sábado, 24 de junho de 2017

Municípios exigem fundo de emergência para zonas afetadas pelo fogo

Os municípios exigem a ativação do Fundo Municipal de Emergência nos concelhos afetados pelos incêndios, a reposição dos meios danificados dos bombeiros e a imediata concretização do cadastro rural.
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O presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), Manuel Machado, disse este sábado à agência Lusa que o Fundo Municipal de Emergência (FME) deve ser acionado nos municípios mais atingidos pelos incêndios florestais e que é necessária a "rápida reposição dos equipamentos danificados dos bombeiros", através da criação imediata de um programa comunitário de apoio.
É igualmente necessária a "concretização do cadastro da propriedade rústica", defendeu Manuel Machado, sublinhando que este levantamento contribuirá, designadamente, para identificar "os proprietários que não cuidam da limpeza das florestas e das faixas de segurança", e para distinguir aqueles que podem pagar dos que não têm condições económicas e precisam de apoios para isso.
O levantamento cadastral é um instrumento essencial para melhorar a gestão da floresta, salientou.
Além destas ações, a ANMP reivindica a rápida adoção de medidas, como a criação de um programa de apoio às zonas atingidas pelos fogos, "tendo em vista, entre outras ações, a reflorestação".
As câmaras municipais devem, por outro lado, recuperar as receitas provenientes dos prémios de seguro contra fogos, de seguros de transportes de mercadorias perigosas, de seguros agrícolas e pecuários, e também de imóveis, sustentou o autarca, referindo que essas receitas foram retiradas aos municípios em finais da década de 1980 - "agora, mais do que nunca", justifica-se a sua "reposição como receitas municipais" para "financiar a proteção civil municipal".
A criação de "um programa de incentivo ao associativismo entre os cidadãos das comunidades", para a realização de "ações de silvicultura preventiva", com o apoio e coordenação das autarquias locais, é outra das medidas preconizadas pelos municípios para que a floresta passe a ser melhor gerida e para que a "tragédia dos fogos florestais" seja travada.
"Os sucessivos governos têm produzido legislação", mas não têm adotado medidas para dotar as autarquias dos "meios necessários para o exercício cabal" das suas responsabilidades, conforme impõe a Lei das Finanças Locais, sublinhou o presidente da Associação, que também é presidente da Câmara de Coimbra.
A situação tem obrigado as autarquias a canalizar para esta área "meios humanos, financeiros e técnicos afetos ao exercício de outras competências municipais, tendo sempre presente a segurança e os legítimos interesses e anseios das comunidades locais", advertiu Manuel Machado.
"Apesar das dificuldades", os municípios instalaram e mantêm em funcionamento gabinetes técnicos florestais e comissões de defesa da floresta contra incêndios, e têm elaborados os respetivos planos, exemplifica.
Só os municípios do continente gastam anualmente, com a proteção civil, de acordo com um estudo encomendado pela ANMP, cerca de 200 milhões de euros, destacou Manuel Machado.
Aquele montante destina-se a corpos de bombeiros dos municípios e de voluntários, a serviços municipais de proteção civil, a gabinetes técnicos florestais, a equipas de intervenção permanente, a sapadores florestais e a planeamento de proteção civil, enumerou.
Além destas e outras medidas, os municípios alertam para a necessidade de resolver a conflitualidade entre usos da floresta, como a produção florestal e a pastorícia e a caça, permitindo a complementaridade das duas atividades, referiu o presidente da ANMP.
Na Assembleia da República está, "há algum tempo, um conjunto de diplomas relacionados com esta problemática e era importante" que os deputados se pronunciassem sobre eles, concluiu Manuel Machado, recordando que, "atempadamente", a ANMP se "pronunciou favoravelmente" sobre três desses diplomas "diretamente relacionados com estas matérias".
Dois grandes incêndios, que provocaram a morte a 64 pessoas e ferimentos a mais de 200, deflagraram no dia 17 na região Centro, tendo obrigado à mobilização de mais de dois milhares de operacionais.
Estes incêndios, que deflagraram nos concelhos de Pedrógão Grande e Góis, consumiram cerca de 53 mil hectares de floresta (o equivalente a 53 mil campos de futebol) e obrigaram à evacuação de dezenas de aldeias.
O fogo que deflagrou em Escalos Fundeiros, em Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, alastrou a Figueiró dos Vinhos e a Castanheira de Pera, fazendo 64 mortos e mais de 200 feridos.
As chamas chegaram ainda aos distritos de Castelo Branco, através do concelho da Sertã, e de Coimbra, pela Pampilhosa da Serra, mas o fogo foi dado como dominado na quarta-feira à tarde.
O incêndio que teve início no concelho de Góis, no distrito de Coimbra, atingiu também Arganil e Pampilhosa da Serra, sem fazer vítimas mortais. Ficou dominado na manhã de quinta-feira.
Fonte: JN
Foto: Rui Oliveira/Global Imagens

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