mesmo as armas de Putin e de Trump, desafiadoras da “nova ordem global”, ou estamos na presença de mais um equívoco para toda a humanidade?

A consultar:
El lenguaje gestual revela la verdad de la reunión entre Obama y Trump (Fotos) –  https://actualidad.rt.com/actualidad/223345-lenguaje-corporal-verdad-encuentro-obama-trump
"Bien hecho Putin": ¿Por qué se atribuye a Rusia la victoria de Trump? – https://actualidad.rt.com/actualidad/223310-victoria-trump-putin-rusia-medios
Como se colocou Donald Trump no poder – http://outraspalavras.net/capa/como-se-colocou-donald-trump-no-poder/  

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