Pelo visto, todas as polêmicas envolvendo a Uber no ano passado não fizeram bem para o bolso da companhia. Embora seja uma empresa privada e sem obrigações de revelar seus dados financeiros, ela decidiu apresentar seu balanço anual de 2016 e confirmou um amargo prejuízo de US$ 2,8 bilhões — cerca de R$ 8,7 bi na cotação atual. E esse montante não leva em conta suas operações na China, vendidas no ano passado, o que aumentariam as perdas para US$ 3,8 bi.
Não é possível dizer exatamente o que complicou a situação da empresa durante esse período, mas a série de polêmicas envolvendo a liberação do serviço em vários locais do mundo, o CEO Travis Kalanick dando declarações infelizes, as denúncias de exploração de mão de obra e até de assédio sexual pegaram muito mal à marca, o que fez com que muitos motoristas e passageiros se afastassem da plataforma e migrassem para serviços concorrentes, como o Cabify e o Lyft.
Em entrevista ao site Bloomberg, um porta-voz da companhia tentou apaziguar a situação e dizer que os resultados não são tão negativos assim e que a Uber segue em crescimento, visto o fato de ter registrado uma receita de US$ 6,5 bilhões em 2016 (R$ 20,2 bi) em 2016 e ver dobrar suas reservas brutas, para US$ 20 bilhões. No entanto, isso não muda o fato de que a companhia gastou muito mais do que arrecadou e mostra um cenário preocupante para a empresa que era vista como a queridinha do mercado graças ao seu início explosivo. Aliás, se teve um prejuízo desse nível mesmo com uma receita tão boa, significa que os gastos foram exorbitantes.
A situação é tão preocupante que o próprio porta-voz se negou a detalhar os resultados dos três primeiros meses de 2017, uma vez que ainda não apresentou essas informações a seus investidores. No máximo, ele disse que os números estavam dentro das expectativas da Uber — o que não quer dizer muita coisa, já que você também pode esperar perdas e elas serem consideradas aceitáveis se estiverem dentro daquela projeção.
Ainda assim, a Uber se diz com sorte por ser um negócio “saudável e crescente”. Em um e-mail enviado pela gerente regional da marca nos Estados Unidos e Canadá, Rachel Holt, a empresa consegue visualizar espaço para realizar “as mudanças que sabemos que precisam ser feitas em nossa gestão, prestação de contas, cultura e organização e relacionamento com motoristas”.
Essa declaração deixa bem claro que a companhia está ciente do impacto de todas essas polêmicas em que vem se envolvendo e como tudo isso está afetando no resultado de seus negócios. Enquanto as brigas com taxistas apenas ajudaram a construir a imagem de um serviço alternativo que poderia ser vantajoso para o consumidor, todos os demais escândalos conseguiram apagar as conquistas e criar uma nuvem negra sobre a plataforma, expondo-a não apenas como um lugar tóxico para seus colaboradores como perigoso para passageiros.
Isso é algo que fica claro até mesmo aqui no Brasil. Não foram poucas as reclamações que surgiram em redes sociais de motoristas que prestaram um péssimo atendimento ou mesmo assediaram passageiras. Isso sem falar da recente reportagem da Veja São Paulo que mostrou como os funcionários da empresa trabalham muito para receber muito pouco, o que certamente afastou muitos dos entusiastas que abraçaram a causa em um primeiro momento. Não por acaso, serviços como o Cabify começaram a aportar por aqui e ter uma recepção bastante positiva desses clientes insatisfeitos com a Uber.
Via: Bloomberg
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