segunda-feira, 10 de julho de 2017

Costa voltou com uma tempestade perfeita

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Enquanto Dormia
 
David Dinis, Director
 
O cerco contra Trump apertou-se maisThe New York Times relevou esta noite uma história polémica da última campanha eleitoral: o filho de Trump encontrou-se com uma advogada russa, que prometia dar-lhe informações para prejudicar Hillary Clinton. Na reunião estiveram também presentes Jared Kushner e o então director de campanha de Trump, Paul Manafort.
A Marcha da Justiça avisou Erdogan: a Turquia não aceita tudo. 25 dias depois, cerca de um milhão de pessoas juntou-se em Istambul para condenar o processo político na Turquia, cada vez mais centrado no autoritarismo do Presidente.
O Daesh perdeu Mossul, uma cidade em ruínasConta a Ana Fonseca Pereira que os últimos combates ainda decorriam quando o chefe do Governo iraquiano chegou para celebrar a "vitória" sobre os jihadistas. A ONU calcula que sejam precisos mil milhões de dólares para reparar infra-estruturas básicas. ViaReuters, é importante deixar-lhe este contexto: agora, finda a batalha por Mossul, a guerra pelo futuro do Iraque intensifica-se.

Uma tempestade política
"Não podia negar-lhes esse direito", diz o primeiro-ministro ao PÚBLICO. António Costa regressou de férias e viu-se forçado a deitar mãos a uma remodelação. Um ano depois dos convites a governantes para irem assistir ao Euro2016, o Galpgate está de volta. E com arguidos, pelo menos dois chefes de gabinete e um assessor de Costa. Na Galp, "até ao momento" não há notificações, diz ao PÚBLICO a empresa (corrigindo uma informação que temos na versão impressa, o que me leva a um obrigatório pedido de desculpas). Mas a lista de arguidos não está fechada: o Observador acrescenta, esta manhã, que haverá mais a caminho.
O certo é que a tempestade política já está em curso: ontem, três secretários de Estado e Vítor Escária, o assessor económico do PM, pediram para sair do Governo - e Costa aceitou. Agora, o chefe de Governo vai aproveitar para fazer mais alterações no Executivo - mas sem deixar sair os dois ministros mais atacados. A síntese da noite noticiosa está aqui, perspectivando o que aí vem. Mas anote isto: quem sai do Governo agora não era irrelevanteRocha Andrade era peça fundamental nas Finanças, João Vasconcelos era o empreendedor na Economia,Jorge Oliveira o homem da internacionalização no MNE. Em comum, todos têm a amizade com António Costa. E, sim, a aceitação de um convite que teve agora um alto preço político para o Governo, no mais difícil dos momentos.
Com o debate do Estado da Nação à porta, a oposição apressou-se a cobrar a factura: o PSD expressando “enorme estranheza” pelo timing das demissões; o CDS dizendo que teve razão há um ano, quando o caso explodiu. Só do Bloco e PCP é que ainda não se ouviu uma palavra.
Outro caso pendente é o de Tancos. Depois de o Chefe de Estado Maior do Exército ter desresponsabilizado o ministro da Defesa pelo que aconteceu, depois de o ministro ter admitido que já tinham acontecido roubos na base, chegaram duas demissões no Exército - contestando a forma como o CEME está a gerir a crise. O Presidente não quis comentar, mas o problema também está nas suas mãos: é queo general que se demitiu foi escolhido por Marcelo para Conselho Superior de Defesa, escreve a Leonete Botelho.
E ainda há Pedrógão, onde o Governo tenta corrigir a estratégia inicial. Costa regressou de férias apontando o dedo ao Governo anterior. E no meio de notícias como a de ontem do Paulo Pena (sobre os anos em que o SIRESP funcionou com contratos informais), pediu um estudo à Linklatters para saber se poderesponsabilizar o SIRESP pelas falhas em Pedrógão - o que não será fácil, como eu próprio tento explicar.

Outras notícias 

Há famílias a perder a casa para pagar créditos ao consumoA Rosa Soares explica-nos aqui sobre este esquema complexo, que envolve empresas que compram as casas pelo valor das dívidas. A PGR recomenda às vítimas o recurso aos tribunais, através do Ministério Público. O Banco de Portugal também reconhece que há actividades ilegais e apela à queixa. Mas a empresa nega qualquer ilegalidade. O melhor é ler, para estar informado.
As taxas nos aeroportos de Lisboa e Porto sobem em Outubro. O pretexto da ANA é o atraso na entrada em vigor do tarifário para 2017 e erros de estimativa de tráfego anual, conta o Jornal de Negócios.
O Fisco fez 1000 auditorias forenses para o Ministério Público. Só em 2016, o departamento que tem em mãos megaprocessos como a Operação Marquês ou o caso BES fez 600 pedidos à Autoridade Tributária.
O novo mecanismo de apoio às artes nasce não é pacífico. O anteprojecto do Governo aponta para três modalidades de apoio, mas já está a merecer críticas no meio cultural, conta o Sérgio C. Andrade.

P2. Leituras a não perder

1. A minha família teve uma escrava. Eudocia Tomas Pulido foi levada das Filipinas para os Estados Unidos na década de 1950 para servir os Tizon. Ao longo de 56 anos fez o papel de mãe, pai, irmã. Sobretudo de criada. Nunca recebeu um tostão. Alex Tizon, jornalista premiado, escreveu a história de Lola, que é também a sua. Vá por mim, se só tiver tempo para ler hoje um texto longo, este é o texto.
2. Nada será como antes, nem será como está. "Negar isso é permitir que a escalada de violência aumente e os radicalismos vençam os ideais democráticos. A ideia de segurança total, a crise dos refugiados, o renascer de nacionalismos e o extremismo de direita são questões globais que devem ser discutidas quebrando amarras, defende Aamir Mufti, 57 anos, antropólogo, crítico pós-colonialista. Numa entrevista exclusiva à Isabel Lucas, Mufti acusa a UE de estar a falhar nos seus objectivos e de a esquerda estar “perdida”. Tudo enquanto se fixa no estudo do extremismo de direita nos EUA, onde se está a criar uma ideia imaginária de Europa.
3. O coleccionador de papéis que se fez guardião das memórias da terra. Acumula documentos há mais de 50 anos como se enchesse uma bóia para salvar a sua terra mineira de São Pedro da Cova do esquecimento. Serafim Gesta Mazola fintou o destino de trabalhador no subsolo, mas dedicou uma vida a dar-lhe luz. A Mariana Correia Pinto deu-lhe, neste texto, nova vida - e o Manuel Roberto traçou o retrato deste historiador amador. 

Já chega?

Por mim, continuava. A mostrar-lhe como foi bom passar pelo NOS Alive, onde a revolução passou pelo palco menos previsível. Ou a dar-lhe ideias para Fugas inspiradoras, suspirando pela próxima. Ou simplesmente a falar-lhe de beijos, aqueles que nunca mais esquecemos
O que importa é que a semana comece bem - e é isso que lhe desejo. Um dia produtivo, mas sobretudo de coração cheio. Encontramo-nos por aqui, sempre que quiser. Mesmo no meio de tempestades.
Até já!

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