Félix Morgado, presidente do Montepio, desconhece a razão para a subida
| JOÃO RELVAS/LUSA
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Em dois dias, Caixa Económica Montepio Geral recuperou todo o valor perdido nos últimos dois anos. Poucos sabem porquê mas todos dizem que se passa algo
A súbita valorização das unidades de participação da Caixa Económica Montepio Geral puxaram o valor do grupo para um marco que já não conhecia desde agosto de 2015. Nos últimos dois dias saltaram de 0,4 euros para mais do dobro, tendo acabado por fechar em 0,75 euros, fruto de ligeiras correções entretanto verificadas.
Ao todo, o Montepio valorizou de forma acelerada perto de 90% sem que alguma informação - publicamente conhecida - o justificasse. Mas se a maioria desconhece o porquê, haverá quem saiba o que se passa: o total de títulos a trocar de mãos ontem foi mais de cinco vezes superior à média diária dos últimos seis meses - 870 mil contra 170 mil.
A entrada acelerada de um fundo no capital, por exemplo, antecipando uma qualquer novidade ou posicionamento futuro, era ontem a teoria que mais votos recolhia sobre a súbita valorização. A Comissão do Mercado dos Valores Mobiliários manifestou estar de atenção redobrada, mas o próprio banco não identificou qualquer razão que justificasse as subidas. "A Caixa Económica Montepio Geral (CEMG) não tem, nesta data, qualquer informação privilegiada ou materialmente relevante que, em seu entender, possa ter influenciado de forma sensível a cotação ou o volume de transações", confessa o banco em comunicado.
Apesar da falta de novidades que justifiquem a valorização, a verdade é que o Montepio tem sido notícia ao longo do ano, à conta da transformação em sociedade anónima da Caixa Económica, detida pela Montepio - Associação Mutualista. As unidades de participação (UP) detidas no fundo serão transformadas em ações e, em consequência, a Mutualista ficará com mais de 90% das mesmas e o remanescente ficará nas mãos dos donos das unidades - a Mutualista detém integralmente o capital institucional da Caixa Económica e mais de metade do fundo onde estão os 400 milhões de UP cotados em bolsa. Esta transformação irá permitir a entrada de novos acionistas na Caixa Económica, estando em estudo a entrada da Santa Casa no capital, mas a vontade é que surjam outros investidores. As alterações foram suscitadas na sequência de recomendações do Banco de Portugal.
"A alteração dos estatutos, e a conversão das UP em ações, poderá justificar esta subida", explicou Paulo Rosa, senior trader do Banco Carregosa, ao DN/Dinheiro Vivos, não identificando porém qualquer "outra causa" para a forte subida. Mas deduz algo da mesma: "Muito provavelmente, poderemos ter notícias do Montepio em breve que venham confirmar e justificar a subida ou pô-la em causa."
Para os donos das UP, Paulo Rosa sugere que "mantenham a calma perante todo este processo", ainda que admita que a valorização também possa ser aproveitada. "Algum investidor, detentor de UP, mais avesso ao risco poderá optar por alienar parte do seu montante investido no Montepio e realizar mais-valias."
Fonte: DN
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