quarta-feira, 19 de abril de 2017

Estabilidade política está "a piorar" mas Guiné-Bissau é economia liberal

O presidente do Banco da África Ocidental (BAO) considerou hoje que apesar de a instabilidade política na Guiné-Bissau "estar a piorar", existe uma economia "escandalosamente liberal" onde os investimentos e os empresários são respeitados.

"São duas características estruturais, a instabilidade política e a economia escandalosamente liberal", disse Diogo Lacerda Machado em declarações em Lisboa, à margem do ciclo de conferências 'África Lusófona, uma visão prospetiva', que hoje debateu o tema 'Guiné-Bissau, mercado livre no contexto da instabilidade política'.

"As realidades parecem contraditórias, mas uma cria o contexto especial para a outra; a instabilidade política parece menos boa agora porque há um quadro de relativa incerteza a propósito do funcionamento das instituições políticas", disse Diogo Lacerda.

Ainda assim, acrescentou, "a Guiné-Bissau é uma economia que, por causa da instabilidade política, desenvolveu uma economia absolutamente liberal onde as coisas funcionam, o povo tem uma enorme tranquilidade e respeito pelos investimentos, pelos empresários e pelas empresas".

Questionado sobre a evolução da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), Diogo Lacerda avançou que o aumento da integração económica e monetária é o caminho mais provável.

"A perspetiva, quando se olha para a CEDEAO ou para a União Económica e Monetária do Oeste Africano (UEMOA), que integra oito dos 15 estados da CEDEAO, é, até em função dos movimentos da Europa, haver uma lógica de maior integração regional em que se veem movimentos como o de Cabo Verde, a desempenhar um papel mais efetivo na CEDEAO, e isso não é um perigo para a Guiné-Bissau, é até uma oportunidade para haver concertação que seja útil".

Comparando com o projeto da União Europeia, Diogo Lacerda enunciou as diferenças, concluindo que "a UEMOA é um bom projeto de arquitetura que teve bons projetos de especialidade em termos de engenharia e funciona bem, enquanto, com alguma dor de alma, a união económica e monetária europeia é um extraordinário projeto de arquitetura política, mas se calhar há trabalhos de engenharia de especialidade que não foram feitos e ainda estão por fazer".

Lusa | Notícias ao Minuto

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