Em abril do ano passado, os meios de comunicação do Brasil divulgaram a história de ‘hacker’ que ameaçava divulgar fotos íntimas da primeira-dama e da sua família. Os jornais “Folha de São Paulo” e “O Globo” publicaram agora os detalhes e a Justiça censurou-os.
Na sequência de um pedido do Palácio do Planalto, as reportagens dos media brasileiros a “Folha de São Paulo” e “O Globo” foram alvo de censura da Justiça de Brasília, no início desta semana. Em causa está uma investigação do jornal “Folha de São Paulo”, publicada na sexta-feira (10) e redifundida pelo “Globo”, com desenvolvimentos sobre o caso do hacker de Marcela Temer.
O juiz Hilmar Castelo Branco Raposo Filho impediu os jornais de veicularem reportagens sobre a chantagem do hacker que exigiu dinheiro à primeira-dama de forma a não divulgar dados pessoais dela, conseguidos através de pirataria ao telemóvel da esposa do Presidente, em abril do ano passado. A ameaça do criminoso envolvia ainda a publicação de fotografias íntimas de Marcela Temer e da sua família.
O processo estava sob segredo de Justiça mas obteve novos desenvolvimentos. De acordo com as notícias mais recentes, o hacker estava a chantagear a mulher de Michel Temer com outras ameaças, que lhe custariam 300 mil reais: a divulgação de excertos de uma conversa entre ela e o irmão sobre Arlon Viana, atual assessor do Presidente da República.
«Hacker: Achei que esse vídeo joga o nome de vosso marido na lama. Quando você disse que ele tem um relações públicas [Arlon Viana] que faz a parte baixo nível. Pensei em ganhar algum com isso”/ Marcela: “Quer negociar o que comigo? Isso é montagem. E aí, vai fazer o que? Quer me encontrar?”/ Hacker: “sabe que não é montagem. Não tem cortes” / Marcela: “Bandido, criminoso. Minha vida é limpa. E basta. Montagem e montagem. Não tenho medo de você».
Durante a conferência de imprensa em que informou que iria afastar os ministros envolvidos na Operação Lava Jato, Michel Temer foi ainda questionado sobre este caso das reportagens sobre a primeira-dama. O presidente do Brasil limitou-se dizer que “não houve” censura. “Você sabe que não houve”, sublinhou.
Diversas entidades brasileiras ligadas ao setor da comunicação social têm expressado publicamente as suas críticas ao sucedido. A Associação Brasileira de Jornalismo de Investigação, por exemplo, requereu a anulação do impedimento da divulgação dos trabalhos. A Associação das Emissoras de Rádio e Televisão, a Associação Nacional de Editores de Revistas e a Associação Nacional de Jornais definem a decisão judicial como censura prévia.
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